A palavra "coma" advém do termo grego koma, que
significa "estado de dormir", mas estar em coma não é o mesmo que
estar dormindo. Alguns pacientes em estado comatoso podem sair do problema
depois de algum tempo. Porém, há uma grande diferença entre estar em coma e
estar em estado vegetativo. Este último é um tipo de coma em que o paciente,
quando desperto ou quando dorme, não reage aos estímulos. Há vários conceitos e
muitas incertezas sobre esses estados de inconsciência. Sabe-se, porém, que as
taxas de sobrevivência ao coma são de, até, 50%, e pouco menos de 10% saem do
coma e conseguem uma recuperação completa. Os pesquisadores acreditam que a
consciência depende da constante transmissão de sinais químicos do tronco
cerebral e tálamo para o cérebro. Essas áreas estão conectadas por caminhos
neurais chamados Substância Reticular Ativada. Qualquer interrupção nessas
mensagens pode colocar a pessoa em um estado alterado de consciência.
O corpo físico de uma pessoa em coma não é capaz de perceber
os estímulos internos e externos e de reagir, fisicamente, a esses estímulos
apreendidos. Mas, espiritualmente, o indivíduo é capaz de perceber o que
acontece em seu redor. Em verdade, quando o corpo entra em um estado
neurofisiológico alterado ("estados alterados de consciência"), como
o sono físico, o sonambulismo, o êxtase, o coma, etc., o perispírito tem
possibilidade de expandir-se, e o Espírito se liberta, parcialmente, do corpo
em repouso, embora ainda ligado, a esse, por um "laço" fluídico, sem
o qual desencarnaria. A Doutrina Espírita explica que o homem é constituído de
três partes: o corpo físico, que possui automatismos biológicos dirigidos pela
mente; o Espírito, centro da inteligência, indestrutível, que sobrevive à morte
do corpo, libertando-se e retornando à vida espiritual, para voltar à vida
material em uma nova reencarnação; e, finalmente, o perispírito, laço de união
entre o Espírito e a matéria, corpo fluídico semi-material (energético) que
"reveste" o Espírito e permite a ligação, deste, com o corpo.
Na Codificação, não encontramos farta referência sobre o
coma, propriamente dito. Contudo, podemos compreender o que se passa com o
Espírito no estado comatoso, refletindo as lições dos Benfeitores Espirituais,
consoante explica O Livro dos Espíritos sobre "estado de letargia e morte
aparente." (2) Para Kardec, "a letargia e a catalepsia têm o mesmo
princípio, que é a perda momentânea da sensibilidade e do movimento
(...)". Portanto, se no sono e na letargia a alma não fica presa ao corpo,
a fortiori não ficará presa no coma, até porque "(...) o Espírito jamais
fica inativo" (3) No entanto, há pacientes, em estado de coma, que muitas
vezes ficam presentes no local onde seus corpos ficam paralisados, presenciando
o que ocorre ao seu redor ou em qualquer lugar, à semelhança do que confirma o
caso Rom Houben. Se familiares, amigos ou médicos conversarem com o paciente,
podem ter a certeza de que ele terá condições de ouvir e ver, sem, contudo, ter
a capacidade de dar a resposta "física". Pode, até, surgir, normalmente,
em sonhos, pois quem está aprisionado na cama é o corpo e não o Espírito.
Portanto, o Espírito não fica preso o tempo todo ao corpo doente, pois, neste,
só funciona a vida vegetativa e, nesse estado, o corpo só precisa do Espírito
para mantê-lo vivo; o Espírito, somente "preso ao corpo" ficaria
inativo, sem condições instrumentais para evoluir. Por isso, sabemos que, no
coma, o Espírito poderá estar em outras dimensões, sem estar adstrito ao corpo,
em situação semelhante ao de uma pessoa dormindo.
A miopia médica, para as questões espirituais, tem atrasado
os avanços necessários para o tratamento integral do ser humano. A causa para
alguém passar muito tempo em estado de coma, embora com profunda consciência na
intimidade do ser, e compreendendo a Lei Divina como perfeita, é certo que essa
experiência deva servir de resgate de débitos morais contraídos em outras
vidas, ante a justiça do princípio da reencarnação.
FONTES:
Jorge Hessen
(1) Linda Wouters é a terapeuta e afirmou à Associated Press
que pode senti-lo guiar sua mão com uma pressão sutil vinda de seus dedos, e
que inclusive percebe sua negativa quando digita uma letra errada
(2) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro:
Ed. FEB, 2001, questões 422/424 (3) idem, questão 401.
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