O processo
reencarnatório é sempre complexo e fruto de minucioso planejamento. Ao tomarmos
conhecimento do nascimento de um novo habitante da superfície terrestre devemos
ter a consciência do enorme esforço
engendrado não só no plano material, mas também no invisível, para que
esse “milagre” seja uma realidade.
As crianças
nos demonstram concretamente a confiança de Deus nos seres humanos. Elas são a
prova da misericórdia Divina que nos resgata incansavelmente das trevas e
suplícios em que nos afogamos repetida e propositadamente.
E, essa
mesma misericórdia é a fonte que nos ilumina com a luz morna do dia, que nos
invade os olhos infantis curiosos, quando os abrimos pela primeira vez no mundo
físico.
Apesar de um
longo e penoso trânsito pela erraticidade os espíritos vítimas de si mesmos,
geralmente, não têm condições de presidir a construção de um corpo físico
saudável durante seu processo reencarnatório.
A disposição
integral dos recursos intelectuais e físicos, amealhados preteritamente por
aqueles filhos de Deus, pode ser necessária ao completo êxito de sua missão
terrena. Por isso, a espiritualidade responsável por esses pacientes se empenha
no tratamento das suas mazelas, através da medicina astral, mesmo quando são
frutos da imprudência e do orgulho.
Assim, eles
poderão chegar um pouco melhores à terra, e então, terão, por sua vez, a
magnífica oportunidade de retribuir ao Criador tamanha benção, colaborando com
seus contemporâneos em seu progresso como cidadãos.
Uma das
causas mais frequentes de debilidade e deformidade do corpo espiritual é a
desagregação energética induzida pelo autoextermínio. As lesões do corpo
espiritual são ainda mais severas do que aquelas que desvitalizaram o corpo
físico. Não atingem apenas o sistema mental do desencarnado, toda a complexa
estrutura perispiritual é comprometida.
Sua delicada
tessitura é impregnada pelas energias deletérias que causaram, primariamente, o
autoextermínio e por aquelas que se originaram dele. Os componentes unitários
do tormento com que se deparam os suicidas são: Dores intensas, de teor moral e
físico, acrescidas do desespero de se encontrar vivo após a morte, revolvidas
com o cimento da culpa.
E
sentindo-se servos inúteis reconhecem a justiça de seu tormento imediatamente
após o desenlace traumático do corpo físico. Entretanto, a falta de equilíbrio
que os caracterizou em vida, os persegue no além túmulo. Crises subintrantes de
arrependimento e desespero se sucedem, como se fossem continuar
indefinidamente.
Não dispõem
de recursos íntimos para atenuarem esse estado de dentro para fora. A prece é
impronunciável para eles, sem que entendam o porquê dessa afasia seletiva. É,
na realidade, a autopunição que se segue à culpa demolidora.
Querem, e
cultivam a dor por ilusão da purificação. Assim o fizeram por milênios e,
assim, se conduzem quase que reflexamente.
Interromper
esse processo depende de uma fagulha de esperança em seus corações
petrificados. Fagulha insignificante, mas perceptível aos benfeitores do além,
que nesse momento crítico, de olhar hesitante e frágil voltado para os céus, os
acodem e recolhem às instituições caridosas do invisível.
Esse é
apenas o primeiro passo em direção á reencarnação libertadora e reconstrutora.
Muitos serão necessários.
Os abnegados
servidores do cristo que os acolheram, oferecem a eles os medicamentos
espirituais mais avançados. Todos eles repletos de um principio ativo que se
habituaram a negligenciar em suas numerosas existências físicas pregressas.
É o amor
temperado com energias de diferentes ordens, mas também sublimes e
retificadoras em sua essência.
Os amigos
encarnados atuam expressivamente nesse processo, fornecendo a matéria mais
densa para que os cirurgiões do espaço refaçam a delicada anatomia do corpo
astral desses pobres desvalidos.
Suturas,
drenagens, condutoplastias, inúmeros procedimentos são executados para a melhor
recuperação possível de pacientes tão especiais.
Uma vez que
se encontrem anatomicamente recuperados (relativamente) serão guiados aos
estudos. Não é um processo rápido. A formação de que necessitam é longa,
didática e transformadora.
Nas
aterradoras crises de confiança são restabelecidos pela doação de energia
salutar dos seus colegas em melhores condições.
Começam a se
doar uns aos outros, aos próximos bem próximos. Em um momento socorrem e no
seguinte são socorridos. Estão ainda em uma montanha russa íntima. No seu ápice
acumulam forças para enfrentarem os vales.
Aos poucos
estudam suas existências anteriores e os motivos que os levaram ao desespero.
Isso é oferecido a eles de uma forma tal que possam se distanciar o suficiente
para que entendam e relembrem da dor, sem serem cegados e confundidos por ela.
Com esse
método podem identificar mecanismos de defesa impróprios e padrões de
comportamento com tendência à recorrência.
Quando
conseguem elaborar, ou melhor, metabolizar seu passado são transferidos às
escolas gerais. Necessitam do convívio com todos os outros espíritos. Nesta
fase já podem ajudar necessitados de outros matizes.
Trabalham em
funções diversas, sempre iniciando pelas mais simples. São felizes por terem a
oportunidade de realizar pequenas obras. Não são cobrados para erigirem grandes
monumentos, pois para muitos deles o orgulho e o poder foram a passarela
condutora à derrocada.
Décadas eles
despendem nessas escolas, e o tempo todo, são ajudados, escorados,
impulsionados pelo amor dos benfeitores espirituais. Muitos são pais, mães, filhos de outras épocas.
A maioria,
entretanto, são os seus inimigos do passado, já refeitos dos vícios morais mais
limitantes, que hoje agradecem a possibilidade de resgatarem seus débitos
cármicos no trabalho junto aos, transitoriamente, mais frágeis.
Ao mesmo
tempo em que se recuperam auxiliam no progresso de seus educadores.
O
treinamento prossegue, posteriormente, em frentes de trabalho mais densas e
perigosas, verdadeiros testes de fidelidade em relação aos exércitos do
Cristo.
Aprendem a amar o diferente, o ignorante e o demente. Veem nestes irmãos o
reflexo de seu passado recente.
A última
fase preparatória para a reencarnação dos antigos suicidas é a elaboração do
projeto reencarnatório. Por mais que tenham obtido algum grau de recuperação da
anatomia de seu corpo espiritual, as lesões que a essa estrutura foram impostas
pela autoagressão ainda serão máculas indeléveis no plano espiritual.
Mesmo que
sejam imperceptíveis aos olhos dos próprios portadores elas carrearão,
necessariamente, ao corpo físico as mensagens de alerta de um passado que não
deve ser revivido.
Serão limitações
congênitas de graus variáveis, doenças crônicas severas com crises
intermitentes e curtos períodos de acalmia. Insuficiências orgânicas diversas e
possivelmente múltiplas.
Essas
doenças graves os açoitarão, na vida física, relembrando-os dos compromissos
assumidos e, também, cumprindo o papel de verdadeiros exaustores biológicos na
drenagem das energias perniciosas e densas de uma qualidade tal que apenas
podem ser expurgadas no trânsito pela matéria.
O amor
vivido em sua plenitude os livrará das dores inúteis. Aquelas necessárias foram
discutidas durante a sua preparação pré-encarnatória e devem ser vividas
resignadamente, mesmo quando extremamente dolorosas. A luta pela vida é o
exercício diário necessário para que desenvolvam os meios de evitarem novas
quedas.
Os amigos
espirituais os acompanharão em toda a sua existência física, oferecerão o
suporte e consolo diante das suas fraquezas. E a cada obstáculo que venham a
superar, mais fortes se encontrarão.
Não mais
suicidas serão, mas, ex-suicidas, dispostos ao trabalho retificador em prol do
seu próprio progresso. Serão, também, luzes nos rodapés dos longos e tortuosos
corredores da existência infeliz de seus semelhantes, daqueles ainda cegos à
luz redentora do Cristo.
Dra Giselle
Fachetti-Blog-Medicina e Espiritualidade.
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