Em julho de 1856, uma senhora da
cidade francesa de Boulogne-sur-Mer escreve uma carta, no mínimo curiosa, à
Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.
Ela estava na sala de jantar com o
seu filho, um notável médium capaz de manter comunicações com os Espíritos,
lendo um livro sobre magnetismo. Em certo momento, ele pega o livro da mãe e
começa a folhear algumas páginas. Sob a orientação de seu mentor espiritual, o
rapaz volta a sua atenção para história de um médico que houvera visitado, em
Espírito, um amigo distante enquanto dormia o seu corpo físico.
Aquela aventura lhe faz lembrar seus
amigos em Londres e o jovem comenta o quanto gostaria de passar por experiência
semelhante. Na carta, sua mãe conta que, ouvindo aquele pedido, o seu guia
espiritual lhe informa que no dia seguinte seria domingo e ele poderia levantar
mais tarde. E complementa com a informação de que na sexta-feira seguinte
receberia uma carta de seus amigos.
No dia seguinte, às oito da manhã, o
jovem entra em sono profundo. Meia hora depois se levanta sem lembrar-se de
nada do que ocorrera.
Passa-se então uma semana e
exatamente na sexta-feira seguinte, conforme descrito pelo seu guia espiritual,
chega uma carta de seus amigos da Inglaterra. Com uma perfeição de detalhes,
não explorados pela narradora para não alongar a transcrição, os amigos
censuram o jovem por ter ficado tão pouco tempo com eles.
Segundo os relatos da mãe, não havia
dúvidas de que o filho fora até a cidade britânica e lá tenha ficado trinta
minutos com os amigos. A carta deles era a prova dos fatos ocorridos.
Este caso foi publicado por Allan
Kardec na Revista Espírita de dezembro de 1858, sob o título “Aparições” (1).
Nesta publicação citam-se ainda outros eventos de possíveis aparições dos
Espíritos dos vivos em locais distantes de onde se encontravam os seus corpos
físicos.
Um deles era o de uma senhora que
constantemente via a circulação de pessoas entrando e saindo de sua casa à
noite. Independente da iluminação e mesmo com todas as portas fechadas, a
movimentação ocorria e a deixava espantada. Certa feita percebeu nitidamente
que se tratava do seu irmão que morava na Califórnia e que não havia morrido.
Estes fatos são possíveis e
conhecidos pelo nome bicorporeidade (2).
Enquanto estamos em vida, nosso
Espírito liga-se ao corpo por meio de uma substância semimaterial que o envolve
e que a Doutrina Espírita o designa como sendo o períspirito. Quando dormirmos,
afrouxam-se os laços que nos ligam ao corpo físico (3). Conforme as nossas
intenções e possibilidades, podemos ficar, em Espírito, próximos ao corpo
físico que repousa ou irmos ao longe, mantendo-se conectados àquele.
Em estado normal, o períspirito
mantem-se invisível para nós. Contudo, pode sofrer modificações que o tornam perceptíveis
e até tangíveis. Logo, não é impossível ocorrer de estarmos com alguém à nossa
vista que, em verdade, esteja fisicamente bem distante. Tudo dependerá da
disposição molecular do períspirito que atenderá a vontade do Espírito de se
tornar visível ou não, seguindo-se leis naturais que ainda desconhecemos.
Márcio Martins da Silva Costa.
Fonte: Agenda Espírita- Por: Márcio Martins da Silva Costa.
www.agendaespiritabrasil.com.br/
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