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segunda-feira, 12 de junho de 2017

“NATUREZA DAS COMUNICAÇÕES MEDIÚNICAS”

            113. Dissemos que todo efeito que revela na sua causa um ato de vontade livre, por insignificante que este seja, denuncia através dele uma causa inteligente. Assim, um simples movimento da mesa que responde ao nosso pensamento ou apresenta um caráter intencional pode ser considerado como manifestação inteligente. Se acontecesse apenas, nosso interesse no caso seria bem reduzido. Não obstante, já teríamos uma prova de que nesses fenômenos há mais do que simples ação material.
            A utilidade prática que disso poderíamos tirar seria nula ou pelo menos muito restrita. Mas tudo se modifica quando essa inteligência se desenvolve, permitindo uma permuta regular e contínua de ideias. Então já não se trata de simples manifestações inteligentes, mas de verdadeiras comunicações. Os meios de que hoje dispomos permitem-nos obtê-las tão extensas, explícitas e rápidas como as que mantemos com os homens.
            Se houvermos compreendido bem, segundo a escala espírita (O Livro dos Espíritos, nº 100) a infinita variedade dos Espíritos no tocante à inteligência e à moralidade, facilmente conceberemos as diferenças existentes em suas comunicações. Elas devem refletir a elevação ou a inferioridade de suas idéias, seu saber ou sua ignorância, seus vícios e suas virtudes. Numa palavra, não devem assemelhar-se mais do que as dos homens, desde o selvagem até o europeu mais esclarecido. Todas as suas diferenças podem ser classificadas em quatro categorias principais. Segundo suas características decisivas, elas se apresentam: grosseiras, frívolas, sérias, instrutivas.
            134. Comunicações Grosseiras – são as que contêm expressões que ferem o decoro. Só podem provir de Espíritos de baixa classe, ainda manchados por todas as impurezas da matéria, em nada diferindo das que poderiam ser dadas por homens viciosos e grosseiros. Repugnam a toda pessoa que tenha um mínimo de sensibilidade. Porque são, segundo o caráter dos Espíritos, triviais, ignóbeis, obscenas, insolentes, arrogantes, malévolas e até mesmo ímpias.
            135. Comunicações Frívolas – são as dos Espíritos levianos, zombeteiros ou maliciosos, antes astuciosos do que maus, que não dão nenhuma importância ao que dizem. Como nada tem de malsãs, agradam a certas pessoas que se divertem com elas e encontram satisfação nas conversas fúteis, em que muito se fala e nada se diz. Esses Espíritos saem às vezes com tiradas das espirituosas e mordazes, misturando muitas vezes brincadeiras banais com duras verdades, que ferem quase sempre com justeza. São Espíritos levianos que pulam ao nosso redor e aproveitam todas as ocasiões de se imiscuírem nas comunicações. A verdade é o que menos os preocupa, e por isso sentem um malicioso prazer em mistificar o que tem a fraqueza e às vezes a presunção de acreditar nas suas palavras. As pessoas que gostam dessa espécie de comunicações dão naturalmente aceso aos Espíritos levianos e enganadores. Os Espíritos sérios se afastam delas, como entre nós os homens sérios se afastam das reuniões de criaturas irresponsáveis.
            136. Comunicações Sérias: – são as que tratam de assuntos graves e de maneira ponderada. Toda comunicação que exclui a frivolidade e a grosseria, tendo uma finalidade útil, mesmo que de interesse particular, é naturalmente séria, mas nem por isso está sempre isenta de erros. Os Espíritos sérios não são todos igualmente esclarecidos. Há muitas coisas que eles ignoram e sobre as quais se podem enganar de boa fé. É por isso que os Espíritos verdadeiramente superiores nos recomendam sem cessar que submetamos todas as comunicações ao controle da razão e da lógica mais severa.
            É, pois, necessário distinguir as comunicações verdadeiramente sérias das comunicações falsamente sérias, o que nem sempre é fácil, porque é graças à própria gravidade da linguagem que certos Espíritos presunçosos ou pseudo-sábios tentam impor as idéias quais falsas e os sistemas mais absurdos. E para se fazerem mais aceitos e se darem maior importância, eles não tem escrúpulo de se adomar com os nomes mais respeitáveis e mesmo os mais venerados. Este é um dos maiores escolhos da ciência prática.
Voltaremos a tratar do assunto mais tarde, dando-lhe todo o desenvolvimento exigido pela sua importância, ao mesmo tempo em que daremos a conhecer os meios de se prevenir o perigo das falsas comunicações.
137. Comunicações Instrutivas: – são as comunicações sérias que tem por finalidade principal algum ensinamento dado pelos Espíritos sobre as Ciências, a Moral, a Filosofia, etc. Sua maior ou menor profundidade dependem do grau de elevação e de desmaterialização do Espírito. Para se obterem proveito real dessas comunicações, é necessário que elas sejam regulares e que sejam seguidas com perseverança. Os Espíritos sérios se ligam aos que desejam instruir-se e perseverem, deixando aos Espíritos levianos o cuidado de divertir os que só veem nas comunicações uma forma de distração passageira.
É somente pela regularidade e a frequência dessas comunicações que podemos apreciar o valor moral e intelectual dos Espíritos com os quais nos comunicamos, bem como o grau de confiança que eles merecem. Se necessitamos de experiência para julgar os homens, de mais ainda talvez necessitemos para julgar os Espíritos.
            Dando a essas comunicações a qualificação de Instrutivas nós a supomos verdadeiras, porque uma coisa que não fosse verdadeira não poderia ser instrutiva, mesmo que transmitida na mais empolgante linguagem. Não poderíamos, pois, incluir nesta categoria certos ensinos que de sério só tem a forma, frequentemente empolada e enfática, através da qual Espíritos mais presunçosos do que sábios procuram enganar. Esses Espíritos, porém, não conseguindo suprir o próprio vazio, não poderiam sustentar o seu papel por muito tempo. Logo mostrariam o seu lado fraco, por pouco que as suas comunicações tenham continuidade ou que se saiba empurrá-los até os seus últimos redutos.
            138. Os meios de comunicação são muito variados. Agindo sobre os nossos órgãos e sobre todos os nossos sentidos, os Espíritos podem manifestar-se através da visão, nas aparições; do tato, pelas impressões tangíveis, ocultas ou visíveis; da audição, pelos ruídos; do olfato, pelos odores sem causa conhecida. Este último modo de manifestação, embora muito real, é indiscutivelmente o mais seguro, em virtude das numerosas causas que podem induzir em erro. Por isso, não nos demoraremos neste caso. O que devemos examinar com cuidado são os diversos meios de obter comunicações, o que vale dizer uma permuta de idéias regular e contínua. Esses meios são: as pancadas, a palavra e a escrita. Desenvolveremos o seu estudo nos capítulos especiais.(1)
(1) A realidade das comunicações pelo olfato confirmou-se plenamente nas experiências espíritas e através de casos espontâneos numerosos e bem constatados, no correr dos anos à subsequente publicação deste livro. Mas é evidente que não se trata de um meio de comunicação para troca de ideias. No tocante à linguagem dos Espíritos, as observações de Kardec no nº 137 devem ser lidas e relidas, pois se aplicam precisamente a numerosos casos de mistificação verificados na atualidade. Importante notar o rigor e a precisão com que o Codificador adverte dos perigos a que se expõem os que se deixam enganar pelos Espíritos pseudo-sábios. Verifique-se no final no nº 136, a distinção entre comunicações verdadeiramente sérias e falsamente sérias, que  de grande interesse prático. (N. do T.)

FONTE: O Livro dos Médiuns

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