Ante as dificuldades do cotidiano, exerçamos a paciência,
não apenas em auxílio aos outros, mas igualmente a favor de nós mesmos.
Desejamos referir-nos, sobretudo, ao sofrimento inútil da
tensão mental que nos inclina à enfermidade e nos aniquila valiosas
oportunidades de serviço.
No passado e no presente, instrutores do espírito e médicos
do corpo combatem a ansiedade como sendo um dos piores corrosivos da alma. De
nossa parte, é justo colaboremos com eles, a benefício próprio, imunizando-nos
contra essa nuvem da imaginação que nos atormenta sem proveito, ameaçando-nos a
organização emotiva.
Aceitemos a hora difícil com a paz do aluno honesto, que deu
o melhor de si, no estudo da lição, de modo a comparecer diante da prova,
evidenciando consciência tranquila.
Se o nosso caminho tem as marcas do dever cumprido, a
inquietação nos visita a casa íntima na condição do malfeitor decidido a
subvertê-la ou dilapidá-la; e assim como é forçoso defender a atmosfera do lar
contra a invasão de agentes destrutivos, é indispensável policiar o âmbito de
nossos pensamentos, assegurando-lhes a serenidade necessária...
Tensão à face de possíveis acontecimentos lamentáveis é
facilitar-lhes a eclosão, de vez que a idéia voltada para o mal é contribuição
para que o mal aconteça; e tensão à frente de sucessos menos felizes é
dificultar a ação regenerativa do bem, necessário ao reajuste das energias que
desastres ou erros hajam desperdiçado.
Analisemos desapaixonadamente os prejuízos que as nossas
preocupações injustificáveis causam aos outros e a nós mesmos, e evitemos
semelhante desgaste empregando em trabalho nobilitante os minutos ou as horas
que, muita vez, inadvertidamente, reservamos à aflição vazia.
Lembremo-nos de que as Leis Divinas, através dos processos
de ação visível e invisível da natureza, a todos nos tratam em bases de
equilíbrio, entregando-nos a elas, entre as necessidade do aperfeiçoamento e os
desafios do progresso, com a lógica de quem sabe que tensão não substitui
esforço construtivo, ante os problemas naturais do caminho. E façamos isso, não
apenas por amor aos que nos cercam, mas também a fim de proteger-nos contra a
hora da ansiedade que nasce e cresce de nossa invigilância para asfixiar-nos a
alma ou arrasar-nos o tempo sem qualquer razão de ser.
Francisco Cândido Xavier. Da obra: Encontro marcado.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.
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