Na passagem evangélica da Mulher
Adúltera, a narrativa de João Evangelista resume-se até a absolvição dela. O
espírito Amélia Rodrigues, em o livro Pelos Caminhos de Jesus, pela psicografia
de Divaldo Franco, nos conta que naquela mesma noite a mulher procurou o Mestre
para mais elucidações. Abriu seu coração relatando-Lhe suas fraquezas, o
abandono do marido que se entregara às noitadas junto dos amigos e da tentação
de que não fora capaz de suportar. Reconhecia que nada desculpava sua atitude,
o que denotava arrependimento. Continuava sua exortação preocupada, pois não
poderia contar com ninguém já que fora levada a execração pública. Nem com a
ajuda de seu pai, tampouco de seu marido. Todos a abandonaram.
O Mestre lhe indicou a necessidade de
uma mudança, pois em Jerusalém não haveria espaço para um recomeço, tendo em
vista tudo o que aconteceu. Ela sentiu nas entrelinhas que deveria buscar novos
ares, onde pudesse viver sem a sombra do erro cometido. Na despedida, Jesus a
confortou: “Há sempre um lugar no rebanho do amor para ovelhas que retornam e
desejam avançar. Onde quer que vás estarei contigo e a luz da verdade no
archote do bem brilhará à frente, clareando o teu caminho”.
DIVULGADORA DA BOA NOVA
Dez anos transcorreram e vamos
encontrar nossa personagem em Tiro, em casa humilde, onde recebia companheiros
enfermos e abandonados. Um pouso de amor ela erguera. Não esquecera jamais a
passagem com o Messias. Tornara-se uma divulgadora da Boa Nova alentando almas,
enquanto limpava as chagas dos corpos doentes. Encontramos aí sua expiação.
Através dos trabalhos redentores se redimia perante a Lei de Causa e Efeito.
Mas faltava a reparação final: faltava-lhe apagar totalmente de sua consciência
o ato praticado dez anos atrás àquele que ofendera com o adultério. Faltava
compensar o ofendido.
Continua Amélia Rodrigues informando
que durante uma tarde, trouxeram-lhe um homem desfalecido. Ela tratou de suas
chagas, deu-lhe alimento revigorante que lhe aliviou as dores. Em seguida lhe
ofereceu mensagem falando de Jesus. Emocionado, o homem confessa que conhecera
o Doce Rabi em um fatídico dia em Jerusalém e desde então nutrira amargo
sentimento pelo Mestre Jesus. Guardava terrível raiva, pois o Mestre salvara a
esposa adúltera, porém, para com ele não guardara nenhuma palavra de consolo.
Confessara então que o tempo o fez meditar como se equivocou em seu julgamento
em Jerusalém. Buscava encontrar a companheira e a procurou em muitos lugares
sem êxito, até que a doença lhe visitara o corpo, consumindo-lhe as energias. Embargada
pelas emoções se recordara a mulher de todo o fato. Reconheceu o companheiro do
passado e sem revelar-lhe quem era, disse-lhe: “Deus é amor, e, Jesus, por isso
mesmo nunca está longe daqueles que O querem e buscam”.
A CURA DA ALMA
Encontramos nesta bela narrativa,
queridos leitores, a afirmação de que o amor liberta definitivamente, cura
todas as chagas de nossas almas, inclusive as feridas causadas pelos nossos
irmãos de jornada. Mas, devemos seguir o exemplo da mulher adúltera e
transpormos as barreiras do passado, buscarmos firmes através das lutas do
cotidiano as oportunidades para o reajustamento definitivo. Ressaltamos também
que o decurso de tempo é necessário neste processo, aliado ao esclarecimento
através do Evangelho exemplificado pelo Mestre Jesus, aprofundado com os
ensinamentos da Doutrina dos Espíritos. A necessidade de renovação íntima e
moral, e também de que em toda infração cometida à Lei de Deus, nascem o
arrependimento, expiação e reparação.
André Afonso Monteiro
Fonte: Correio Espirita
Bibliografia:
- Dias, Haroldo Dutra. João, capítulo
8, O Novo Testamento/ tradução de Haroldo Dutra Dias. – 1. ed. 2. imp. –
Brasília: FEB, 2013.
- Rodrigues, Amélia (Espírito). Atire
a primeira pedra. Luz no Mundo/ pelo Espírito Amélia Rodrigues; [psicografado
por] Divaldo Pereira Franco. Salvador: LEAL, 1971.
- Rodrigues, Amélia (Espírito).
Encontro de reparação. Pelos Caminhos de Jesus/ pelo Espírito Amélia Rodrigues;
[psicografado por] Divaldo Pereira Franco. Salvador: LEAL, 1988.
- Kardec, Allan, 1804-1869. Código
penal da vida futura. O Céu e o Inferno, ou, A Justiça Divina Segundo o
Espiritismo/ Allan Kardec; tradução de Albertina Escuderio Sêco. – 2. ed. – Rio
de Janeiro: CELD, 2011.
- www.feparana.com.br. Site federação
Espírita do Paraná. Artigo a Mulher Equivocada.
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