O Espírito protetor poderá abandonar
seu protegido, por esse se mostrar rebelde aos conselhos?
Afasta-se, quando vê que seus
conselhos são inúteis e que mais forte é, no seu protegido, a decisão de
submeter-se à influência dos Espíritos inferiores. Mas não o abandona
completamente e sempre se faz ouvir. É então o homem quem tapa os ouvidos. O
protetor volta desde que este o chame . . . (questão 495)
O motorista carregou na bebida.
Pesou no pé direito comprimindo o
acelerador.
O ônibus ganhou asas.
Os passageiros, assustados,
pediam-lhe que reduzisse a velocidade.
Ele, tranqüilo disse:
- Não se preocupem. Meu santo é
forte!
E voava baixo, ziguezagueando por
ruas e avenidas.
- Devagar, devagar! Cuidado!
- Calma, gente! Está tudo sob
controle. O santo nos protege!
Em pânico, os viajantes começaram a
descer, embora sua insistência:
- Fiquem frios! Meu santo não falha!
O coletivo esvaziou-se. Restou
derradeiro, heroico passageiro. Segurava-se precariamente ante as freadas
bruscas, as curvas fechadas do bólido sobre rodas.
Não resistiu muito tempo. Arrastou-se
até o motorista, tocou seus ombros e lhe disse:
- Meu filho, sou seu santo. Também
quero descer. Dirigindo assim, nem o Espírito Santo poderá protegê-lo.
E seguiu solitário o "pé de
chumbo", que acabou esborrachando-se num espetacular acidente que destruiu
o ônibus e o transferiu extemporaneamente para o além.
Confortador, maravilhoso saber que
"lá em cima" há amigos generosos dispostos a nos acompanhar e
proteger. Devemos buscá-los sempre, em oração, aprendendo a ouvir, na
intimidade do coração, sua orientação preciosa.
Consideremos, entretanto, que eles
não são babás a satisfazer nossos caprichos ou prestigiar nossos desatinos. Não
o imaginemos como um pajem a nos acompanhar nas 24 horas do dia, como se
fôssemos criancinhas. Se dirijo um automóvel de forma imprudente, meu mentor
não irá no pára-choque fazendo malabarismos para proteger-me. Essencialmente
ele é o mentor que, pelos condutos da inspiração, busca nos orientar nos
momentos mais importantes, estimulando-nos ao bem. Quando não os ouvimos eles
se afastam respeitando nosso livre arbítrio e voltam quando o chamamos.
Richard Simonetti- Grupo de Estudos
Allan Kardec
Fonte: Mensagem Espírita
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