É um
equívoco afirmar, sobretudo o cristão, que não existe morte.
Imortal é o
espírito. O corpo que ele usa, em cada existência, morre e permanece na Terra
enquanto a alma retorna ao mundo espiritual. Com o tempo, os elementos
corpóreos se reintegram em outros seres em sua volta, porque é da lei da Física
que nada se perca, nada se acabe, tudo se transforme.
"Nascer,
morrer, renascer ainda, e progredir incessantemente, tal é a lei" - assim
resume Allan Kardec a evolução do homem, no caminho de sua felicidade
verdadeira e definitiva, o Reino dos Céus preconizado pelo Cristo.
A não ser
para o suicida, que optou pelo desenlace antes do tempo, arrancando,
abruptamente, do corpo a própria alma, antes de se completar seu novo ciclo,
morrer não dói.
A morte é um
sono, disse o Nazareno, tão amigo da vida como da morte, na expressão de
Huberto Rohden, um dos grandes pensadores cristãos deste século. Com a lógica
de sua filosofia, Rohden pergunta:
"Se for
boa tua vida, como será má tua morte ? Não sabes que a morte é o corolário da
vida ? Por que hesitaria a fruta madura em desprender-se da haste ? Por que
desprenderia com dor o que amadureceu às direitas ?"
Em O Livro
dos Espíritos se aprende que o corpo, quase sempre, sofre mais durante a vida
do que no momento da morte. A alma nenhuma parte toma nisso. Os sofrimentos,
que às vezes se experimentam no instante da morte, são, até mesmo, "um
gozo para o Espírito", que vê chegar o fim do seu exílio.
A separação
nunca é instantânea. A alma se desprende gradualmente. O Espírito se solta
pouco a pouco dos laços que o prendiam. Os laços se desatam, não se quebram.
Não raro, na
agonia, a alma já deixou o corpo, que nada mais tem do que vida orgânica. O
homem não possui mais consciência de si mesmo e, não obstante, ainda lhe resta
um sopro de vida.
Espíritos
que partiram antes de nós se comunicam, todos os dias, na rotina dos trabalhos
das casas espíritas, comprovando a imortalidade e confirmando a impressão que
tiveram na passagem entre dois mundos distintos.
Dormiram,
para despertar aos poucos, no seu elemento natural que é o mundo espiritual.
Atravessaram
um período de perturbação para, no outro lado da vida, se encontrar consigo
mesmo e com a plenitude da Infinita Bondade e da Justiça Divina.
Jávier
Gódinho
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