Segundo o
Espiritismo, o planeta Terra não terá um fim, como descreve o mito cristão do
Juízo Final, mas uma transformação, na época de sua regeneração, em que o nosso
planeta atingirá mais uma etapa evolutiva, subindo um degrau a mais na sua
evolução material e moral, semelhante à que ocorreu no planeta Capela, há
milhares de anos atrás, e semelhante às etapas de regeneração que ocorrem
constantemente nos milhares de outros planetas habitados do Universo. Na fase
de regeneração do planeta Terra, os seus habitantes que ainda não tiverem
atingido o nível de adiantamento moral adequado à sua nova etapa evolutiva, não
mais reencarnarão aqui, mas em outros planetas de níveis semelhantes ou
inferiores ao do planeta Terra. Isto, porém, não é o fim do mundo, mas o início
de uma nova era para o planeta Terra, uma era de mais união, amor, paz e
fraternidade entre os seus habitantes. Na nova fase evolutiva da Terra, repito,
só reencarnarão nela espíritos mais evoluídos do que a grande maioria dos
atuais habitantes dela, os quais serão exilados para outros planetas de nível
semelhante ou inferior ao de nosso atual planeta Terra. Nesse sentido,
reflitamos agora sobre o Juízo Final, na visão espírita, conforme os lúcidos
esclarecimentos fornecidos por Allan Kardec, o codificador da Doutrina dos
Espíritos: Chegado o momento em que, pelo progresso moral de seus habitantes, o
globo terráqueo tem de ascender na hierarquia dos mundos, interdito será ele,
como morada, a encarnados e desencarnados que não hajam aproveitado os
ensinamentos que uns e outros se achavam em condições de aí receber. Serão
exilados para mundos inferiores, como o foram outrora para a Terra os da raça
adâmica, vindo substituí-los Espíritos melhores. Essa separação é que se acha
figurada por estas palavras sobre o juízo final: “Os bons passarão à minha
direita e os maus à minha esquerda.” A doutrina de um juízo final, único e
universal, pondo fim para sempre à Humanidade, repugna à razão, por implicar a
inatividade de Deus, durante a eternidade que precedeu à eternidade da Terra e
durante a eternidade que se seguirá à sua destruição. Que utilidade teriam
então o Sol, a Lua e as estrelas que, segundo a Gênese, foram feitos para
iluminar o mundo? Causa espanto que tão imensa obra se haja produzido para tão
pouco tempo e a benefício de seres votados de antemão, em sua maioria, aos
suplícios eternos. Materialmente, a ideia de um julgamento único seria, até
certo ponto, admissível para os que não procuram a razão das coisas, quando se cria
que a Humanidade toda se achava concentrada na Terra e que para seus habitantes
fora feito tudo o que o Universo contém. É, porém, inadmissível, desde que se
sabe que há milhares de milhares de mundos semelhantes, que perpetuam as
Humanidades pela eternidade em fora e entre as criando um blog quais a Terra é
dos menos consideráveis, simples ponto imperceptível. O juízo, pelo processo da
emigração, conforme ficou explicado acima, é racional; funda-se na mais
rigorosa justiça, visto que conserva para o Espírito, eternamente, o seu
livre-arbítrio; não constitui privilégio para ninguém; a todas as suas
criaturas, sem exceção alguma, concede Deus igual liberdade de ação para
progredirem; o próprio aniquilamento de um mundo, acarretando a destruição do
corpo, nenhuma interrupção ocasionará à marcha progressiva do Espírito. Tais as
consequências da pluralidade dos mundos e da pluralidade das existências.
Segundo essa interpretação, não é exata a qualificação de juízo final, pois que
os Espíritos passam por análogas fieiras a cada renovação dos mundos por eles
habitados, até que atinjam certo grau de perfeição. Não há, portanto, juízo
final propriamente dito, mas juízos gerais em todas as épocas de renovação
parcial ou total da população dos mundos, por efeito das quais se operam as
grandes emigrações e imigrações de Espíritos. (KARDEC, A Gênese, cap. 17, n.
63- 67)
SOMENTE O
PROGRESSO MORAL PODE REGENERAR A HUMANIDADE O progresso intelectual realizado
até ao presente, nas mais largas proporções, constitui um grande passo e marca
uma primeira fase no avanço geral da Humanidade; impotente, porém, ele é para
regenerá-la. Enquanto o orgulho e o egoísmo o dominarem, o homem se servirá da
sua inteligência e dos seus conhecimentos para satisfazer às suas paixões e aos
seus interesses pessoais, razão por que os aplica em aperfeiçoar os meios de
prejudicar os seus semelhantes e de os destruir. Somente o progresso moral pode
assegurar aos homens a felicidade na Terra, refreando as paixões más; somente
esse progresso pode fazer que entre os homens reinem a concórdia, a paz, a
fraternidade. Será ele que deitará por terra as barreiras que separam os povos,
que fará caiam os preconceitos de casta e se calem os antagonismos de seitas,
ensinando os homens a se considerarem irmãos que têm por dever auxiliarem-se
mutuamente e não destinados a viver à custa uns dos outros. Será ainda o
progresso moral que, secundado então pelo da inteligência, confundirá os homens
numa mesma crença fundada nas verdades eternas, não sujeitas a controvérsias e,
em consequência, aceitáveis por todos. A unidade de crença será o laço mais
forte, o fundamento mais sólido da fraternidade universal, obstada, desde todos
os tempos pelos antagonismos religiosos que dividem os povos e as famílias, que
fazem sejam uns, os dissidentes, vistos, pelos outros, como inimigos a serem
evitados, combatidos, exterminados, em vez de irmãos a serem amados. A geração
que desaparece levará consigo seus erros e prejuízos; a geração que surge,
retemperada em fonte mais pura, imbuída de ideias mais sãs, imprimirá ao mundo
ascensional movimento, no sentido do progresso moral que assinalará a nova fase
da evolução humana. (A Gênese, cap. 18, n. 18-20)
Concluindo,
só na visão espírita o Juízo Final tem uma explicação racional.
Ana Maria Teodoro Massuci
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