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sábado, 1 de outubro de 2016

“PORQUE ANDRÉ LUIZ FICOU OITO ANOS NO UMBRAL?”

Em Nosso Lar é narrada a passagem de André Luiz pelo umbral. Ele ficou oito anos no umbral e foi chamado, por outros espíritos, de suicida.
Depreende-se do livro que ele era considerado suicida inconsciente, pois, mesmo sem o propósito de tirar a própria vida, teve a vida encurtada pela falta de cuidado com a saúde. O livro deixa perceber que ele era dado aos prazeres.
A partir disso, alguns acham que ele bebia muito, ou que fumava e bebia, ou que bebia e comia muito, ou que, além dessas coisas, era chegado ao meretrício. Talvez de tudo um pouco, pois tudo isso era plenamente aceitável para os padrões sociais da época.
Seja como for, ao longo da série é possível perceber que André Luiz era mais do que um simples homem do seu tempo, e se não demonstrou isso quando encarnado, sua vida deve ter sido frustrante.
Fica claro, pra mim, que André Luiz ficou oito anos no umbral principalmente pelo vazio em que transformou a sua passagem pela matéria, desperdiçando as oportunidades recebidas. Nascido num lar de classe média, tendo recebido boa educação e bons estudos, fez da sua vida uma vidinha comum, sem emoções ou sobressaltos, sem nada de realmente construtivo e útil.
A julgar pela sua inteligência e boa vontade demonstrados nas suas narrações, teria muito o que oferecer aos que conviveram com ele.
É isso o que a maioria de nós faz. Quase todos recebemos boas oportunidades. Mesmo as dificuldades enfrentadas são às vezes grandes vantagens, por nos proporcionar ver as coisas por ângulos diferentes, por forjar o nosso caráter e por nos proteger de facilidades que nos enfraqueceriam o aspecto moral.
E o que fazemos das oportunidades recebidas? O que oferecemos de nós mesmos aos outros? Mal cuidamos da família, às vezes nem da família, ou nem de nós mesmos… E temos as velhas desculpas da incompreensão, ou da pobreza, ou da falta de apoio, ou da falta de condições ideais.
Não é pra isso que reencarnamos. Não é pra nos arrastarmos cheios de queixumes e revoltas que recebemos a dádiva preciosa da reencarnação. Não é pra passar contando os dias para que o domingo chegue pra desmaiar em frente à televisão que nós ganhamos a oportunidade de um novo corpo físico.
Temos muito o que fazer, temos muito a oferecer, a contribuir, a dar de nós mesmos. E a aprender, e a ensinar, e a amar e perdoar. E compreender, e crescer e ajudar a crescer. É possível. Tudo isso é possível. E não é tão difícil quanto possa parecer a quem nunca tentou. Nascemos bebês, moles e frágeis, e um dia temos que tentar nos equilibrar sobre as pernas, e dar um passinho à frente do outro. É um grande desafio, que nós só conseguimos porque tentamos.
Não sei o que André Luiz fez ou deixou de fazer com o seu corpo. Eu acho, particularmente, que devemos ter o máximo cuidado com o corpo, que é o nosso veículo de manifestação na matéria. Mas tenho certeza de que se ele tivesse tido uma vida mais plena e construtiva e útil, sua passagem pelo umbral teria sido bem mais curta.


Fonte: Espírito Imortal 

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

“PORQUE OS ESPÍRITAS NÃO TEMEM A MORTE”

As questões 941 e 942 do O Livro dos Espíritos falam sobre a preocupação com morte que invade o íntimo da criatura. Inclusive os Espíritos colocam na resposta que ela existe porque o homem não acredita no futuro e também a ideia do Céu e um Inferno que os atormenta.
Posteriormente Allan Kardec aprofunda essas respostas na obra O Céu e o Inferno – capítulo 2º da 1ª parte Temor da Morte.
Causas do Temor da Morte           
Este temor é um efeito da sabedoria divina e uma consequência do instinto de conservação comum a todos os viventes. Ele é necessário enquanto não se está suficientemente esclarecido sobre a vida futura - a vida espiritual - assim é que nos povos primitivos o futuro é uma vaga intuição e esse temor é providencial.
À proporção que o homem compreende melhor a vida futura dá-lhe uma compreensão maior e ele aguarda serenamente esse instante natural para todos nós.
A compreensão errada da vida futura do que o aguarda no mundo espiritual é o que mais o apavora. Em primeiro lugar a morte é apresentada como castigo, o fim de tudo, o quadro apresentado pelas religiões sobre o Inferno e as Penas Eternas, são realmente difíceis de aceitar, mesmo pelos religiosos. Quanto ir para o Céu, quase ninguém admite possuir as condições necessárias. Para aqueles que nada creem percebem aterrorizados que tudo que constituíram laços de família, sentimentos, afeições, trabalhos, entes querido desaparecem e isso faz com que o temor da morte aumente com a vinda da velhice.
A doutrina espírita transforma completamente a perspectiva do futuro. A vida futura deixa de ser uma hipótese para ser realidade.
O estado das almas depois da morte não é mais um sistema, porem um resultado de observação. Ergueu-se o véu; o mundo espiritual aparece-nos na plenitude da sua realidade prática; não foram os homens que a descobriram pelo esforço de uma concepção engenhosa, são os próprios habitantes desse mundo que nos vem descrever a sua situação; aí os vemos de todos os graus da escala da vida espiritual, em todas as fases da felicidade ou da desgraça, assistindo enfim, a todas as peripécias da vida de além tumulo. Eis aí porque os espíritas encaram a morte calmamente e se revestem de
serenidade nos seus últimos momentos sobre a terra.
Já não é só a esperança, mas a certeza que o conforta; sabem que a vida futura é a continuação da vida terrena em melhores condições e aguardam-na com a mesma confiança que aguardariam o despontar do sol após uma noite de tempestade. Os motivos desta confiança decorrem, outrossim, dos fatos testemunhados e da concordância desses fatos com a lógica, com a justiça e palavra de Deus, correspondendo às íntimas aspirações da humanidade.
Para os espíritas, a alma não é uma abstração; ela tem um corpo etéreo que a define ao pensamento, o que muito é para fixar as ideias sobre a sua individualidade, aptidões e percepções.
As lembranças dos que nos são caros repousa sobre alguma coisa real. Não se nos apresentam mais como chamas fugitivas que nada falam ao pensamento, porém sob uma forma concreta que antes no-los mostra como seres viventes.
Além, disso, em vez de perdidos nas profundezas do Espaço, estão ao redor de nós; o mundo corporal e o mundo espiritual identificam-se mutuamente.
Não mais permissível é a duvida sobre o futuro, desaparece o temor da morte; encara-se a sua aproximação a sangue frio, como quem aguarda a libertação pela porta da vida e não do nada.

Trecho do livro:

“O céu e o inferno “ de Allan Kardec

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

"VIVER E MORRER"

Tudo o que vive, morre… e tudo o que morre, renasce.
O nascimento também é uma morte: a morte da condição do útero. A infância é a morte do bebe. A adolescência é a morte da criança... É quando chega a puberdade e outras transformações. A idade adulta é a morte da juventude, seus prazeres, sua revolta, seus sonhos, seu despojamento. A velhice é a morte da idade adulta. A morte do corpo físico é o fim da vida e o início de uma outra forma de vida ainda incompreensível para nós.
A morte não é um fim, mas sempre uma transição, seja no sentido orgânico, seja no sentido emocional, seja no sentido da ascese. Deixar o passado morrer é essencial para que o nascimento possa ocorrer no presente. Há sempre uma morte e um nascimento ocorrendo a todo momento. Cada expiração é uma morte e cada inspiração é um nascimento que consolida a continuidade da vida no corpo físico. Nossas células morrem a cada segundo, fazendo outras nascerem e garantindo a perpetuação do existir orgânico. Em sete anos todas as células do nosso organismo já morreram e renasceram. Você já é completamente outro, apesar de ser a mesma pessoa.
A semente morre para deixar que a plantinha nasça. A lagarta morre para fazer nascer a borboleta. Os idosos morrem para dar lugar aos mais jovens. A primavera morre para dar lugar ao verão; o verão dá lugar ao outono e o outono morre e logo vem o frio do inverno. O inverno também morre, para abrir espaço a uma nova primavera. A fruta morre e cai da árvore, para que suas sementes façam brotar uma nova árvore. Tudo morre para dar lugar a outra coisa. Tudo acaba para que algo possa não acabar. O fim chega para que um novo início possa acontecer. A vida se perpetua num constante morrer e renascer, finalizar e recomeçar, esgotar e renovar, perecer e novamente brotar.
A morte de um ente querido ou alguém que muito amamos pode também provocar uma morte interior, uma morte emocional, bastante difícil de superar. Essa morte nos obriga a rever nossa vida e a renascer, caso se queira manter nossa saúde mental e psíquica. A morte de um relacionamento também pode nos fazer morrer um pouco por dentro. A separação é uma morte terrível para muitos. A saída de um filho de casa é outra forma de morrer. Essa morte interna pode ser mais ou menos devastadora dependendo do grau de afeto, valor ou vitalidade que doamos ao outro, ao relacionamento ou a algum desejo, sonho ou situação. Vivemos 30 anos com o outro, e quando ele parte, não conseguimos mais viver. Nossa vida estava tão atrelada a vida do outro que morremos um pouco quando nosso relacionamento morre. O abandono é outra forma de morte, quando somos rejeitados por outra pessoa. A expectativa e a frustração é outra forma de morrer. É preciso entender que toda morte traz sempre uma possibilidade de vida nova… e não um fim, um encerramento de algo.
Morrer é terminar uma coisa e iniciar outra. Morrer é deixar o passado e fazer nascer o presente, o agora, em nossa existência. Morrer é decretar o fim de uma fase de nossa vida e abrir o coração para o surgimento do diferente, da novidade, da renovação, da revisão, da vida em um outro nível de sentir, pensar e existir.
Se você vai morrer ou renascer depende sempre para que lado você vai olhar. Você pode lançar os holofotes para o que foi, para o que já morreu… e morrer junto com o que não existe mais. Ou então você pode deixar o sol bater sobre o novo, sobre o espaço aberto pela morte; lançar o olhar sobre o que vem, sobre o que se abre, sobre o inédito, sobre o desconhecido que tanto tememos, sobre a regeneração de nós mesmos.
Você já morreu muitas vezes e renasceu em todas elas. Morre apenas quem fica preso ao que passou. Morre quem não quer largar o antigo... E vive aquele que sabe deixar passar o que, em verdade, já foi. Morre aquele que não quer largar o que tem que acabar… Morre quem não admite perder o que já não mais se possui, ou talvez nunca tenha possuído.
Dessa forma, morra e deixe morrer… No entanto, siga o fluxo da vida, desapegue-se, desprenda-se, solte o que já foi… E deixe sua vida renascer.

(Hugo Lapa)

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

“QUANDO DESENCARNAMOS, ENCONTRAMOS OS ENTES QUERIDOS IMEDIATAMENTE”?

A alma, ao atravessar o portal do túmulo, geralmente encontra os que lhe foram caros na Terra, bem como aqueles que a guiaram nos roteiros espirituais; no entanto, nem sempre isso acontece, devido a sua posição na escala espiritual. Compete a cada criatura trabalhar no seu aperfeiçoamento enquanto encarnada, aliviando o seu fardo e clareando sua mente para ter a felicidade de encontrar os seus parentes e amigos no limiar do túmulo. Por outro lado, nem sempre os seus parentes estão preparados para assistir a sua desencarnação e dar-lhe assistência. Tudo é relativo, na pauta da vida a que nos submetemos viver, mas, quando os que se foram antes estão bem postos no mundo dos Espíritos e os que desencarnam estão bem em consciência, eis que é uma festa de luz, onde o coração manifesta toda a alegria, com a evolução da própria vida.
Procuremos, pois, conhecer a Nosso Senhor Jesus Cristo, por ser Ele o caminho por onde encontramos as maiores alegrias da vida. Ele é a porta por onde nunca erramos as diretrizes que nos levam à paz. Ele é a verdade que sempre nos liberta da ignorância com todos os seus aspectos de infortúnios.
Podemos rever os nossos parentes e amigos que já passaram para o mundo dos Espíritos, sendo que, dos mais elevados, recebemos a ajuda para nos fortalecer, e aos mais infortunados prestamos auxílio, mesmo que eles não nos vejam.
Deus, a Bondade Absoluta, proporciona segurança a todos os Seus filhos. Criou o Senhor o Sol que sustenta a vida na Terra e mesmo em alguns planos do Espírito; no entanto, criou igualmente filtros para abrandarem a luz, de modo que ela não nos causasse danos nas condições de Espíritos ainda necessitados. Toda a natureza carrega consigo defesas que o amor de Deus sustenta, para que a vida vibre com todo o seu fulgor e harmonia.
No plano do Espírito, as defesas são as mesmas: somente recebemos o que merecemos. A justiça rege o universo, sustentando a paz em todos os ângulos. As criaturas recebem, do amor do Criador, a misericórdia capaz de aliviar todos os que sofrem, dotando-os de esperança rumo ao futuro. A nossa alegria é grandiosa ao atravessarmos o túmulo e encontrarmos do outro lado os nossos entes queridos nos esperando com ansiedade, para nos transmitir as lições sublimes de todas as suas experiências no mundo da verdade. Esse aconchego nos dá mais vida e faz crescer sobremodo a esperança, de sorte que as promessas crescem para o futuro, por reconhecermos que a morte não existe, que somente a vida brilha em todos os sentidos do Universo. A Doutrina dos Espíritos é um coadjuvante desta felicidade. Essa escola muito ajuda a alma na transição da Terra para o mundo dos Espíritos.
Não percas tempo, meu irmão. Procura melhorar, melhorando-te por dentro, corrigindo faltas e aprimorando ideias, iluminando sentimentos e trabalhando no bem comum, para que, no momento da mudança da Terra para o mundo espiritual, sejas iluminado e possas encontrar todos os companheiros que já regressaram e que estão em condições festejar a tua vitória.


Filosofia Espírita - Comentário de Miramez sobre a questão 0160 do Livro dos Espíritos.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

"JESUS..OBSIDIADOS E OBSESSORES"

Estava em Sinagoga, em Jerusalém, um homem possuído por um Espírito atrasado que bradou, em voz alta, à vista de Jesus:
— Ora, que importa a nós e a ti, Jesus de Nazaré, o que este sofre? Vieste a perder-nos? Eu sei que és o enviado de Deus.
Jesus repreendeu-o, dizendo:
— Cala-te e sai dele.
E tendo-o lançado por terra no meio de todos, o desencarnado saiu dele sem tê-lo magoado. Todos ficaram admirados, e perguntaram uns aos outros:
— Que palavra é essa, pois com autoridade e poder ordena aos Espíritos atrasados e eles saem?
E por todos os lugares da circunvizinhança divulga-se sua fama. (Lucas, 4:31-37 - tradução direta do original grego).
Como lhe era de hábito, nos sábados, Jesus visitava a Sinagoga. Não esclarecem os textos se os discípulos o acompanhavam; entretanto, a tradição afirma que ele se fazia acompanhar de alguns de seus seguidores mais chegados, a exemplo de Pedro, André, Tiago e João. Na Sinagoga era costume convidarem-se os visitantes e assistentes a falar, o que muito contribuiu para que o Mestre, vez que outra, usasse da palavra, pregando, àquela gente envolvida pela ortodoxia escriturística, a BOA NOVA, plena de conceitos e valores realmente revolucionários.
O evangelista Marcos destaca a admiração dos circunstantes pela autoridade com que Jesus se expressava, não exatamente como os escribas (os intelectuais da época), que, de ordinário, levavam, ao cenáculo da Sinagoga, seus comentários devidamente decorados. Os frequentadores do Templo estavam, pois, acostumados a ouvir as arengas dos escribas, recheadas de sentenças adredemente elaboradas, distanciadas, pois, de qualquer senso crítico. A palavra de Jesus diferia, em tudo, dessa postura. Ela era toda feita de interpretações vivas e palpitantes, elaboradas à luz da maravilhosa análise dos caracteres humanos. Jesus, na realidade, desceu aos labirintos da alma e de lá exumou as suas mazelas, os seus traumas, os seus mais recônditos sentimentos, e, debruçado sobre eles, elaborou o mais notável Código de Ética jamais concebido.
Jesus defrontou-se com o obsessor no Templo, apenas lhe impõe silêncio e o desliga do obsidiado, pondo em prática a mais estranha e fantástica técnica de desobsessão jamais, em tempos posteriores, igualada. O ato de desligamento provoca violenta agitação, e a perspectiva da separação (já se estabelecera, provavelmente, uma estranha simbiose entre subjugado e subjugador), causa, no subjugado, forte reação, e ele grita!
O que aconteceu na Sinagoga, ante os olhares espantados dos seus frequentadores, que, na verdade, não estavam entendendo nada, ocorre, guardadas as devidas proporções, nos recessos das casas espíritas que promovem sessões de desobsessão em que obsidiado e obsessor têm a oportunidade salutar e regeneradora de se enfrentarem, sob a égide de Espíritos superiores que se seguem, conquanto palidamente, a metodologia desobsessional do Mestre de Nazaré.
Lucas afirma que o subjugado foi lançado por terra, como se lhe faltasse o chão. Aliás, essa reação é natural em semelhante processo de desobsessão, aos moldes, por exemplo, de alguns casos relatados por Allan Kardec, na Revue Spirite.
É evidente que a fama de Jesus se espalhou por todos os recantos da Judéia. diziam, as boas e as más línguas, que Jesus de Nazaré era senhor de forças notáveis, acima do comum dos homens. O resultado dessa fama inesperada é que muita gente passa a procurar o Mestre, levando seus enfermos e obsidiados à sua presença. Ele atendia a todos, indistintamente, com o mesmo empenho e benevolência. 
O obsidiado de Gerasa 
Mateus (8:28-35), Marcos (5:1-20) e Lucas (8:26-39) referem-se ao famoso episódio de Gerasa, em que Jesus topou com uma legião de Espíritos inferiores que subjugavam um pobre coitado da região.
A iniciativa de ação pertence ao subjugado, que Mateus afirma terem sido dois:
Tendo ele - Jesus - chegado à outra margem, à terra dos gerasenos, vieram-lhe ao encontro dois obsidiados em extremo, furiosos.
É provável que tenham sido dois, embora um deles fosse o célebre louco violento e o outro apenas uma espécie de comparsa, que não chegou a chamar a atenção dos demais evangelistas.
Marcos apresenta maiores dados do episódio que ouvira dos lábios de Pedro, testemunha ocular:
— Quando Jesus desembarcou, veio logo ao seu encontro, dos túmulos, um homem obsidiado por Espírito não purificado o qual morava nas sepulturas e nem mesmo com cadeias podiam alguém segurá-lo.
Ao vê-lo vir a si, Jesus ordena, energicamente, que abandone a sua presa, chamando-o Espírito não-purificado (pneuma akátharton), ou seja inferior. O obsessor vocifera, blasfema, irrita-se! Jesus pergunta-lhe o nome, ao que o Espírito responde legião, o que é o mesmo que falange. Não quer dizer, porém, segundo pretendem alguns comentaristas, que se tratava, efetivamente, de 300 Espíritos (número de que se compunha uma legião de soldados romanos), mas apenas, como explica o obsessor incorporado, porque somos muitos.
Ainda segundo Marcos, o obsessor pede que não seja mandada a falange para fora do território: e, segundo Lucas, que não a mande para o abismo! 
Por que Jesus não doutrinava os obsessores?
Jesus, realmente, não se preocupou em doutrinar essa falange ou legião de obsessores, como, aliás, nenhum outro Espírito mau que foi por Ele afastado. Ou as entidades espirituais superiores se encarregavam disso, ou esses obsessores eram ainda tão involuídos que não adiantava doutrinação e se devia aguardar um pouco mais de evolução para que pudessem compreender a necessidade de corrigir-se.
Os obsessores de Gerasa estavam justamente nessa situação, e não poderiam entender qualquer tipo de providência desobsessional, senão aquela posta em prática pelo Mestre de Nazaré.
Após o acontecimento, os moradores de Gerasa correram até o local do histórico episódio e viram, sentado aos pés de Jesus, o ex-obsidiado, risonho, feliz, em seu juízo perfeito, ele que, antes, tanto pânico vivia a causar na região e que por todos era bem conhecido.
No momento em que Jesus se prepara para partir daquele lugar, o ex-obsidiado solicita-lhe lugar entre os discípulos. Sem dar os motivos, o Mestre recusa mantê-lo a seu lado, mas nem por isso deixa de lhe confiar tarefa de significativa responsabilidade: a pregação, sobretudo pelo exemplo! Humildemente, o ex-obsidiado aceita a tarefa. Sabe-se, mais tarde, que ele passou a percorrer a região da Decápole falando dos maravilhosos poderes de Jesus.
Carlos Bernardo Loureiro

(Jornal Verdade e Luz Nº 193 Fevereiro de 2002)

𝗖𝗢𝗠𝗢 𝗢𝗦 𝗥𝗘𝗟𝗔𝗖𝗜𝗢𝗡𝗔𝗠𝗘𝗡𝗧𝗢𝗦 𝗙𝗜𝗖𝗔𝗠 𝗔𝗧𝗥𝗘𝗟𝗔𝗗𝗢𝗦 𝗡𝗔𝗦 𝗥𝗘𝗘𝗡𝗖𝗔𝗥𝗡𝗔𝗖̧𝗢̃𝗘𝗦.

Os ajustes dos relacionamentos problemáticos de outras existências. Pelas reencarnações os espíritos têm a oportunidade de reestabelecer os ...