Caso interessante e bastante ilustrativo das consequências
da imprevidência de uns e da ganância de outros, foi o de um Pai
recém-desencarnado em hospital e que retornou para o ambiente doméstico,
atendendo aos automatismos mentais comuns nesses casos. Sem perceber que já
havia “morrido”, foi conduzido à reunião mediúnica e atendido dentro do quadro
que apresentou. Depois de apresentar-se sem grandes dificuldades pela
psicofonia de médium da equipe, passou a comentar o que sentia.
Deu a entender que achava que o ocorrido fora algo de
rotina. Uma ida ao hospital para atendimento aos males do corpo, próprios da
velhice e o retorno à residência.
Mostrava-se irritado e reclamava dos parentes que não o
cumprimentavam, passando por ele como se não o percebessem. Fato que ele tomava
como total e absoluto desrespeito pela sua pessoa e condição de “chefe de
família”.
Comentou que estivera sentado em sua cadeira preferida na
sala de sua casa, quando um familiar quase sentou-se sobre ele. Reclamou, mas
sem resultados, ficando ainda mais nervoso e irritado com a “falta de respeito”
dos parentes.
Aos Benfeitores Espirituais não é difícil conduzir
recém-desencarnados nesse estado de confusão mental para o ambiente das
sessões, já que não se tratam de pessoas voltadas para o mal ou cientes de sua
condição e que escolhem viver entre os seus.
Era apenas isso: um homem confundido pela morte inesperada e
sem grandes incômodos, ao ponto de retornar para sua casa, pensando viver a
vida de antes.
Depois de recebido com a atenção e o carinho que lhe foi
dispensado, manifestou seu desagrado quanto ao que acontecia em seu lar.
Devagar e com habilidade lhe foi sendo mostrado o novo cenário espiritual.
Continuou falando por algum tempo e demonstrou viva
inquietação pela preocupação de seus parentes mais próximos quanto aos bens que
tinha. Não entendia o porquê daquelas discussões sobre partilha já que estava
vivo. E de fato estava, mas não mais no mundo material onde deixara seus bens.
Quando entendeu o ocorrido, chorou pelo que via acontecer na
família. Não imaginava que houvessem disputas e atritos por causa de coisas
materiais. Lamentou não ter deixado esse assunto resolvido através de
testamento ou algo assim. Mas, disse não imaginar que isso pudesse acontecer,
daí sua despreocupação com o caso.
Foi orientado no sentido de deixar que os encarnados
resolvessem o caso dentro das leis terrenas que regulavam tais assuntos, e que
ele se ocupasse com sua nova vida, que poderia ser mais tranquila e mais feliz
de agora em diante.
Perguntou pelos parentes, sobre como ficariam sem ele. Foi
informado que nada mais poderia fazer, a não ser visitá-los e auxiliá-los
espiritualmente, quando estivesse restabelecido e pronto para isso. Até lá, era
conveniente deixar que Deus, o Pai de todos, se encarregasse de tudo através de
seus mensageiros.
Nesse momento ficou mais calmo, pois sendo homem religioso,
a referência a Deus lhe devolveu a fé e a tranquilidade.
Parentes já desencarnados se aproximaram e ele, surpreso e
feliz, foi encaminhado para novos ambientes da vida espiritual, já praticamente
desligado de suas preocupações com a vida que tivera na Terra.
Aceitara com facilidade as orientações e seu estado
moral-espiritual lhe permitiria uma recuperação relativamente rápida.
Esse acontecimento chamou a atenção dos membros da equipe
para um fato comum: a pouca preocupação dos encarnados com seus bens e
possíveis herdeiros, e a relação disso com as leis terrenas que regulam a
transferência de riquezas e bens de uns para outros. Sobretudo, com seus
possíveis reflexos na vida espiritual dos que deixam bens.
Mais ainda, a pouca preocupação com a própria desencarnação
e seu impacto e consequências sobre si mesmos e sobre aqueles que ficam, entes
queridos ou não. Todos vivem como se a morte não pudesse acontecer com eles,
apesar da realidade demonstrar que todos, independentemente da idade ou sexo,
estado de saúde, de riqueza ou miséria, posição social ou poderes terrenos,
estão sujeitos a esse fenômeno que é a única fatalidade na vida humana.
(Paulo R. Santos, in “CASOS E EXPERIÊNCIAS COM A MEDIUNIDADE”)
Nenhum comentário:
Postar um comentário