Não se conduzindo pelas estradas retas do dever, nenhum de
nós, seres humanos, poderemos acusar ninguém, muito menos a Deus, de nos ter
abandonado ou nos ter condenado ao sofrimento.
A vigilância superior está sempre a postos e conhece sempre
os nossos mais íntimos desejos e intenções.
Quando pararmos de nos enganar ou de tentar arrumar
justificativas posteriores para embasar nossas atitudes impetuosas, estaremos
em melhor sintonia com nossos amigos superiores que tanto desejam impedir que
fraudemos a nova oportunidade de viver.
Assim, caro leitor, não se engane invocando a possibilidade
de realizar um sonho, se esse sonho ferir alguém. Não se desculpem com a
irresponsável alegação interrogativa de que “todo mundo faz isso”, por que eu
também não posso fazer? Se a sua conduta molestar ou fizer sofrer, se criar
embaraço ou dor, se alguém perder por causa do exercício da sua voluntariedade,
estejam certos de que a Justiça Divina os alcançará, mesmo depois de muitos
anos de sucesso e de vida faustosa.
Em tudo o que pensarem fazer, considerem, antes, se da sua
atitude deliberada redundará o prejuízo para alguém. A dor que se sabe poder
evitar, o prejuízo de outrem que nós produzamos pelo exercício de nossas
ambições, de nossos desejos na alucinada corrida pela sobrevivência,
representará tragédia anunciada em nosso próprio horizonte.
Por esse motivo, Jesus alertava sempre sobre aqueles que
pretendiam viver para ganhar a vida.
Todos os que só pensam em sucesso profissional, em
conquistas materiais, em progredir a qualquer custo, os que desejarem ser
admirados pelo acúmulo de suas riquezas e pela ampliação de poderes para
exaltação de seu orgulho, de sua vaidade ou para, disso fazerem arma com a qual
firam a miséria, a incapacidade de seus semelhantes, que produzam mais inveja
do que respeito e admiração, mais ódio do que gratidão espontânea, que se finja
de bons para conquistarem postos transitórios, que trombeteiem os atos
generosos para pedir votos, todos estes se enquadram na afirmativa de Jesus:
“Aquele que desejar ganhar a própria vida, este a terá
perdido”.
Este egoísta e oportunista, que reduziu a vida a uma luta
ferrenha pelo realce social, pelo soerguimento de uma vaidade tola, uma faustosa
ou uma mesquinha sovinice, este que se felicita a si mesmo, que se orgulha de
si por estar dirigindo um monte de lata pelas quais pagou mais do que o preço
de uma casa, pelo simples prazer de andar em um carro de luxo, por estar
vivendo na loucura e na alucinação da inutilidade, este, como disse Jesus, terá
Perdido a própria vida.
No entanto, afirma o Divino Mestre, todo aquele que por amor
a Deus perderem a própria vida, estes a terão ganho.
Todos os que aceitarem os caminhos da luta honesta, do
sacrifício de suas ambições para que mais semelhantes sejam detentores do
mínimo necessário ou de algumas alegrias a mais; todos os que se fizerem
defensores da ética em suas posturas, sacrificando seus interesses em favor da
justiça e da verdade, todos aqueles que se recusarem a ser peso morto na folha
de pagamento dos governos, apenas para ganharem sem trabalhar, como roedores de
carne dos velhos que morrem sem recursos, das crianças que perecem de fome por
falta de merenda; todos os que entenderem que viver e algo que pede a
consciência tranquila acima dos bolsos cheios ou do dinheiro no banco ; todos
aqueles que não se deixarem levar pelas leviandades da maioria, mas escolherem
seus caminhos com base nas orientações seguras do Evangelho, onde não há espaço
para furtar o próximo, nem desculpas para o crime que se comete em nome da
ambição ou da guerra social, onde não há complacência com o mal, ainda que se
busque ajudar o maldoso, este que entendeu tudo isto e que por causa de seus conceitos,
não estará no píncaro das reverências da sociedade, não estará vestido de
púrpura nem poderá ocupar lugar de destaque, não terá recursos para desperdiçar
em veículos que custam o dinheiro que uma vida de trabalho honesto de muitos
semelhantes não conseguem ganhar, este que tudo fez para ajudar a quem
necessitava, que todos serviu por amor sem desejar nada em troca; este será um
perdedor aos olhos do mundo mesquinho e injusto, que enaltece traficantes
ricos, usurpadores violentos, dissolutos e sexólatras poderosos.
No entanto, no conceito do Evangelho, Jesus sabiamente
afirma: Todo aquele que por minha causa perder a própria vida, este a terá
ganho.
Terá vivido e aproveitado todas as lições para se tornar um
Espírito melhor, livre da impurezas, dos defeitos que acumulara em sua
trajetória evolutiva.
"ANDRÉ LUIZ RUIZ" Pelo Espirito
"Lucius
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