1 – Sucedem-se acontecimentos
funestos, envolvendo ações criminosas que chocam a opinião pública, como o
assassinato da menina jogada do sexto andar de um edifício, em São Paulo. O mal
está se expandindo?
Melhor dizer regredindo. Quando
lembramos o circo romano, a escravidão, os tribunais inquisitoriais, as
cruzadas, o assassinato de recém-nascidos com deficiência física e tantos
outros crimes de lesa-humanidade, praticados outrora com a iniciativa dos
governos e o aplauso dos governados, dá para perceber que houve progresso. Hoje
essas atrocidades geram repulsa, como está ocorrendo em relação ao episódio citado.
2 – Não obstante, crimes hediondos
continuam ocorrendo, em escala progressiva. Chega a ser assustador.
É preciso considerar que a população
mundial, no início do século passado, era de aproximadamente um bilhão e
seiscentos milhões de habitantes. Hoje está mais que sete bilhões, quase quatro
vezes maior. Por isso, embora em menor proporção, tais crimes ocorrem em maior
número. Por outro lado, há o espantoso desenvolvimento dos meios de
comunicação. Acontecimentos funestos tornam-se universalmente conhecidos em
questão de minutos, chocando a opinião pública. Antes, raramente ou tardiamente
tomávamos conhecimento do que acontecia fora do âmbito de nosso Estado ou de
nosso país.
3 – Isso é bom?
Emmanuel, em psicografia de Chico
Xavier, diz que o comentário em torno do mal é sempre o mal a expandir-se.
Milhões de pessoas maldizendo episódios dessa natureza, revoltadas contra os
criminosos submetidos à execração pública, entram numa faixa de desajuste e
favorecem a ação de Espíritos perturbados e perturbadores, a gerar novas
atrocidades, como rastilhos de pólvora a detonar explosivos.
4 – É uma perspectiva preocupante. A
própria indignação popular favorecendo a expansão do mal?
Quando se adensam as nuvens sobre uma
cidade, logo desabam temporais violentos, chuva pesada, raios destruidores,
causando sérios prejuízos. O mesmo acontece com a atmosfera psíquica. Se a
população não cultiva os valores morais preconizados por Jesus, turva-se o
ambiente psíquico, favorecendo a incidência maior de ocorrências policiais,
inclusive crimes que chocam a opinião pública.
5 – Não é razoável a indignação
popular diante de crimes hediondos, pressionando as próprias autoridades para
que haja justiça?
Justiça sob pressão é coerção que
favorece a injustiça. Em defesa da paz é preciso que a nossa justiça, como
ensina Jesus, exceda o olho por olho, dente por dente, de Moisés, exercitada
por escribas e fariseus.
6 – Qual é a proposta de Jesus?
Uma justiça inspirada na compaixão,
que nos coloca no lugar dos que praticam o mal para entender que são irmãos
nossos, necessitados, como ensina Jesus, de tratamento, não de execração.
7 – É impensável para a maioria da
população encarar dessa forma os que se comprometem em atrocidades, agindo com
requintes de crueldade.
Isso apenas demonstra quão
distanciados estamos da moral evangélica. E se o criminoso fosse nosso filho?
Não nos sentiríamos de certa forma culpados por não lhe termos oferecido uma
orientação moral que o isentasse de tais comprometimentos? E ainda que
tivéssemos a consciência tranquila, não nos compadeceríamos dele, procurando
ajudá-lo ao invés de repudiá-lo? A fórmula de Jesus é perfeita: aprendamos a
nos colocar no lugar das pessoas, reconhecendo a doença moral dos que se
comprometem com o crime e a dor moral daqueles que estão ligados a eles pelos
laços familiares e afetivos.
8 – E quanto às vítimas desses crimes
tenebrosos? Qual a sua situação após a morte?
Todo aquele que desencarna na
condição de vítima recebe amplo amparo dos benfeitores espirituais. Não
obstante, nossa posição além-túmulo não depende do tipo de morte que soframos,
mas do tipo de vida que levamos. As crianças constituem um caso especial. Sem
nenhum comprometimento com vícios, paixões e ambições, já que são Espíritos
acordando para a vida física, são imediatamente amparadas, sem maiores
problemas de readaptação à vida verdadeira.
Fonte: Chico de Minas Xavier. Por: Richard
Simonetti
chicodeminasxavier.com.br/
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