A
alimentação está associada, no psiquismo humano, a todo um conjunto de fatores
emocionais que vão além da simples manutenção da vida orgânica. Ao sermos
alimentados, nos primeiros anos de nossa existência física, somos também
acalentados, em uma permuta de afeto do bebê com aqueles que se caracterizam
como seus cuidadores.
Considerando,
por sua vez, a compulsão como um ato direcionado por um impulso, que procura
descarregar uma ansiedade inconsciente, podemos entender a compulsão alimentar
como uma tentativa de solucionar um conflito interno.
Diante de
algo que nos incomoda – seja a necessidade de afeto, seja a não aceitação do
corpo ou de alguma circunstância vivida ou a não aceitação das próprias
dificuldades emocionais por exemplo – através da compulsão alimentar fugimos,
procurando algo que nos proporcione prazer momentâneo e postergando o encontro
conosco mesmos.
Claro que a
partir de uma perspectiva de psicologia espírita, não podemos esquecer o
intercâmbio constante com o mundo espiritual, de modo que, afinizados conosco,
desencarnados ainda muito ligados ao plano material, desejosos das sensações
físicas, estimulam tais comportamentos dos quais pensam se beneficiar,
assimilando as sensações dos encarnados.
André Luiz
(nos livros “Nosso Lar” e “Missionários da Luz”, psicografados por Chico
Xavier) exemplificou bem este fato ao mostrar que muitos desencarnados se
compraziam “absorvendo gostosamente as emanações dos pratos fumegantes” de modo
que sem a vigilância necessária deixamos à mesa “margem vastíssima à leviandade
e à perturbação”. O nobre mentor, contando sobre os primeiros anos que se
seguiram à sua desencarnação, diz que fora chamado de suicida no plano
espiritual. Amargurado e sem entender, somente depois de certo tempo pode
compreender que havia “desperdiçado patrimônios preciosos da experiência
física” porque “todo o aparelho gástrico foi destruído à custa de excessos de
alimentação e bebidas alcoólicas, aparentemente sem importância”.
Por isso urge
nos vigiarmos com relação a todos os excessos a que nos permitimos.
Além das
terapias convencionais e espirituais, a autoanálise é sempre de grande auxílio:
1º -
procurando identificar os momentos de ansiedade que levam a buscar alimento em
dose excessiva ou fora dos horários de alimentação.
2º - tendo
identificado, procurando dar-se conta (tornar-se consciente) no próprio momento
em que isto ocorre.
3º - tendo
percebido no momento, procurando evitar o ato.
E é
importante termos muita paciência conosco mesmos, pois toda mudança psíquica se
dá gradativamente. Se conseguirmos identificar o conflito de que fugimos,
tendo-o por etapa do nosso processo evolutivo (e não como “algo horrível,
doentio e proibido”) nos colocamos na posição responsável daquele que luta para
superar as próprias dificuldades.
FONTE:
Psicologia Espírita.
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