Muitas vezes
somos tomados pela curiosidade de saber sobre o que fizemos, ou o que fomos, em
encarnações anteriores. Tenho certeza que um dos primeiros pensamentos que
temos, ao estudar a reencarnação, é “quem será que fui? Em que época vivi?”.
Eu, ao menos, passei muito tempo pensando nisso, quando era mais jovem, a ponto
de considerar sessões de regressão.
Talvez
queiramos saber que, em uma existência anterior, fomos diferentes, famosos,
importantes. Que contribuímos, de alguma forma, para a evolução do planeta, na
forma de pensadores, inventores, escritores, médicos. Nem tanto por vaidade,
mas para chegar a uma espécie de paz: “ao menos”, podemos pensar, “eu já fiz
algo de valor”.
Nos
esquecemos, porém, que apenas começamos nossa escalada em direção ao Bem e que,
mais provavelmente que não, cometemos erros, desperdiçamos oportunidades,
magoamos aqueles que amávamos e que, muitas vezes, reencarnaram em nosso meio
atual de convivência.
Nos
sentiríamos humilhados, se nossos próximos soubessem de todos os erros que
cometemos na presente encarnação; muitas vezes, nos sentimos humilhados ao ter
de admiti-los até a nós mesmos. Convém então perguntar o que sentiríamos se
adicionássemos as falhas do passado às falhas atuais? Naturalmente, nos
sentiríamos bem mais desanimados, sabendo de todas as vezes que reincidimos nos
mesmos erros.
Deus sabe o
que faz. Se o esquecimento do passado é obrigatório, há razões para isso, até
mesmo além das que conhecemos.
Não nos
lembramos das vidas passadas e nisso está a sabedoria de Deus.
Se
lembrássemos do mal que fizemos ou dos sofrimentos que passamos, dos inimigos
que nos prejudicaram ou daqueles a quem prejudicamos, não teríamos condições de
viver entre eles atualmente.
Pois, muitas
vezes, os inimigos do passado hoje são os nossos filhos, nossos irmãos, nossos
pais, nossos amigos, que presentemente se encontram junto de nós para a
reconciliação. Por isso, existe a reencarnação.
Certamente,
hoje estamos corrigindo erros praticados contra alguém, sofrendo as
consequências de crimes perpretados, ou mesmo sendo amparados, auxiliados por
aqueles que, no pretérito, nos prejudicaram. Daí a importância da família, onde
se costumam reatar os laços cortados em existências anteriores.
A
reencarnação, desta forma, é a oportunidade de reparação, como também,
oportunidade de devotarmos nossos esforços pelo bem dos outros, apressando
nossa evolução espiritual.
Diversas
vezes, em nossa vida, desejamos a chance de começar de novo, por diferentes
razões: quando decidimos nos reorientar profissionalmente, procurando uma
ocupação mais adequada às nossas aspirações; quando relacionamentos que
acreditávamos indestrutíveis terminam, nos deixando desconfiados e magoados;
quando, por qualquer motivo, nos sentimos enfraquecidos por um conjunto de
experiências difíceis e precisamos de uma renovação de nossa esperança e de
nossa fé.
Reencarnar é
a chance desse novo início, em todos os sentidos. Ainda que voltemos, muito
frequentemente, em meio aos mesmos espíritos que nos eram próximos em
encarnações anteriores, nossa relação com eles é totalmente restaurada para que
tenhamos nova chance de reparar o mal que a eles fizemos.
Não
precisamos saber quem fomos ou como agimos no passado, para evoluirmos. Nossas
tendências, para bem ou para mal, continuam as mesmas, pois o espírito é o
mesmo. Através da observação dessas tendências, das pessoas e das situações que
aparecem em nossa vida atual, é possível compreender o que temos de melhorar,
quais qualidades precisamos desenvolver e o que ainda precisamos corrigir.
É claro que
não nos tornaremos espíritos completamente puros em apenas uma encarnação. Mas
um primeiro passo já é um passo, que nos levará ao passo seguinte e ao seguinte
a este.
Podemos
argumentar que, conhecendo ao menos aquilo que nos propomos a fazer, enquanto
estávamos no plano espiritual, poderíamos cumpri-lo com maior facilidade.
Talvez isso seja verdade. Mas seríamos realmente verdadeiros, se estivéssemos
apenas cumprindo uma lista de afazeres? Estaríamos realmente nos empenhando em
procurar caminhos, se já tivéssemos nas mãos um mapa?
Não
precisamos, em verdade, de um mapa. Nossa consciência já atua como uma bússola,
nos indicando sem cessar o caminho que nos convém seguir: é preciso, porém,
aprender a escutá-la, pedindo sempre o auxílio dos espíritos superiores em
nossas preces, e nos comprometendo a segui-la.
ANA BLUME
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