Conta-nos Irmão X, pela psicografia
de Chico Xavier, comovedora história de uma mãe, na França do início do século
passado, a acalentar o filho, dotado de grave idiotia, ao relento da noite.
Narra-nos, o nobre amigo, que a mãe se utilizava de cobertores insuficientes,
em parca fogueira, para alimentar e acalentar o filhinho, na tentativa de
vencer a noite gélida.
O companheiro da espiritualidade
pensara no que teria feito a pobre mãe para destilar tal infelicidade.
Naturalmente, toda cena deste gravame merece a reflexão. Apesar das fortes
razões dos comprometimentos do passado, tal penúria dá-se, da mesma forma, pela
falta de caridade dos corações indigentes dos transeuntes a atravessar-lhe o
caminho, pois, nos ensinou o Mestre, a realização do bem sem questionamentos,
em especial na parábola do Bom Samaritano.
Retornando a conveniência do tempo,
através de indução magnética do mentor espiritual a acompanhá-lo, pode
presenciar luxuosa corte, onde o filho, hoje com as afetações mentais, era
belo, cruel e impiedoso príncipe, a cometer os desatinos sexuais e odiosos por
todo o reino, sob os olhares de proteção da mãezinha, que hoje o conduzia a
misérrima condição.
A reencarnação é, definitivamente, o
encontro de almas enfermas. Naturalmente, existem os casos extremos, como o
acima narrado, mas incidem, da mesma forma, os enredos menos trágicos do
cotidiano. Irmão contra irmão, pais em litígio com os filhos, cônjuges
adversários, todos pertencentes a caravana de estropiados terrena. Assim
devemos, com humildade e consciência, reportar a nós mesmos, pois, por estes,
os doentes, o Mestre afirma ter vindo.
O doente do espírito sabe de suas
limitações e recomendações, por isso reforça a atenção nas ações que lhe
conduziram a bancarrota. Percebe-se frágil diante dos vícios morais e atira-se
à reforma íntima, entende-se sob tratamento constante para a terapêutica
evangélica, como tônico fortalecedor da alma. Sabe-se das respectivas
fragilidades e, portanto, humildemente, coloca-se na posição de tolerância e
indulgência.
O que se percebe doente não acusa,
não profere sentenças, não lança anátemas aos companheiros de jornada,
compreende que o atual encontro, por mais que árduo, é a oportunidade no
formato do remédio.
Na atitude renovadora do amor,
admitir-se doente nos garantirá o trajeto para a cura. No trato com os irmãos
sob o disfarce de adversários, caberá a nós agir com ternura sempre, pois,
tendo a certeza dos respectivos valores em formação, resta-nos a dúvida: Diante
do enfrentamento promovido pelo encontro renovador de almas enfermas, quem
teria errado mais?
Fonte: Correio Espírita. Por: Pedro
Valiati
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