Atualmente vive-se o surgimento de novas doenças em uma
velocidade espantosa. Zika vírus, chikungunya e outros males preocupam a
sociedade. Alguns estudos apontam que o zika vírus tem relação com a
microcefalia, o que deixa muitos pais atônitos com a possibilidade de que seus
rebentos venham nascer portadores do mal acima citado.
Recentemente um colega, grávido de trigêmeos, lotou as
prateleiras de sua casa com repelentes para evitar que a esposa corresse o
perigo de ser picada pelo mosquito aedes aegypt, transmissor do zika. Pernas
pra que te quero e repelente no corpo, disse ele. Fato é que as novidades,
sejam em qualquer campo, causam curiosidade e, a priori, assustam, principalmente
as novidades que dizem respeito à saúde do corpo, algo que todos prezam tanto.
Estima-se que o ser humano acumula atualmente um novo
elemento patogênico por ano. E muitos fatores colaboram para isso. O homem
mudou seu estilo de vida, hoje interage muito mais com os animais em seus
ambientes, além das viagens internacionais, a globalização e, também, a criação
de animais exóticos, tudo isso e mais outros fatores geram condições para que
se desenvolvam novos elementos patogênicos.
Novas doenças, chance de o homem exercitar sua inteligência
Cada nova doença representa para o homem de ciência desafio
ao seu intelecto e oportunidade de progresso, pois deve ele – o homem de
ciência – entregar-se de corpo e alma ao estudo e pesquisa para oferecer à sociedade
uma resposta. E essa entrega o leva a novas descobertas, ou ao menos abre
caminho para que outros desbravem os horizontes da cura para os males do corpo.
Portanto, o trabalho duro em torno da cura de uma
determinada doença afia a inteligência daqueles que se debruçam em estudá-la e
os leva ao progresso. Como evoluiria o homem sem os desafios naturais que o
convidam a pular sempre mais alto? São nas aparentes adversidades que Deus vai
dando oportunidade para o crescimento de seus filhos.
Quando o tempo passa e olhamos para trás constatamos as
conquistas advindas daquele embate contra esta ou aquela patologia e entendemos
o salto que foi dado pelo ser humano a mostrar que mais uma etapa foi vencida.
Enfermidade educativa
Segundo o Espiritismo a Terra pertence à categoria de mundos
de provas e expiações. Habitantes de planetas deste nível já tiveram algum
progresso, basta observar os avanços, principalmente nas questões pertinentes à
ciência e tecnologia, entretanto o comportamento moral ainda atrasado demonstra
uma inferioridade que deve, naturalmente, ser vencida.
Uma das formas de vencer a inferioridade moral, claro que
não a única, é a provação por meio da enfermidade. A enfermidade não raro atua
como um freio e, também, como um meio para educar o indivíduo.
Um fumante inveterado recebe o alerta médico de que é
preciso parar com o vício, entretanto, faz ouvidos moucos. Então, pela lei de
causa e efeito colhe um problema em seus pulmões; problema este que o educará
mostrando que é necessário domar aquela inclinação ao tabaco. Seja este homem
um teimoso e prossiga com seu vício os apertos orgânicos serão ainda maiores a
imputar-lhe dores e sofrimento, não com o objetivo de puni-lo, mas com o único
intuito de fazê-lo compreender que o corpo físico é sagrado templo do espírito
imortal para suas vivências terrenas, logo, não pode ser massacrado pelo fumo.
Este homem lesará seu corpo espiritual e, por consequência
da lesão no perispírito seu corpo físico, em posterior existência (quando não
na mesma), apresentará alguns problemas decorrentes de seu vício de outrora.
Aprenderá, por meio dos dissabores que orientam, a tratar-se com o devido
respeito.
Perceba, porém, que este é apenas um dos infinitos exemplos
que podem ser citados para a ilustração de como a enfermidade tem o caráter de
educar, mas não o de punir.
Entretanto, para crescer pela dor e pelas enfermidades não
basta apenas estar portador delas, algo mais se faz necessário. É preciso ter resignação e aceitar a condição
temporária do estar portador desta ou daquela doença. Eis a grande questão. A
condição de enfermo é apenas temporária, jamais definitiva. Não somos zika,
estamos com zika, não somos HIV positivo, estamos com HIV positivo. Tudo passa,
e com as enfermidades não é diferente.
Jesus disse: A verdade liberta. Pois sim, conhecendo a
verdade, ou seja, que estamos num mundo de provas e expiações saberemos que as
aflições virão, mas é possível vencê-las.
Em O livro dos Espíritos Allan Kardec indaga aos mentores se
podemos vencer as provações da existência. A resposta é clara. Dizem os sábios
espirituais que podemos vencer qualquer desafio, mas é imperioso o esforço. E
informam que poucos empenham-se para vencer os desafios. Uma mensagem repleta
de otimista a dizer-nos:
Vão em frente, cresçam, prossigam, depende de vocês!
E nascemos para vencer e não para perder.
E as indagações, como não poderia deixar de ser na busca
pela verdade, sucedem-se: Por que o homem está submetido a antigas e novas
formas de doença? Por que alguns adoecem com mais facilidade do que outros?
Perguntas interessantes, mas que só terão resposta
satisfatória quando analisadas sob o prisma da imortalidade da alma.
Submetido está a antigas e novas doenças porque vive num
mundo de provas e expiações, em que por conta de seu pouco desenvolvimento
moral ainda encontra-se subordinado a aprendizados, digamos, dolorosos.
Melhore o homem moralmente e suas existências ficarão mais
leves, sem a pesada e densa equação da dor para resolver.
Quando o foco está apenas na existência atual, de fato as
novas patologias chocam, pois demonstram estar reinando num mundo onde Deus
deveria existir e, portanto, fazer-se soberano, haja vista seus atributos.
Mas quando mudamos o foco e enxergamos a imortalidade da
alma e as existências sucessivas a coisa muda de figura, e tudo faz sentido
porque tem uma explicação palatável.
Basta, como ensinam os Espíritos, o homem fazer uma reflexão
profunda das razões pelas quais determinada patologia o visita. Se ele for
sincero e não encontrar razões nesta existência fatalmente a causa estará no
passado.
E se hoje ele passa por isso é porque Deus sabe que tem
condições de resgatar esse débito e sair vencedor de sua jornada.
Oportunidade de exercitar o amor.
Um outro ponto interessante a anotar é o de que as
enfermidades, sejam elas novas ou antigas, servem para despertar no homem o
amor pelo seu semelhante. Ao praticar a lei de amor e caridade o ser humano faz
de tudo para suavizar as dores do próximo, não caminhando por ele, mas
socorrendo-lhe diante da dolorosa provação da enfermidade física.
São os casos das famílias saudáveis fisicamente mas que
recebem em seu seio um indivíduo com graves problemas de saúde. Quando
situações assim ocorrem vale lembrar que a prova é para toda a família e não
apenas para um único indivíduo.
Ensinam os Espíritos que numa sociedade que pratica a lei de
amor o forte ampara o fraco, portanto, o familiar com saúde debilitada é no
momento alguém que se encontra fragilizado a requerer nossa atenção e cuidados.
Recordo-me de uma família composta por 3 filhos, marido e
esposa, total de 5 pessoas. A mãe com os meninos ainda adolescentes teve
trombose cerebral e ficou inválida na cama. Os papeis inverteram-se, ao invès
dela cuidar dos filhos os filhos tiveram de, ainda jovens, abraçar a tarefa.
Complicado é verdade. Mas, não obstante suas limitações todos encararam o dever
e o cumpriram com zelo. Mais interessante: não viam a mãe como um fardo, mas,
sim, como alguém necessitada ainda mais de amor.
O que está por trás disso?
Não sabemos no momento, contudo é fato que o impossível é
Deus errar, logo, há alguma causa razoável para esta provação e que neste
instante escapa-nos a ciência.
A provação teve pouco mais de 27 anos de duração. Após o
desencarne da mãe todos sentiram-se liberados para tocarem suas vidas de
maneira, digamos, um pouco mais livre.
A realidade é que tudo passa nesta vida e cabe-nos enfrentar
toda e qualquer situação com coragem e certeza de que Deus não nos abandona
jamais. Este, aliás, um grande alento saber que estamos sendo cuidados pela
inteligência suprema. Não há nada mais competente do que isso.
Portanto, em face de qualquer enfermidade, seja nova ou
antiga, utilizemos do exercício da serenidade, este bem tão precioso que nos
proporcionará passar por qualquer desafio existencial de forma mais leve.
Sem serenidade não se atravessa a rua, com serenidade damos
a volta ao mundo.
Pois é, caro leitor, novas doenças, porém os vícios são
antigos, ainda são os mesmos...
Pensemos nisso.
Autor:
Wellington Balbo (Salvador – SP) é membro da Rede Amigo
Espírita
Wellington Balbo é professor universitário, escritor e
palestrante espírita, Bacharel em Administração de Empresas e licenciado em
Matemática. É autor do livro "Lições da História Humana", síntese
biográfica de vultos da História, à luz do pensamento espírita.
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