Um contexto
muito difundido no seio da Doutrina Espiritual seja por formação textual de
licença poética ou incompreensão ante os ensinos dos Espíritos ainda se faz
muito comum o emprego do termo Almas Gêmeas no seio do Espiritismo. Acima de
qualquer polemica, aparte ou convicção o emprego da Razão nos norteara na
certeza de que Deus não agiu assim em sua Criação, ou seja: intencionou criar
almas que fossem gêmeas na eternidade. Não haveria solidariedade entre sua
Criação e o Egoísmo seria marca patente na obra de Deus. Por quê? Porque se
assim for, que razão almas gêmeas terão que preocupar com outros afazeres que
não estivesse interligada a sua Alma Gêmea?
Primeiramente
precisamos considerar que não existem privilégios na criação, todos fomos
‘criados simples e ignorantes’, que com o cadinho da experiência adquirimos
conhecimentos e aperfeiçoamos nossa moral. O fato de haverem dois espíritos com
destino de se encontrarem vai contra esse princípio e negaria totalmente a
premissa de nosso livre-arbítrio. Dentro da Codificação, encontramos algumas
perguntas de Kardec a esse respeito no Livro dos Espíritos:
Questão 298.
As almas que devam unir-se estão, desde suas origens, predestinadas a essa
união e cada um de nós tem, nalguma parte do Universo, sua metade, a que
fatalmente um dia se reunirá?
“Não; não há
união particular e fatal, de duas almas. A união que há é a de todos os
Espíritos, mas em graus diversos, segundo a categoria que ocupam, isto é,
segundo a perfeição que tenham adquirido. Quanto mais perfeitos, tanto mais
unidos. Da discórdia nascem todos os males dos humanos; da concórdia resulta a
completa felicidade. ”
299. Em que
sentido se deve entender a palavra metade, de que alguns Espíritos se servem
para designar os Espíritos simpáticos?
“A expressão
é inexata. Se um Espírito fosse a metade de outro, separados os dois, estariam
ambos incompletos. ”
300. Se dois
Espíritos perfeitamente simpáticos se reunirem, estarão unidos para todo o
sempre, ou poderão separar-se e unir-se a outros Espíritos?
“Todos os
Espíritos estão reciprocamente unidos. Falo dos que atingiram a perfeição. Nas
esferas inferiores, desde que um Espírito se eleva, já não simpatiza, como
dantes, com os que lhe ficaram abaixo. ”
301. Dois
Espíritos simpáticos são complemento um do outro, ou a simpatia entre eles
existente é resultado de identidade perfeita?
“A simpatia
que atrai um Espírito para outro resulta da perfeita concordância de seus
pendores e instintos. Se um tivesse que completar o outro, perderia a sua
individualidade.”
Grande
polêmica se faz acerca da teoria das almas gêmeas por conta do texto de
Emmanuel sobre o assunto contido no livro “O Consolador”, em que o Benfeitor
considera quando indagado sobre tal teorização: pendores e instintos. Se um
tivesse que completar o outro, perderia a sua individualidade,
Grande
polêmica se faz acerca da teoria das almas gêmeas por conta do texto de
Emmanuel sobre o assunto contido no livro “O Consolador”, em que o Benfeitor
considera quando indagado sobre tal teorização: “No sagrado mistério da vida,
cada coração possui no Infinito a alma gêmea da sua, companheira divina para a
viagem à gloriosa imortalidade. Criadas umas para as outras, as almas gêmeas se
buscam, sempre que separadas. A união perene é-lhes a aspiração suprema e
indefinível. Milhares de seres, se transviados no crime ou na inconsciência,
experimentaram a separação das almas que os sustentam, como a provação mais
ríspida e dolorosa, e, no drama das existências mais obscuras, vemos sempre a
atração eterna das almas que se amam mais intimamente, envolvendo umas para as
outras num turbilhão de ansiedades angustiosas; atração que é superior a todas
as expressões convencionais da vida terrestre. Quando se encontram no acervo
real para os seus corações – a da ventura de sua união pela qual não trocariam
todos os impérios do mundo, e a única amargura que lhes empana a alegria é a
perspectiva de uma nova separação pela morte, perspectiva essa que a luz da
Nova Revelação veio dissipar, descerrando para todos os espíritos, amantes do
bem e da verdade, os horizontes eternos da vida”
Note-se que
Emmanuel não contradiz Kardec como alguns forçosamente querem crer. Antes,
traça um belo panorama do que o amor, em se tratando de almas afins, que
pelejam longos séculos, milênios talvez, juntas, em compromissos ora dolorosos
ora sublimes, pode fazer, transformando os seres, que passam a se amparar e
galgar juntos seu caminho de ascensão.
Não trata,
em nenhum momento, das almas gêmeas como metades eternas, mas sim como
criaturas cuja perfeita sintonia de pendores as faz credoras de um amor
recíproco que atravessa as maiores barreiras, passando a impressão de serem
feitas mesmo uma para a outra, tamanha identidade de pensamentos. Não vemos,
portanto, qualquer incongruência entre os textos, já que todos contamos para
nossa felicidade com espíritos simpáticos e amorosos devotados a nós em todos
os níveis de nossa existência.
( Texto
extraído: espiritismo luz)
Arraial
Espírita
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