Os
interesses recalcados, as aspirações frustradas, os tormentos íntimos,
complexos, mal conduzidos dormem temporariamente no inconsciente do homem e
assomam quando emoções de qualquer porte fazem-no desbordar, facultando o
predomínio de conflitos em formas perturbadoras, gerando neuroses que se
incorporam à personalidade, inquietando-a.
Da mesma
forma os ideais de enobrecimento, os anelos de beleza, o hábito das emoções
elevadas, a mentalização de planos superiores, as aquisições e lutas humanistas
repousam nos departamentos da subconsciência, acordando, frequentemente, e
produzindo euforia, emulações no homem, ajudando-o o seu programa de paz
interior e de realizações externas.
O homem é
sempre aquilo que armazena consciente ou inconscientemente nos complexos
mecanismos da mente.
Quando se dá
o parcial desprendimento da alma através do sono natural, açodado pelos desejos
e paixões que erguem ou envilecem, liberam-se as memórias arquivadas que o
assaltam, em formas variadas de sonhos nos quais se vê envolvido.
Permanecem
nesse capítulo os estados oníricos da catalogação freudiana, em que as fixações
de ordem sexual assumem expressões de realidade, dominando os múltiplos setores
psíquicos da personalidade.
Além deles,
há os que decorrem dos fenômenos digestivos, das intoxicações de múltipla ordem
por consequência dos estados alucinatórios momentâneos, que produzem.
Concomitantemente,
em decorrência do cultivo de ideias deprimentes ou das otimistas, a alma em
liberdade relativa sente-se atraída pelos locais que lhe são inacessíveis,
enquanto na lucidez corpórea e fortemente arrastada por esse anseio de
realização desloca-se do envoltório físico e visita aqueles com os quais se
compraz e onde se sente feliz. Disso decorrem encontros agradáveis ou desditosos
em que adquire informes sobre ocorrências futuras, esclarecimentos valiosos,
ou, conforme o campo de interesse que cada qual prefira, experimenta as
sensações animalizantes, frui, em agonia, as taças vinagrosas dos desejos
inconfessáveis, continuando o comércio psíquico com Entidades vulgares,
perversas ou irresponsáveis que se lhe vinculam ao pensamento, dando origem a
longos e rudes processos obsessivos de curso demorado e de difícil liberação.
Nos estados
de desprendimento pelo sono natural, a alma pode recordar o seu pretérito e
tomar conhecimento de seu futuro, fixando essas impressões que assumem a forma
de sonhos nos quais as reminiscências do ontem, nem sempre claras, produzem
singulares emoções. Outrossim, a visão do porvir, as revelações que haure no
intercâmbio com os desencarnados manifestam-se como positivos sonhos
premonitórios de ocorrência cotidiana.
Quanto mais
depurada a alma, possibilidades mais amplas depara, sucedendo no sentido
inverso, pelo seu embrutecimento e materialização, os desagradáveis e
perturbadores sucessos na esfera dos sonhos.
Multiplicam-se
e perpassam em todas as direções ondas mentais, que percorrem distancias
imensas, sintonizando com outras que lhe são afins e que buscam intercâmbio.
Em
decorrência, pouco importa o espaço físico que separa os homens, desde que
estes intercambiam mentalmente na faixa das aspirações, interesses e gostos que
os caracterizam e associam...
Quando dorme
o corpo, não adormece o Espírito, exceto quando profundas as libertações e
anestesiamentos íntimos lhe perturbam os centros da lucidez.
Automaticamente,
inconscientemente, libera-se do corpo e arroja-se aos recintos que o agradam,
porque anseia e de que supõe necessitar...
Quando,
porém, se exercita nos programas renovadores e preserva os relevantes fatores
da dignificação humana, sutilizam-se as suas vibrações, sintonizando nas ondas
que o erguem às esferas da Paz e da Esperança, onde os Seres ditosos,
encarregados dos labores excelentes dos homens, facultam que se mantenham
diálogos, recebendo recursos terapêuticos e lições que se incorporam à
individualidade, indelevelmente...
Nas esferas
dos sonhos - nos Círculos Espirituais elevados ou nos tormentosos conforme a
preferência individual - se engendram muitas, incontáveis programações para o
futuro humano, nascendo ali ou se corporificando, quando já existentes, os eloquentes
capítulos das vidas em santificação, como as tragédias, os vandalismos, as
desditosa inomináveis...
Vive no
corpo físico considerando a possibilidade da desencarnação sem aviso prévio.
Cada noite
em que adormeces, experimentas um fenômeno consentâneo ao da morte.
Dormir é
morrer momentaneamente. Desse sono logo retornas, porque não se te desatam os
liames que fixam o Espírito ao corpo.
Podes,
porém, pelas ocorrências que experimentas na esfera dos sonhos, ter uma ideia do que te sucederá nos Círculos da
Vida, após o desenlace definitivo.
Por tal
imperativo, aprimora-te, eleva-te, supera-te, mediante o exercício dos
pensamentos salutares e das realizações edificantes.
Não apenas
fruirás de paz por decorrência da consciência reta, como te prepararás para a
vida real, porquanto, examinada do Angulo imortalista, o homem na Terra, se
encontra numa esfera de sonhos, que normalmente, transforma, por invigilância
ou rebeldia, em desditoso pesadelo.
Autor:
Joanna de Ângelis
Psicografia
de Divaldo Franco. Do livro: Leis morais da Vida
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