A Doutrina
Espírita nos explica que as famílias terrenas têm uma história pretérita em
comum o que é ainda mais evidente no caso dos gêmeos. São espíritos unidos por
grande sintonia ou por imensa repulsa.
Os gêmeos
são seres unidos não só por sua consanguinidade óbvia, mas por uma longa
história de convivência espiritual como encarnados ou desencarnados, fato que é
ignorado pela ciência oficial. Geralmente são seres de grande afinidade que
encontram nessa oportunidade de reencarne simultâneo um grande suporte para
enfrentarem as incertezas em relação às tarefas e objetivos assumidos durante a
fase de programação pré-encarnatória.
Não existem
padrões em relação às conexões espirituais. A experiência dos gêmeos,
entretanto, é muito intensa. Sei por vivê-la pessoalmente. Mesmo que um dos
gêmeos não sobreviva à gravidez, ou à primeira infância, o vínculo parece
persistir, como tenho ouvido em relatos tanto de encarnados quanto dos
desencarnados (em nossos trabalhos de assistência espiritual mediúnica).
Os
sobreviventes são pessoas que sempre parecem carregar uma pendência íntima,
algo não resolvido, uma dor profunda. Isso pode gerar algumas dificuldades na
vida física e nos relacionamentos.
A visão do
filósofo Bert Hellinger é muito esclarecedora. A terapia por ele criada, a constelação
familiar, tem ajudado muito as pessoas que perderam entes queridos de formas
incomuns. O fato da perda ocorrer quando recém-nascidos faz com que se
pressuponha que não haverá dor para o irmão que sobrevive, mas, a realidade é
oposta.
O luto que não é adequadamente vivido e
elaborado gera sentimentos confusos. E, até doença. Ainda mais em quem não sabe
ainda expressar a dor. O fato da família considerar que uma perda precoce é de
menor importância, ou de esquecer o morto, é muito penoso para a dupla
energeticamente vinculada.
Por dois
motivos: O sobrevivente fica com a impressão que se fosse ele aquele que
faltasse ele também não faria diferença, que também seria esquecido. E ainda
por cima se sente menos merecedor da vida em relação ao morto, como se devesse
algo a ele. Não entende por que ele sobreviveu e o outro não, qual o critério
de escolha?
Esses
sentimentos são inconscientes e frutos de uma fantasia infantil, desconhecida
pelos pais e pelo próprio gêmeo, mas que se for adequadamente elaborada vai dar
novo impulso ao personagem em sofrimento.
A forma de
elaborar isso é:
1- Primeiro:
Reconhecer que sua irmã é sua irmã, é a segunda (terceira...ou quarta??) filha
de seus pais, sua irmã gêmea que nasceu doente, viveu pouco tempo mas faz parte
da família e deve ser reconhecida como membro dessa família.
2 - Segundo:
Admitir que se isso aconteceu é por que a harmonia universal assim exigia, a
experiência rápida na terra vivida por sua irmã foi importante e necessária.
3- Terceiro:
O fato de sua mãe não a ter visto impediu que ela elaborasse essa dor e o luto
adequadamente. Ela, portanto, deveria poder fazer isso, ainda que de forma
simbólica.
(Esse era um
erro que nós médicos cometíamos muito, achávamos que se não permitíssemos que a
mãe visse seu filho morto, ou mal-formado, sua dor seria menor. Ledo engano.)
4- Quarto: O
gêmeo sobrevivente também deveria viver o luto, após chorar a perda e
reconhecer a dor dessa perda ele ficaria liberado para viver sua própria vida
plenamente, sem culpa.
5 - Quinto:
Na realidade, depois desse exercício simbólico de reconhecimento da perda você
poderá sentir-se como representante de sua irmã na vida física. Uma missão que
o tornará alegre, necessário e importante. E, tudo de bom que fizer e
conquistar poderá dedicar a ela, em honra dela.
Funcionaria
como se você tivesse sua força vital duplicada por desfrutar da experiência
encarnatória, neste período, pelos dois. Depois de viver assim por algum tempo,
lembrando e honrando sua irmã, ela se sentirá reconhecida e reverenciada,
passará, então, a ser uma memória doce.
Esses
exercícios são mentais, realizados com respeito e profundidade. Deve haver
preparo pessoal e do ambiente para o exercício que corresponde à prece e à
meditação. Esses exercícios permitem a nossa conexão com os nossos sentimentos
mais elevados e com os espíritos queridos. Podem ser realizados de forma
individual, mas se for um exercício vivido solenemente pela família será muito
mais produtivo.
E, com a
força desse amor, que você mal conhece mas te inunda o espírito, ela se
libertará para novas experiências de aprendizado, lá no mundo espiritual ou,
até mesmo aqui na terra, através da reencarnação.
E isso
repercutirá em você como força, alegria, determinação, coragem, e
principalmente esperança e confiança no futuro. Procure ler os livros do Bert
Hellinger, serão esclarecedores. O autoconhecimento é um caminho de libertação
mas de difícil trânsito, pois exige coragem e persistência. Porém, tenha
certeza, vale a pena.
Giselle
Fachetti Machado - Médica ginecologista
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