Meus irmãos,
como falar do mal nos soa familiar, mas descrever nossa caminhada para a
presença sublime do Criador ainda nos parece um desafio e isso ocorre porque já
galgamos as etapas mais espinhosas do caminho, conhecemos o mal, mas ainda
estamos muito distantes do nosso destino. É fácil olhar para baixo, mas muito
difícil olhar para cima. A luz ainda nos cega.
O espírito
imortal se origina de um “quantum divino”, a mônada primordial, daí dizer que
temos a centelha de Deus e somos Sua imagem e semelhança. Essa mônada passa a
residir, nascer, em diferentes formas de vida, de todos os domínios naturais,
desde microrganismos, que vivem por minutos, até os animais ditos “superiores”.
Ao Pai nenhuma forma de vida é superior a outra, visto que todas estão em um
longo caminho que Dele se origina e para Ele converge. Durante esse processo,
que envolve milhares de formas de vida pelo caminho e consome bilhões de anos,
o comportamento instintivo e os sentimentos básicos afloram, moldando o ser
espiritual em desenvolvimento, adquirindo experiências e desenvolvendo os
potenciais latentes.
O período em
que a mônada, em seus estágios iniciais de evolução, permanece na erraticidade
é irrisório e, após a morte da forma de vida que a hospedava, um novo organismo
hospedeiro a recebe. A transferência é quase imediata. Não existe,
praticamente, tempo de erraticidade para as formas mais simples de manifestação
do princípio inteligente.
A descrição
da existência de animais nos planos não físicos, por assim dizer, não é nova
entre vocês. Companheiros sérios, por médiuns diversos, já fizeram
considerações detalhadas sobre a plenitude da vida em diversas esferas e isso é
real. A evolução biológica e espiritual também se processa nas esferas vibratórias
paralelas ao universo físico. A vida e a evolução encontram caminhos e caminham
sempre juntas, em profunda parceria. Em nosso meio, espécies hoje extintas no
plano físico ainda percorrem os prados e a mônada amplia as suas
possibilidades.
Após nascer
e renascer diversas vezes em espécies intelectualmente cada vez mais complexas,
como os primatas e mamíferos aquáticos, a mônada, que há muito deveria ser
chamada de espírito, por ter suas capacidades individualizadas pelo
aprimoramento, passa a viver em outros orbes e dimensões paralelas do nosso
mundo, reencarnam entre os elementais, seres míticos que povoam as lendas de
todos os povos do mundo e que, de fato, existem. Muitos humanos preferem voltar
a viver entre eles, preparando o crescimento desses irmãos para o renascimento
como homens propriamente ditos.
Os
elementais vivem nas dimensões mais próximas à crosta, em diferentes esferas
vibratórias e ali completam o desenvolvimento das habilidades básicas,
desenvolvendo o intelecto e ampliando o arcabouço moral que caracteriza os
“humanos” ao redor do universo.
No passado,
a transição entre os elementais e os humanos era realizada entre hominídeos
pré-humanos, dotados de consciência ainda fragmentária, revendo os passos que
já foram trilhados por aqueles que deram origem à espécie humana. Essa etapa do
processo não mais ocorre no plano físico terreno, mas em orbes primitivos, que
ainda não deram início ao desenvolvimento de sociedades complexas.
Futuramente,
na condição humana, renascem em povos primitivos tecnologicamente, mas já
plenos em seus atributos de consciência. Não podemos falar que os povos que
apresentam cultura material mais pobre são “espiritualmente primitivos”, posto
que muitos espíritos de grande envergadura, como Sequoyah e Si’ahl , conhecido
como chefe Seattle, entre os índios norte-americanos, viveram entre esses povos
como forma de colaborar para o contato com a civilização que os envolvia, e o
fizeram brilhantemente. É pobreza espiritual nossa julgá-los pelas aparências.
Gostaria de
deixar bem claro que não existe uma pirâmide evolutiva no sentido mais estrito,
mas caminhos que podem ser percorrido de diferentes formas, sendo que, quando
me refiro a “homens ou humanos”, englobo todas as espécies que possuem grande
capacidade de interação entre seus indivíduos, consciência de sua existência
pessoal e discernimento, independentemente do formato do corpo físico, que
obedece às condições que imperam em cada planeta onde a vida atingiu níveis de
consciência satisfatoriamente estruturada, como nos alerta o próprio Livro dos
Espíritos. Em muitos desses mundos, a vida floresce apenas nas dimensões
paralelas ao plano físico, de forma que, para vocês, diversos sistemas
planetários podem parecer desertos inóspitos, enquanto para nós, vida hospitaleira
pode ser contemplada.
Fenômenos
como esse, somados à falta de conhecimento científico aí e aqui, geraram muita
confusão, mesmo entre os espíritos, que são homens que perderam o invólucro
carnal, de forma que comunicações abordando a Exobiologia ou Astrobiologia
deixaram de ser encaminhadas para a Terra em função de orientações da
espiritualidade. A maioria dos médiuns não tem condições de atuar no
intercâmbio de assuntos que envolvem rigor científico e os doutores da lei das
academias modernas são ainda mais ácidos do que aqueles que discutiam a Torah
no tempo de Jesus. Contudo, devo colocar que grandes surpresas aguardam-nos nas
décadas que se seguirão. Cientistas terrenos farão descobertas significativas a
respeito do que eles julgam requisitos para a vida. Acreditamos que o próprio conceito de “vida”
deverá ser modificado com o tempo.
No presente,
todos os encarnados e desencarnados possuem alguma etapa de sua vivência
evolutiva fora do planeta Terra, uma vez que poucas sociedades ditas
“primitivas” sobrevivem e possuem o papel de berços para espíritos humanos
necessitados de conhecer a importância da simplicidade.
Nas
sociedades de caçadores-coletores remanescentes, espíritos de longas jornadas
pelas espécies hominais também estagiam na simplicidade da floresta como forma
de recuperar a humildade e a simplicidade perdidas em suas existências
anteriores, bem como irmãos envolvidos em obsessões severas, que podem, no seio
desses povos, escapar, por algum tempo, da ação de inimigos que os estavam acompanhando.
Assim, não devemos vê-los, na sua maioria, como entidades que principiam a
jornada ao nosso lado. Muitos nos dariam aula e a literatura universal, nos
diversos planos da vida, é capaz de apresentar palavras de rara beleza saídas
da boca dessas pessoas aparentemente simples.
A humanidade
cósmica caminha, da mesma forma que os espíritos que a compõem, de um planeta
primitivo, como já fomos recentemente, onde entidades egressas de outros orbes,
através de expurgos planetários compulsórios, encarnaram entre autóctones
recém-libertos das amarras que constituíam sua vivência entre as diferentes
espécies animais e entre os seres elementares. Após milênios, com o
desenvolvimento das primeiras sociedades complexas e a noção de riqueza e
poder, o orbe entra na condição de mundo de provas e expiações, como estamos
hoje e logo passaremos à próxima condição, a de planeta em regeneração.
Pessoalmente, acredito que adentramos essa última condição nos últimos anos,
com a instituição dos direitos universais do homem, na forma de uma
constituição planetária, além da criação de órgãos de gerenciamos e diálogo em
âmbito global. Contudo, o processo apenas engatinha e o conteúdo dos livros
precisa ser traduzido em fatos reais.
Com o
desenvolvimento da civilização, as crises se sucederam e sucederão e o planeta
passou a dar sinais claros de que reajustes eram necessários e urgentes. O
governo divino passou a enviar numerosos missionários, como Siddhartha Gautama
(Buda), Confúcio, Zaratustra, Moisés, Francisco de Assis e, acima de todos,
Yeshua, nosso amado Jesus, líder espiritual do nosso planeta, para dar um rumo
para nossas sociedades em expansão, trazendo diferentes nuances de um código
moral e espiritual.
No caso da
Terra, tivemos a honra de receber o próprio soberano planetário, Jesus, entre
nós. E o crucificamos. A misericórdia divina sempre se fez presente em nossas
existências na carne e fora dela e o ciclo de renovação se acelera com o fim do
atual período evolutivo, que se aproxima de um clímax, com sérias consequências
sobre a maneira com que encaramos o progresso e a vida. Toda transição é
traumática, posto que aglutina elementos de um mundo anacrônico que não quer
passar e de outro que produz o medo do desconhecido e que parece não chegar,
mas chega. Quando e onde? Nem o Filho sabe exatamente quando o fenômeno se
dará, somente o Pai conhece os detalhes do que virá a acontecer, uma vez que
todo o processo evolutivo depende do desempenho dos seus atores principais, os
espíritos encarnados e desencarnados em aprendizado constante.
Após o
expurgo, que já vem ocorrendo em nosso meio, o planeta e suas coletividades
ingressarão na longa fase de reconstrução da identidade espiritual e cada
indivíduo que o habita, em suas diferentes dimensões, será chamado ao trabalho
de reeducação. Haverá um crescimento assombroso da tecnologia e se desenvolverá
nos homens o respeito pela sua morada planetária, ao mesmo tempo em que as
cicatrizes da destruição por nós perpetrada no planeta irão se apagando
lentamente. Será o nascimento de uma sociedade mais consciente de tudo que a
envolve.
Espera-se
que os primeiros contatos entre humanos e seus vizinhos cósmicos ocorra nessa
fase e acelere ainda mais o desenvolvimento tecnológico e moral de nossas
sociedades, que nessa altura passarão a se encarar de uma forma mais fraterna e
mais distante dos pensamentos imperialistas de poucas décadas atrás. Os
preconceitos motivados por aparências e crendices deverão desaparecer em função
do maior intercâmbio entre os povos e pela difusão da educação como requisito
para o sucesso pessoal e profissional.
Não pensem
que as calamidades naturais deixarão de existir ou que o clima ficará mais
ameno. Isso não ocorrerá. Alguns espíritos comunicantes e médiuns se equivocam
quando falam das calamidades naturais em curso. Elas sempre ocorreram e se
tornaram mais destacadas em função do crescimento de nossas coletividades e a
fragilidade de nosso modo de vida. Elas representam a face jovem e mutante do
planeta. As mesmas erupções vulcânicas que espalham destruição por cidades
situadas nas encostas de vulcões, também trazem os elementos químicos
indispensáveis à vida. Os mesmos movimentos tectônicos que provocam tsunamis e
terremotos são os responsáveis pelo rejuvenescimento da face do planeta e por
criar condições adequadas para a tectônica de placas, que distribui o calor do
coração planetário à sua volta. As catástrofes representam, para o planeta, o
que o ciclo encarnação-desencarnação representa para o espírito, ou seja,
mudança e novas perspectivas. Precisamos a aprender mais com a natureza e
deixar o misticismo de lado.
As
modificações na biosfera são consequências de nossos próprios atos e demorarão
séculos para readquirirem o equilíbrio. Quando os espíritos falam de mudanças,
os encarnados pensam logo nas transformações físicas que tomarão o mundo como
palco, mas acreditamos que as principais modificações que ocorrerão se darão no
ambiente psíquico e espiritual do planeta.
O que
observamos e esperamos que ocorra é que, em função da maior solidariedade entre
os povos, o sofrimento das vítimas dessas catástrofes naturais seja mitigado e,
com o desenvolvimento de novas tecnologias, possamos nos tornar menos
susceptíveis a essas ocorrências e deixemos as áreas de maior risco. Nesse
ponto, muitas descrições dignas de ficção, como as escritas por Júlio Verne,
nada mais são do que “flashes” do desenvolvimento que o mundo hoje apresenta ou
logo contemplará. Seus autores, além de bons escritores, eram, em sua quase
totalidade, médiuns clarividentes ou intuitivos.
Os mundos de
regeneração progridem para coletividades mais estáveis e integradas à
consciência universal que emana de Deus. Quando o coletivo passa a ter mais
importância do que o individual e quando sentimos alegria com a alegria alheia,
entramos na distante condição de sociedades e mundos felizes, como descrito
pela espiritualidade, na codificação do Espiritismo.
Nos mundos
felizes, os encarnados pouco diferem dos desencarnados, no que concerne à sua
sensibilidade e habilidades. Para os atuais habitantes encarnados da Terra,
esses irmãos que vivem nos mundos felizes seriam considerados espíritos, de
forma que teremos que relativizar o que chamamos de “planos espirituais”.
Contudo, antes que a vida atinja o estágio dos mundos felizes, no final do
processo regenerativo a existência física de cada um na matéria ordinária
perdurará por séculos e milênios, em função de terapias médicas e regeneração
celular, o mesmo período de tempo que permaneceremos na erraticidade.
A condição
dos mundos felizes somente poderá ser atingida quando a nossa materialidade for
vencida. A humanidade, como a conhecemos, terá de “morrer” para que outra
renasça em planos mais iluminados do que o nosso. Nessa condição, o que poderá
ser considerado encarnado ou desencarnado representará apenas um detalhe, como
pode ser lido no Evangelho Segundo o Espiritismo, quando o assunto da evolução
planetária é contemplado.
Nessa fase,
a alternância de vidas nas esferas de trabalho e esferas de refazimento (5)
seguirá a vontade do próprio espírito e a necessidades de correção de suas
imperfeições, que irão sugerir como e onde deverá se iniciar mais um ciclo
entre os encarnados. Nessa fase, o intercâmbio mediúnico será corriqueiro e
constante, enquanto as religiões irão se tornando cada vez mais indistinguíveis
umas das outras, deixando de lado a estrutura hierárquica e a fé dogmatizada do
passado distante e apresentando uma estrutura mais fluída e que representa a
lenta ascensão em direção a Deus. Os homens passarão a dar mais valor às
semelhanças, que os unem, do que para as diferenças, que ainda os separam.
No âmago de
nossos corações conseguimos sentir como esses mundos são e o nosso deverá se
tornar e isso como um estímulo para o nosso próprio crescimento. Com o tempo, a
necessidade de mundos mais densos, físicos, em nossa dimensão do contínuo
tempo-espaço, irá se reduzindo e, por fim, se extinguirá. A civilização, como a
conhecemos, precisa agonizar para que entremos no universo dos mundos plenos,
chamados de reinos angelicais pelos egressos do cristianismo mais tradicional,
nos quais os espíritos comungam diretamente da fonte divina, livres do processo
de renascimento e morte.
Nessas
condições, não perdemos a nossa consciência ou individualidade, mas podemos
interagir de diferentes formas com a criação e com o Criador. Os verdadeiros
anjos já se libertaram da sua humanidade e com ela aprenderam o seu real papel
no universo e passaram a guiar os irmãos que iniciaram a jornada e estão dando
os primeiros passos. Por isso sempre estivemos e estaremos amparados nesse processo
contínuo.
Somente
assim, quando os segredos da criação deixarem de nos limitar e passarmos a
sentir plenamente a presença do Criador é que estamos libertos. Aqui,
costuma-se dizer que nessa fase o Pai comunga com Suas criaturas, as maravilhas
da criação. Bilhões de anos terão transcorrido até que isso tenha ocorrido
conosco.
Estamos, no
presente, mais próximos do começo do que do fim desse caminho, mas os trechos
mais difíceis da jornada já foram atravessados
Autor espiritual:
Joseph Gleber-Médium: Elerson Gaetti
Texto
retirado do livro “Vida Além da Vida” volume 1, de autoria de Ishmael ben
Gurion e Joseph Gleber