Inicialmente,
para que tenhamos uma visão mais clara do mecanismo da encarnação, faz-se
necessário reportarmos ao estudo do corpo espiritual.
Quando as
entidades espirituais se nos tornam visíveis, seja pela simples vidência
mediúnica, seja pelo fenômeno de materialização ectoplasmática, observamos que
elas possuem um corpo semelhante ao nosso corpo físico. No fenômeno da
materialização, tão estudado pelo famoso físico inglês Willian Crookes[1] e
pelo prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia, Charles Richet, os espíritos
tornam-se visíveis e palpáveis a todos os presentes à sessão de estudos. São
percebidos e tocados em seus corpos espirituais.
Inegável é,
sem dúvida, que existem alhures, fraudes conscientes e inconscientes; no
entanto a grande frequência dos fenômenos e o elevado nível cultural e ético
das pessoas, seriamente envolvidas em determinados casos, atestam a sua
realidade.
Embora a
essência espiritual não tenha forma, pois é o princípio inteligente, os
espíritos de mediana evolução, ou seja, aqueles relacionados ao nosso planeta,
possuem um corpo espiritual anatomicamente definido e com uma fisiologia
própria da dimensão extrafísica.
Dos planos
espirituais temos notícia, por inúmeros médiuns confiáveis, como Francisco
Cândido Xavier (Chico) e Divaldo Pereira Franco, da organização de comunidades
sociais que os espíritos constituem, comunidades essas às vezes semelhantes às
terrestres.
A energia
cósmica universal ou fluido cósmico que permeia todo o universo é a
matéria-prima que o comando mental dos espíritos utiliza para a construção dos
objetos por eles manuseados. As primeiras informações mais detalhadas foram
dadas a Kardec em O Livro dos Médiuns[2], no capítulo: “Do Laboratório do Mundo
Invisível”.
O corpo dos
espíritos, já mencionado pelo apóstolo Paulo e conhecido nas diferentes
religiões com os mais diferentes nomes, como perispírito, corpo astral,
psicossoma e outros, é também constituído
de um tipo de matéria derivada do fluido cósmico universal. Assim nos informam
as entidades espirituais.
O corpo
espiritual apresenta-se moldável conforme as emanações mentais do espírito.
Cada espírito apresenta seu perispírito com aspecto correspondente ao seu
estado psíquico. A maior elevação intelecto-moral vai determinar como
consequência uma sutilização do próprio corpo espiritual. Em contrapartida, os
espíritos, cujas vibrações mentais são mais inferiores, determinam
inconscientemente que seu corpo espiritual se apresente mais denso e
obscurecido, não tendo a irradiação luminosa dos primeiros.
Conforme se
tem notícia por meio de inúmeros autores espirituais, o perispírito
apresenta-se estruturado por aparelhos ou sistemas que se constituem de órgãos;
esses órgãos são formados por tecidos que, por sua vez, são constituídos por
células.
As células
do corpo espiritual, em nível mais profundo, são formadas por moléculas
constituídas de átomos. Os átomos do perispírito são formados por elementos
químicos nossos conhecidos, além de outros desconhecidos do homem encarnado.
Elementos aquém do Hidrogênio e além do Urânio, que na Terra representam os
limites da matéria atômica conhecida.
Nas obras de
Gustave Geley[3] e Jorge Andréa, encontramos referências a essas afirmações.
Os átomos e
moléculas que constituem as células do perispírito possuem uma energia cinética
própria que é a força determinante de sua vibração constante. Quanto mais
evoluída a entidade espiritual, maior a velocidade com que vibram os átomos do
perispírito.
Da mesma
forma, conforme o adiantamento moral do espírito, maior o afastamento entre as
moléculas que compõem o perispírito, por sua vibração, daí a menor densidade de
seu corpo espiritual.
Uma analogia: a água em estado líquido, quando
fervida, transforma-se em vapor pela maior energia cinética de suas moléculas,
determinando um afastamento entre elas decorrente da vibração mais intensa que
passa a ter. Neste exemplo simples nós mentalizamos o porquê da leveza do corpo
espiritual das entidades cujo padrão vibratório é mais elevado.
No livro
Mecanismos da Mediunidade[4], de André Luiz, psicografado por Francisco Cândido
Xavier, encontramos elementos complementares a respeito dessa informação. Espíritos
de alta hierarquia moral possuem vibrações de alta frequência. Isto é, as ondas
que emitem ou irradiam são “finas”, ou de pequeno comprimento de onda.
As energias
emanadas pelas vibrações das moléculas perispirituais se traduzem também por
uma irradiação luminosa com cores típicas. Os espíritos são vistos pelos
videntes ou descritos nas obras psicografadas emitindo cores e tons bastante
peculiares ao seu grau de adiantamento.
Quanto mais
primitivas forem as entidades espirituais, mais escuros os tons das cores e
mais opacos se apresentam. À medida que galgam mais degraus na escada do
progresso, mais sábios e amorosos, as entidades espirituais passam a emitir uma
luminosidade mais clara e cada vez mais brilhante.
Salientamos, no entanto, que transitoriamente
pela postura mental adotada, decorrente de situações momentâneas, as vibrações
se aceleram ou se desaceleram, determinando modificações na estrutura do corpo
espiritual, e todo o conjunto se altera. São descritos casos de zoantropia ou
licantropia[5], em que as formas perispirituais tornam-se profundamente
modificadas.
Exemplos
práticos de modificações profundas e graves, no capítulo das patologias do
corpo astral, seriam os casos descritos como os de zoantropia ou licantropia.
Nessas situações as formas perispirituais se animalizam pela postura de ódio
recalcitrante ou outros sentimentos inferiores, sentimentos que se tornam
agentes deformantes do corpo espiritual.
Denomina-se zoantropia (zôo=animal e
anthropos=homem) aos casos em que o corpo espiritual, pela deformação
progressiva, passa a se assemelhar a um animal. Licantropia (lican=lobo e
anthropos=homem) aos casos em que o corpo espiritual, pela alteração
degenerativa da forma, lembra a figura de um lobo, o que nos remete à lenda do
lobisomem que, talvez, tenha sua origem no fato de que, pelo fenômeno da
vidência mediúnica, tenham sido vistos espíritos com esse tipo de deformidade
anatômica no seu corpo astral.
Naturalmente,
que essas deformidades são transitórias e relativas ao tempo em que a entidade
espiritual ainda se mantém na atitude mental de ódio.
O tratamento
reparador dessas deformidades efetua-se por meio de uma energização adequada
dos Espíritos, de acordo com o que temos observado nas lides mediúnicas em que
participamos.
Ousamos,
inclusive, a criar o verbeteperispiritoplastia para nos referir ao processo de
recuperação anatômica observado nas entidades tratadas e recuperadas, em seu
aspecto morfológico, nos grupos mediúnicos. Tanto energias do plano
extrafísico, bem como energias extraídas da natureza, além de ectoplasma dos
médiuns, fizeram parte da matéria-prima utilizada por nós, nessa restauração
anatômica do perispírito licantropizado das entidades tratadas. Todavia,
lembramos que nesse trabalho nós estamos, constantemente, sendo assistidos pelos
mentores espirituais que nos amparam.
Ricardo Di
Bernardi
FONTE;
Medicina e Espiritualidade.
[1] William
Crookes – químico e físico inglês.
[2] KARDEC,
Allan. O Livro dos Médiuns. FEB, 1960, p.413.
[3] Gustave
Geley – médico e pesquisador espírita francês.
[4] XAVIER,
Francisco Cândido. Mecanismos da Mediunidade. FEB, 1959, p.188.
[5] Tipo de
deformidade presente no corpo espiritual em que a forma chega a parecer
não-humana.
Postado por
Sérgio Vencio às sexta-feira, dezembro 02, 2011
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