"Digo-vos, em verdade, que
alguns daqueles que aqui se encontram não sofrerão a morte, sem que tenham
visto vir o Filho do homem no seu reino." (S. Mateus, cap. XVI, vv. 24 a
28.)
É crescente o número de doutrinas
ditas cristãs que divulgam o retorno de Jesus no plano físico terreno. A
maioria delas, para não dizer todas, se apoiam nas escrituras sagradas para
sustentar tal afirmação. Segundo essas doutrinas, Jesus voltará para separar o
joio do trigo e assim presidir o juízo final, onde os bons terão seu lugar
assegurado no paraíso e os maus, condenados ao sofrimento eterno.
Analisemos alguns aspectos que nos
ajudarão a esclarecer o ponto chave do assunto proposto:
1) Deus, inteligência suprema e causa
primeira de todas as coisas, em sua infinita sabedoria e misericórdia não
imporia a nenhum de nós o sofrimento eterno. Ao contrário, Ele nos concede a
oportunidade de regeneração através de uma nova existência (reencarnação). Mas
então, alguém questionaria: Aquele que se arrepende sinceramente não é perdoado
de imediato? De fato, o arrependimento é
um passo importante para evolução moral do espírito. É o início da reparação,
entretanto não nos exime da culpa de um mal causado a outrem ou a nós mesmos. É
necessário corrigir o erro para seguirmos adiante. Nossa própria consciência
nos cobrará, portanto, não há necessidade de um "juízo final" e por
consequência, a volta de Jesus para este fim. Aqueles que insistirem em
permanecer estacionados na jornada evolutiva, serão destinados a mundos
compatíveis com seu adiantamento, mas jamais serão excluídos da misericórdia
divina.
2) Algumas doutrinas religiosas
"levam ao pé da letra" o que está contido na bíblia. É importante
ressaltar que Jesus não deixou nada escrito e que sua pedagogia era permeada de
alegorias e metáforas, o que pode gerar erro de interpretação. O Mestre de
Nazaré julgou não ser oportuno a abordagem aprofundada de diversos temas
(incluindo a reencarnação, que ajuda a compreender várias questões), pois o
homem naquela época era incapaz de entender certos assuntos. Ele apenas plantou
a semente pra que ela germinasse no tempo devido. Sabe-se ainda que as
escrituras existentes começaram a ser produzidas após o retorno de Jesus a
pátria espiritual, pelas pessoas que foram próximas a ele e que também tinham
dificuldade em compreendê-lo. Posteriormente a bíblia para chegar ao formato
que conhecemos hoje, teve que passar pelo crivo de homens imperfeitos que
adequaram os textos para que se atingisse o interesse desejado na época. Não há
como garantir que as mensagens que temos acesso hoje, são fiéis ao que o Cristo
propagou em sua época.
E para os espíritas, Jesus voltará?
O Espiritismo é alvo de duras
críticas por parte das doutrinas que acreditam na volta de Jesus, justamente
por analisar o assunto sob outro prisma.
Para responder a essa indagação, vamos considerar um dos livros que compõem a
Codificação Espírita, intitulado "A Gênese". Nele, Allan Kardec faz
uma breve reflexão sobre o assunto, no item 45:
43. Disse então Jesus a seus
discípulos: Se alguém quiser vir a mim, que tome sua cruz e siga-me; _ pois
aquele que quiser salvar sua vida perdê-la-á, e aquele que perder sua vida por
amor de mim a reencontrará.
E de que valeria ao homem ganhar todo
o mundo, e perder sua alma? Ou por que preço poderá o homem resgatar sua alma,
depois de havê-la perdido? _ Pois o Filho do homem deve vir na glória de seu
Pai com seus anjos, e então dará a cada um segundo suas obras.
Digo-vos, em verdade, há alguns dos
que estão aqui, que não experimentarão a morte senão depois de haverem visto o
Filho do homem vir em seu reino. (S. Mateus, cap. XVI, vers. de 24 a 28).
44. Então o sumo-sacerdote,
levantando-se no meio da assembleia, interrogou a Jesus e lhe disse: Vós não
respondeis nada aos que depõem contra vós? _ Mas Jesus permaneceu em silêncio e
nada respondeu. O sumo-sacerdote ainda o interrogou e lhe disse: Sois vós o
Cristo, o Filho de Deus abençoado para sempre? _ Jesus lhe respondeu: Eu o sou,
e vereis um dia o Filho do homem sentado à direita da majestade de Deus, vindo
sobre as nuvens do céu.
Logo o sumo-sacerdote, rasgando suas
vestes, lhes disse: Que necessidade temos de mais testemunhas? (S. Marcos, cap.
XIV, vers. 60 a 63).
45 - Jesus anuncia o seu segundo
advento, mas não diz que voltará à Terra com um corpo carnal, nem que
personificará o Consolador . Apresenta-se como tendo de vir em Espírito, na
glória de seu Pai, a julgar o mérito e o demérito e dar a cada um segundo as
suas obras, quando os tempos forem chegados."
Analisando esta afirmativa de Kardec,
entendemos que a questão permanece em aberto. Jesus pode em algum momento
retornar ao plano terreno, entretanto não deixou claro como e quando este fato
ocorrerá. O espírito de Amélia Rodrigues também retrata o assunto no livro
"Quando a primavera voltar", através da psicografia de Divaldo
Franco:
“Jesus prossegue sendo a eterna
Primavera por que todos anelamos. Esperar a Sua volta é a ambição que devemos,
no momento, acalentar, preparando a Terra desde então para esse momento de
vida, beleza e abundância...”.
O fato é que Ele não retornará para
mediar o "Juízo Final". Para nós espíritas, o fim dos tempos não
significa que o mundo acabará, tão pouco que seremos julgados de alguma forma
por Jesus. O Cristo é exemplo de amor e quem ama não julga.
Através do desenvolvimento moral e
intelectual da humanidade, a Terra também passará pelo inevitável progresso e
aqueles que já estiverem em condições de participar dos tempos ditosos deste
planeta, permanecerão neste mundo para desfrutar daquilo que cultivou no
pretérito. Quem ainda não atingiu este patamar, será convidado a habitar outros
mundos conforme seu adiantamento.
Jesus esteve e permanece entre nós,
nos mostrando o caminho para a felicidade eterna, seja através de suas ideias,
ou de seus prepostos enviados a Terra de tempos em tempos.
“Eis que estarei com vocês todos os
dias, até o fim do mundo” (Mateus 28:20).
Então, como entender os sinais dos
tempos?
Para muitos, os acontecimentos
catastróficos que acometem o planeta são sinais apocalípticos, indicando a
volta de Jesus e o fim dos tempos. Esses sinais, para algumas religiões, são
caracterizados pelos desastres naturais; as guerras; as crises econômicas.
Os primeiros, desde a origem do
planeta, ocorrem de forma sincronizada e são interpretados pelos espíritas como
consequência da Lei do Progresso, pela qual todos nós estamos submetidos,
inclusive o orbe planetário. Terremotos; tsunamis; fenômenos climáticos de
todas as ordens, sempre aconteceram e nunca deixarão de existir. Aqueles que
são vitimados nessas intempéries, que por vezes, são comunidades inteiras ou
até mesmo civilizações, estão sujeitos ao aperfeiçoamento moral, afim de
acelerar a evolução desses povos e por consequência, o progresso do
próprio globo. Todos as grandes
civilizações da história da humanidade saíram de cena para dar lugar a povos
mais adiantados (Civilização Egípcia, Civilização Romana, etc.;). Se
analisarmos desde o surgimento dos primeiros homens até os dias atuais,
concluiremos que a humanidade experimentou um progresso incalculável e que se
tornou mais acentuado nos últimos séculos.
"O progresso da Humanidade se
cumpre, pois, em virtude de uma lei. Ora, como todas as leis da Natureza são
obra eterna da sabedoria e da presciência divinas, tudo o que é efeito dessas
leis resulta da vontade de Deus, não de uma vontade acidental e caprichosa, mas
de uma vontade imutável."
As guerras e as crises econômicas
nada mais são do que fruto da ignorância do homem, que acaba por abusar de seu
livre-arbítrio. Certamente, todos os atos bárbaros trazem consequências a
humanidade. Talvez, se não tivéssemos atravessado duas grandes guerras, já
estaríamos vivendo em um mundo mais ditoso.
"Sim, decerto, a Humanidade se
transforma, como já se transformou noutras épocas, e cada transformação se
assinala por uma crise que é, para o gênero humano, o que são, para os
indivíduos, as crises de crescimento. Aquelas se tornam, muitas vezes, penosas,
dolorosas, e arrebatam consigo as gerações e as instituições, mas, são sempre
seguidas de uma fase de progresso material e moral."
(A Gênese - Allan Kardec)
Estamos vivendo o fim dos tempos?
De certa forma sim. Deixaremos este
tempo em que vivemos em um mundo de provas e expiações, para viver no tempo de um mundo regenerado.
Isso significa um mundo melhor, com menos sofrimento, menos egoísmo e mais
solidariedade entre os povos. As provas
e expiações dolorosas que são características de mundos pouco evoluídos como
a Terra, não mais existirão.
[...] "Quando, por conseguinte,
a Humanidade está madura para subir um degrau, pode dizer-se que são chegados
os tempos marcados por Deus, como se pode dizer também que, em tal estação,
eles chegam para a maturação dos frutos e sua colheita."
(A Gênese - Allan Kardec)
Quando se completará a transição?
Não há uma data definida para o
planeta se tornar um mundo de regeneração. Sabe-se apenas que as transformações
já se iniciaram. A cada dia, somos convidados a mudar nossos hábitos e corrigir
nossas tendências viciosas para progredir ao máximo. A maioria de nós está
vivendo a última oportunidade na Terra. É preciso evoluir para permanecer no
novo mundo regenerado.
Fonte: Espiritismo em Cristo-
espiritismoemcristo.blogspot.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário