Trabalhando com os caravaneiros da
luz.
Irmãos amados, confrades das lides
espíritas, com os quais caminhei em minha roupagem terrena.
Sinto-me penalizado, com o coração
confrangido ao ver o sofrimento imenso de irmãos nossos, recolhidos das Cidades
do Astral Inferior.
Irmãos esses, dentre os quais
poderíamos facilmente localizar e identificar antigos esposos e esposas, filhos
queridos, pais e mães outrora muito amados, irmãos de sangue, companheiros dos
folguedos infantis e peripécias da juventude.
Devido aos revezes da vida,
deixaram–se arrastar sob a penosa condição de espíritos delinquentes, indo
parar nos charcos imundos do astral inferior. Agora, retirados das masmorras do
além-túmulo, esses irmãos sobem, conduzidos por “caravaneiros amigos”, que
dedicam seu tempo a auxiliar aqueles que sofrem.
As “caravanas” não param de chegar.
São nove, dez comboios por vez, e vêm todos repletos de espíritos carentes. A
maioria em estado tão lastimável que nos constrange, até mesmo descrevê-lo; afinal,
são irmãs e irmãos nossos.
Embora muitos deles já não apresentem
a aparência humana, sabemos que são humanos, pela ficha que os acompanha e que
relata sua história. A história que os conduziu até aquele momento.
Senhores, a realidade no plano astral
é muitas vezes pior do que a realidade que estais a vivenciar no plano físico,
pois aqui, nascem os desequilíbrios e as perturbações, que avançam sobre o
mundo material.
No astral da Terra, encontram-se as
raízes do mal que acomete a humanidade e se assim compreenderdes, fica fácil
concluir o quanto se faz necessário medicar os homens localizados nas esferas invisíveis
da vida.
Penosamente, sensibilizado com a
realidade dos doentes egressos das Cidades no Astral Inferior, solicitei
autorização para descer junto a um Grupo de Combate e embora não seja minha especialidade
empunhar espadas e combater, creio que, com a ajuda de Deus, poderei ser útil
levando minhas mãos ao encontro dos caídos e dos feridos.
Também posso, com minhas mãos, romper
cadeados, abrir as celas e amparar os desvalidos, colaborando assim com a
limpeza geral que está sendo realizada.
Segundo o parecer dos Irmãos
Superiores, meu desencarne recente, pode ser fator de confrangimento maior,
porque as recordações e impressões vividas na matéria ainda se encontram frescas.
Precisamente por essa razão, creio
que poderei auxiliar ainda mais e amorosamente aqueles que lá estiverem.
Solicitação atendida, mergulho com os Guerreiros da luz, pelo mundo negro dos abismos
do astral inferior e lá farei de meus olhos, vossos olhos.
Que em nossa visão possamos
elevar-nos ao Altar do Senhor, gratos pela vida e prontos a servir, onde e como
Ele queira.
No dia combinado, apresentei-me ao
Irmão Ranieri e dizendo-lhe das minhas intenções de servir e meu despreparo como
“guerreiro”, entreguei-me como “enfermeiro de almas” ou se assim ele o
considerar mais apropriado, “faxineiro do astral”.
Ranieri, irmão marcado pela
determinação do pensamento e ação, recebeu-me amavelmente informando-me que
Emmanuel, com ele se comunicara dizendo-lhe de minhas intenções e preparando-o
para receber-me.
Feliz encontro, o de almas amigas que
se reúnem para servir com Jesus!
No dia combinado, alojei-me num dos
carros, não sem antes colaborar no carregamento dos equipamentos e medicamentos
necessários aos primeiros socorros.
A caravana aproveita a oportunidade
para abastecer Postos de Socorro e pequenos Núcleos de Ajuda, sediados em
regiões de difícil acesso e que realizam trabalhos espiritual elevado. No
astral inferior vivem como em verdadeiras cadeias. Esses Trabalhadores da luz,
que são abnegados Servidores do Cristo, entregam-se, voluntariamente, a prisão
em nome do amor ao próximo.
Provam, pela tarefa extenuante, a
força de sua mente renovada, superando a si mesmos, e generosamente doando
energias para a recuperação do próximo carente.
Os grupos se dividem. Encontros
surpreendentes acontecem.
Antigos amigos, dispersos pelo tempo,
reúnem-se pelo trabalho com Jesus. Até nesses pequenos presentes de reencontros
a presença do Mestre Jesus agracia nossas almas pequeninas.
Revejo o irmão André Luiz, Bezerra,
Joana de Angelis e com eles, num forte abraço relembro os inúmeros contatos
mediúnicos.
– Chico! Você por aqui?!
– Sim. Agora, sou também um espírito
comunicante!
Todos riem.
OBS: Sinto muita dificuldade em
registrar o diálogo entre eles, pois a emoção dominou-me o ser.
Refeitos na alegria dos reencontros,
seguimos caravana abaixo, em direção ao cenário constrangedor das trevas.
Verificamos que o astral da Terra
permanece mais denso do que nunca. Grossas camadas de uma substância pegajosa
estão espalhadas em volta do caminho que percorremos.
Fazem lembrar algodão doce, porém ao
contrário do colorido atraente da guloseima infantil, o algodão do astral é
negro e nada tem de doce.
Creio que, os espíritos desavisados
que atravessarem o espaço no plano astral, podem ser presos nesses grumos de
negatividade, o que confirmaram os irmãos e amigos que viajavam ao meu lado.
Durante várias horas descemos, parando
apenas em alguns pontos para descarregar equipamentos e mantimentos nos Postos de
Socorro.
Também foram sendo registrados, em
cada Posto, os nomes de irmãos, em situação que exigia imediata remoção. E
assim, começaram as listas dos que subiriam conosco para a cidade onde seriam
atendidos. Alguns lugares já estavam comprometidos com os nomes que os
coordenadores dos Postos de Socorro nos encaminharam.
Fiquei surpreso ao ver tantos
espíritos carentes, necessitando auxílio!
Finalmente, chegamos ao término de
longa jornada, naquela região pantanosa. Espantou-me a escuridão do lugar, mas
por sorte, já posso regular a chama de luz que ilumina o caminho daqueles que
desejam servir e procuro ver a minha volta o lugar onde estamos, fazendo um
breve reconhecimento.
Ranieri, sempre manso e ao mesmo
tempo firme, orienta-nos para que não utilizemos muita luz, evitando chamar
atenção para nossa presença, pois no presente trabalho o efeito surpresa é
determinante para o sucesso das operações.
A movimentação tem início.
Silenciosamente, e com muito cuidado, os materiais trazidos são retirados dos
veículos e espalhados em local seco. Equipamentos e caixas de medicamentos
são colocados em lugar visível e de
fácil acesso para todos os trabalhadores.
As macas são estendidas e após tudo
arrumado, uma prece de harmonização completa a preparação do grupo. Nessa hora,
materializam-se também pequenas, médias e grandes jaulas. Creio que dessa vez
também capturaremos animais de médio e grande porte, comentei com os
companheiros.
Vem do Alto esse “apoio extra” na
fabricação instantânea desses aparatos e, pelas vibrações, já posso reconhecer
a presença do amigo extraterrestre, o Comandante Ashtar Sheram. Eles estão
conosco, nessa jornada de trabalho.
Somos uma só família e liga-nos o
amor pelo próximo e o amor do Pai por nós, a propiciar-nos o trabalho
retificador.
Tudo preparado, Ranieri dá o sinal
para avançarmos. Na frente, os soldados mais experimentados, batedores
guardiões, cujas espadas cintilam na densidade negra do astral.
Logo atrás deles, seguem outros
guerreiros, sem espadas, mas fortes, muito fortes de corpo. São eles que fazem
a seleção e agrupam as categorias de espíritos para resgate. Após este grupo seguimos
nós, enfermeiros, e em seguida, os faxineiros que vêm limpando e fazendo
pequena assepsia nos lugares por onde passamos.
Seu trabalho é extraordinário, pois
os produtos de limpeza que utilizam derramando aqui e ali em alguns pontos do
caminho, contém substâncias repelentes que afastam e paralisam seres de baixa
vibração. O líquido por eles utilizado é fosforescente e parece queimar como
fogo de artifício.
Chegamos e é dado o sinal de combate.
Mais uma cidade do astral Inferior é invadida. A muralha dos fundos é derrubada
e entramos. Eles não esperavam. O setor onde chegamos primeiro, parece ser o
das festas, pois os seres embriagados, entorpecidos e anestesiados nem sequer
oferecem resistência à nossa presença.
Jonas, o guerreiro que comandava o
Grupo, acende uma pira, tocando-a com a ponta de sua espada. Nessa hora, a
forte e diferente luz, que brilha no local, provoca pânico entre os presentes.
Correrias, gritos e muito desespero
se abatem sobre o grupo.
Alguns avançam sobre nós, nossos
guerreiros reagem e um a um, os delinquentes da vida, caem abatidos pela “força
maior”.
Os chefes do lugar fogem para dar o
alarme da invasão. Nossos guerreiros seguem-nos. Ficamos prestando auxílio aos
primeiros caídos no local. Homens e mulheres encontram-se em condições
lastimáveis. A luxúria reinava nesse ambiente; alguns dos homens, encontram-se
com os pés e mãos deformados.
No lugar dos dedos e palmas, grossos
cascos de bode, nas costas e pernas, pelos grosseiros recobrem o corpo. As
regiões genitais de ambos os sexos são chagas vivas, desgastadas
pelo uso excessivo e desvirtuadas das
funções naturais.
Inchados e enegrecidos, outros seres
apresentam os órgãos genitais com aparência de uma fase anterior a gangrena que
deu origem às chagas que vimos.
Confuso diante do que via,
perguntei-me mentalmente: Por que não pararam de ferir-se, chegando a esse
ponto?
Um experiente enfermeiro, conhecedor
do problema, ouviu meus pensamentos e respondeu: eles já não possuem vontade própria.
As orgias que aqui reinavam eram comandadas por “seres poderosos”, cuja mente
dominava o grupo.
A pira, incendiada por Jonas, queimou
sem parar, roupas e objetos lascivos que foram lançados ali.
Um dos equipamentos trazidos, segundo
me informaram, é de origem extraterrestre e assemelha se em tudo, a um extintor
de incêndios, todavia, lança água.
A água é diferente da nossa, pois
lava sem molhar e ao escorrer vai evaporando-se sem tocar no chão.
Os seres que recebem essa ducha
deixam no chão, abaixo dos pés, lama fétida e caem desmaiados de dor como se
lhes houvessem arrancado a pele.
Assim prosseguia o trabalho
exaustivo, denso e doloroso.
Erra quem pensa que espíritos
desencarnados nada fazem.
Trabalhamos e muito. Erram também as
pessoas que pensam haver fórmulas mágicas para renovação espiritual. A única
mágica de que tive notícias até o momento é a mágica
do trabalho com Jesus, que tudo
transforma e do velho faz o novo, do sujo faz o limpo e do doente faz o são.
Prosseguimos lavando, suturando,
medicando, operando, aspirando por toda noite, avançando a madrugada até o
raiar do dia. Centenas de irmãos foram atendidos nos primeiros socorros e pelo
mesmo caminho que chegamos iniciamos o retorno, levando os corpos para
depositar nos comboios que esperavam.
Enquanto auxiliava como podia, vi
aproximar-se o irmão Ranieri informando da vitória do Grupo de Jonas sobre as
Forças de Comando daquela cidade. Então ele me convidou a percorrer outros setores,
conhecendo-lhes a organização e funções.
Segui-o entre contente pela
oportunidade das revelações contidas na visita e triste pelas duras realidades
a serem descobertas.
Percorremos setores da cidade
destinados a aglomeração dos espíritos de pessoas que foram homens e mulheres,
cujo trabalho em vida foi a prostituição. Compreendi então o porquê de tantas
deformidades vistas nos órgãos genitais desses irmãos.
A cidade é repleta de casas noturnas
com fraca iluminação e possui muitos ambientes confortáveis para a prática do
sexo livre.
Apesar da inferioridade das vibrações
do lugar, há uma certa organização das preferências de cada grupo humano. Os
setores dividem-se para atendimento dessas preferências que consideramos desnecessário
descreve-los, pois basta conhecer o que se passa na superfície da Terra, nessa
área, que podereis compreender o que se passa no astral inferior; com a
diferença de que aqui, nada é velado. As práticas sexuais, as tendências de
cada um e suas manifestações, são absolutamente livres, cada qual se dirigindo ao
“setor da cidade” em que deseja dar vazão aos seus instintos e desejos
inferiores.
Apenas um setor descreveremos,
suplicando a atenção de todos. É a ala dos pequeninos seres, ainda em tenra
idade e aprisionados para servirem de escravos sexuais de homens e
mulheres adultos.
Pedofilia das mais abjetas no plano
astral.
Há um depósito deles, repletos de
crianças de várias idades, todos amontoados como animais no curral. Convivem com
seus dejetos e longe da claridade artificial que ilumina a cidade. Assustam-se
com a presença dos Servidores da luz.
Muitos, por medo recusam-se a sair de
onde estão.
Assustados, resistem. Alguns correm e
tentam fugir. Mas, todos são recolhidos e levados amorosamente para os vagões
de resgate. Os mais rebeldes xingam, gritam e desferem socos e pontapés nos
trabalhadores.
Deus do céu, o que vejo! Tanta
inocência roubada e transformada no mais amargo fel de violência e sofrimento!
Perturbam-se as fibras dos corações
sensíveis. Do alto, e deve ser das naves, desce uma torre de luz intensa e,
pela primeira vez, desde que partimos da Colônia, suave brisa nos alcança,
renovando nossas forças para o retorno à crosta.
A assepsia feita pela torre de luz
bloqueia o acesso à cidade, evitando que seja ocupada por grupos nômades de
seres trevosos.
Deixando atrás de nós aquele lugar,
seguimos em direção aos carros de transporte, e, qual não foi a minha surpresa
ao retornar e ver as grandes jaulas todas preenchidas, por seres os mais
estranhos e violentos. Ranieri informa que são os “Chefões” que tinham o
comando da cidade. Cada um era especializado em uma prática cruel.
Verdadeiras feras que só a luz das
naves espaciais as anestesiaram, acalmando e tolhendo os arroubos violentos.
Iniciamos a jornada de retorno,
parando em algumas localidades para recolher espíritos, previamente
selecionados e seguimos até a crosta.
De volta ao local de onde partimos e
tendo visto a dura tarefa dos Caravaneiros do Astral Inferior, agradeci ao Pai
a oportunidade do aprendizado, que agora repasso a todos, na forma de súplica,
para que se juntem a nós no trabalho. Especialmente aos espíritas dirijo minhas
palavras, por compreender que seus pensamentos já envolvidos com os
conhecimentos estudados acerca da vida espiritual, poderão compreender melhor
essas palavras.
Irmãos, por mais que façamos nosso
muito, ainda é muito pouco diante da imensidão de descalabros existentes na
hora presente deste planeta.
A humanidade adoecida, não conhece as
dores e os sofrimentos a que se alia, nas práticas inconsequentes dos prazeres
materiais.
Não basta divulgar a Boa Nova
convidando à reflexão, é necessário, antes de tudo, colocarmos mãos a obra,
auxiliando os que necessitam, interrompendo assim a cadeia de fatos,
acontecimentos e interferências que se interligam tornando dependentes o mundo
astral e o plano físico.
Pais, orientai vossos jovens. Filhos,
atendei aos chamados de correção de seus pais.
Homens, contenhais vossos impulsos
animais. Mulheres, valorizai-vos. Não vos entregueis nas bandejas de prata da moda
sedutora, como repasto vivo das feras cruentas, sedentas.
E a todos lanço um apelo: cuidai de
vossas crianças. Sedes firmes com os pequeninos para que ainda em tenra idade compreendam
o sentido da vida e pautem suas existências
nas escolhas sadias e dignificantes
da condição humana.
Nós seguiremos do astral, servindo e
amando como o bondoso Jesus nos ensinou.
Paz a todos
Chico, em 26/04/2008
ESPIRIT BOOK
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