É comum que nos Umbrais hajam
espécies de hospitais ou prontos-socorros espirituais. Tais construções astrais
foram descritas em vários livros espíritas, mas por hora trago uma passagem do
livro Aruanda, escrito pelo médium Robson Pinheiro e ditado pelo espírito de
Ângelo Inácio.
Nesta passagem, o espírito Ângelo
descreve um pouco da sua aparência e do funcionamento interno de um desses
locais:
Aproximamo-nos de uma soberba
construção. Erguia-se diante de nós extensas muralhas, que se assemelhavam às
construções de antigos castelos medievais. Dentro daquelas paredes imponentes,
avistavam-se torres muito altas e prédios inteiros que desafiavam o ambiente
sombrio, abrindo luz ao redor — era como se eles próprios fossem estruturados
em luz astral. De fato, o material com que eram construídos parecia uma espécie
de luz coagulada ou congelada, se assim posso me expressar. Toda a construção
fluídica dava a impressão de irradiar uma suave luminosidade em seu derredor.
Próximo às muralhas já podíamos
avistar alguma vegetação rasteira, semelhante a pequenas heras e trepadeiras,
que formavam caramanchões coloridos ao redor da fortaleza. Ensaiei alguma
surpresa ao ver a soberba edificação do lado de cá da vida. O preto-velho
acudiu-me, esclarecendo logo:
— Aqui, nesta região de vibrações
mais densas, temos refúgios de paz. Funcionam como verdadeiros
hospitais-escola. Ao mesmo tempo em que são utilizados para refúgio e auxílio a
almas doentes, necessitadas de socorro imediato, existem postos de socorro que
atuam igualmente como campo abençoado de trabalho para aqueles espíritos que já
despertaram para a espiritualidade.
A aparência da construção fluídica
impressionava-me. Perguntei-me por que tanta imponência na construção
espiritual, se a finalidade era abrigar e socorrer almas em sofrimento. Dessa
vez foi Wallace que, tocando-me de leve, asseverou:
— Cada caso é um caso, Ângelo. Você
não ignora que se encontram aqui irmãos nossos distanciados do bem imortal.
Estas regiões do mundo espiritual são habitadas por companheiros nossos que
estão em intenso desequilíbrio. Precisamos impor respeito a essas almas
dementadas e, frequentemente, maldosas. Para isso, a aparência de fortaleza
espiritual cumpre seu objetivo, além de proporcionar uma imagem de segurança
para os que se sentem amedrontados.
— Mas não é só isso. Vez ou outra
este abençoado oásis de socorro e paz é atacado por espíritos vândalos, que
tentam a todo custo impedir que a tarefa seja levada a efeito. As muralhas que
você observa, semelhantes às edificações terrestres da era medieval, atuam como
escudo energético: além de proteger e resguardar o posto de socorro, isolam o
ambiente interior das irradiações mentais negativas dos companheiros mais
desajustados, na região externa.
(…) Grandes portões se abriram, e
pudemos observar com antecedência a intensa movimentação em seu interior. (…) Por
dentro das muralhas pude observar com mais detalhes os grandes edifícios que se
erguiam, cheios de vida e com intensa atividade.
Adentramos algo semelhante a um
pavilhão, onde pude ver mais de mil leitos, como uma enfermaria. Diversos
espíritos, que aparentavam graves enfermidades, estavam estendidos sobre as
camas e eram assistidos por outros companheiros, que lhes ministravam
medicamentos.
Enquanto isso, eu observava o que
ocorria ao redor. Espíritos dementados, desequilibrados e que apresentavam visível
sofrimento estavam deitados por todo lado. O ambiente parecia-se muito com um
hospital da Terra. Era como uma enfermaria de proporções gigantescas.
Foi o pai-velho amigo quem
adiantou-se:
— Aqui se encontram alojados muitos
espíritos que se especializaram na magia negra. Resgatados das regiões
infelizes, foram para cá transferidos a fim de receber tratamento emergencial.
Estagiaram por tanto tempo nas vibrações grosseiras e perniciosas que suas
mentes se afetaram seriamente, comprometendo seu presente estágio evolutivo.
— Você falou magia negra? — Perguntei
ao preto velho.
— Exato, Ângelo. Ou você ignora que
todos utilizamos dos recursos da natureza, colocados à nossa disposição pela
divina sabedoria, de acordo com a ética que nos é peculiar? À manipulação
desses recursos mentais, fluídicos, verbais ou energéticos é que denominamos
magia. E, quando alguém se utiliza de maneira desequilibrada ou maldosa do
depositário de forças sublimes, dizemos então que se concretiza a magia negra.
São companheiros que se especializaram no mal, pelo mal.
Aruanda. Robson Pinheiro. 1ª edição,
Casa dos Espíritos Editora, 2004.
Fonte: O ESTUDANTE ESPIRITA -
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