Como é
natural, muitas pessoas tem curiosidade em saber se há constituição de lares no
além e, consequentemente, se há relações sexuais entre os seres que se unem em
matrimônio e, mais, se existe gestação no mundo espiritual.
As respostas
encontrei-as nas mensagens que os desencarnados enviaram a seus pais e parentes
encarnados, através de Chico Xavier.
Nas 500
mensagens que estudei, publicadas em mais de uma centena de obras, encontrei as
respostas que procurava e coloquei-as no meu livro Nossa Vida no Além. No
capítulo Inquietações da Libido, abordo muitas dessas questões.
Aprendi que
nas regiões mais evoluídas há também o casamento das almas, que se unem
conjugadas pelo amor puro, gerando obras admiráveis de progresso e beleza.
No caso,
porém, em que esse enlace deva ser adiado, por circunstâncias inamovíveis, os
Espíritos de comportamento superior aceitam, na Terra, a luta pela sublimação
das forças genésicas, aplicando-as em trabalho digno.
Por isso
vemos muitas criaturas encarnadas que, embora separadas de sua alma gêmea,
desenvolvem serviços de amor aos semelhantes, a fim de aplicarem de forma útil
suas energias sexuais, até que, um dia, possa reencontrá-la, nas outras
dimensões da vida infinita, e integrar-se em seu halo energético, na
complementação ideal.
Ivo de
Barros Correia Menezes, o Ivinho, enviou vinte cartas para sua mãe, através do
médium Chico Xavier, seis delas estão no livro Retornaram Contando, cinco
outras em Gratidão e Paz, e algumas esparsas. Em 1983, cinco anos após a sua
desencarnação, ocorrida aos 18 anos, desabafou com sua mãe Neide (28):
Continuo
desencarnado e prossigo querendo casar-me e ser pai de família. Estimo os avós
que me favorecem aqui com os melhores ensejos de ser feliz, mas, no fundo de
mim mesmo, o que desejo realmente será formar na juventude do meu tempo e
adotar uma vida caseira, pródiga de bênçãos de paz. Mãe Neide, é que seu filho
anda partido em dois, tamanho é o meu anseio de realizar-me na condição de
homem.
Em sua sexta
carta, psicografada em 26 de maio de 1984, Ivinho continuou a dialogar
francamente com o coração materno, expondo seus anseios mais íntimos: aquele
desejo de passear com uma garota a tiracolo observando se ela nos serviria para
um casamento futuro prevalece comigo.
Muitos
rapazes se desligam com facilidade desses anseios. Tenho visto centenas que me
participam estarem transfigurados pela religião e outros adotam exercícios de
ioga com o objetivo de cortarem essas raízes da mocidade com o mundo.(…)
Meu tio Ivo
fala em amor entre os jovens, apenas usufruindo o magnetismo das mãos dadas, e
até já experimentei, mas a pequena não apresentava energias que atraíssem para
longos diálogos sobre as maravilhas da vida por aqui. Fiz força e ela também;
no entanto, nos separamos espontaneamente, porque não nos alimentávamos
espiritualmente um ao outro.
Creio que
meu caso é uma provação que apenas vencerei com o apoio do tempo. (…)
Se estivesse
aí faria 25 anos em janeiro próximo ; um tempo lindo para se erguer um lar e criar
filhos(…)
Realmente a
provação, com vistas à disciplina emotiva, parece implícita no caso de Ivinho,
à semelhança de milhares de outros jovens, como ele mesmo pôde constatar, entre
seus companheiros de Vida Nova. Mas é interessante anotar a sinceridade de seu
coração, abrindo a alma por inteiro para a mãe à procura de apoio.
Nesta mesma
carta, continuou:
Mamãe Neide,
por que será que o homem passa por este período de necessidade de integração
com uma outra criatura no casamento? Sei lá… A minha avó Celeste considera
fácil esta abstenção por aqui, porque nos afirma que, em nossa esfera não há
possibilidade de gravidez. Mas com gravidez ou sem ela eu queria uma
companheira loura ou morena, que se parecesse com você, que me protegesse, que
me conseguisse organizar os lugares para descanso, que eu pudesse beijar muitas
vezes para compensá-la do carinho que me consagrasse.(…)
Dizem por
aqui que os pares certos trocam emoções criativas e maravilhosas no simples
toque de mãos; no entanto, estou esperando o milagre.
Em seus
apontamentos, Ivinho lembrou que, na Terra, rapazes e moças buscam dedicar-se
aos esportes na tentativa de liberar o magnetismo do sexo, no entanto, para ele
nem mesmo isso daria jeito.
O jovem não
disse, mas o esporte na Espiritualidade tem outras modalidades uma vez que o
sistema muscular estriado ou esquelético existente no corpo físico não
permanece no perispírito, é transformado, durante a histogênese espiritual. Lá
não se utiliza senão a força mental e os deslocamentos individuais operam-se na
faixa da volitação.
Referiu-se
aos estudos e trabalho que desenvolve sob a orientação dos instrutores
espirituais, e quando interrogado por eles, não teve coragem de mentir quanto
ao seu verdadeiro estado mental em relação ao sexo:
Enfim, esta
é minha atualidade e não podia omitir o que sinto perante você, minha mãe,
minha confidente e minha melhor amiga. Com o tempo, vamos regularizar tudo
isso. Esteja tranquila. Refiro-me ao assunto, porquanto noto que a maioria dos
jovens desencarnados, que se comunicam dão uma volta no caso e passam por cima;
no entanto, sei que a maioria deles está em posição semelhante à minha. Mas não
há de ser nada. Acredito que vou entrar no cordão das mãos entrelaçadas e
depois lhe darei notícias.
As cartas do
jovem Ivo à sua mãe constituíram, a nosso ver, um esforço enorme de seu
Espírito para adaptar-se ao Plano Espiritual. Com esse desabafo, possibilitado,
durante tantos anos, pela psicografia, ganhou forças para resistir, contando
principalmente com a compreensão da mãe e da avó.
No mundo
espiritual, seu avô Barros chegou a sugerir-lhe uma nova encarnação, mas o
jovem apavorou-se: (…) isso é um assunto grave, porque não desejo assumir outra
personalidade esquecendo os vínculos que me ligam ao seu querido coração.
Enganam-se
lamentavelmente quantos possam admitir a incontinência sexual como regra de
conduta nos planos superiores da Espiritualidade.(…)
Como vemos,
ainda temos muito que aprender lendo as cartas recebidas por Chico Xavier,
enviadas por aqueles que partiram, sobretudo os jovens, aos entes queridos que
ficaram na Terra.
Fonte:
Kardec Rio Preto- Marlene Nobre