“O estudo do sono fornece–nos, sobre
a natureza da personalidade, indicações de grande importância. Em geral não se
aprofunda muito o mistério do sono, o exame atento deste fenômeno, o estado da
alma, da sua forma fluídica durante parte da existência que consagramos ao
descanso, conduzir–nos–ão a uma compreensão mais alta das condições do ser na
vida do além”.
O sono possui não só propriedades
restauradoras (...), mas também um poder de coordenação e centralização sobre o
organismo material. Pode, além, disso, provocar uma ampliação considerável das
percepções psíquicas, maior intensidade do raciocínio e da memória.
Que é o sono?
É simplesmente a alma que se
desprende, que sai do corpo. Diz–se: o sono é irmão da morte. Estas palavras
exprimem uma verdade profunda. Sequestrada na carne, no estado de vigília, a
alma recupera, durante o sono, a sua relativa, temporária liberdade, ao mesmo
tempo em que o uso dos seus poderes ocultos. A morte será a sua libertação
completa, definitiva.
Durante o sono, a alma pode, segundo
as necessidades do momento, aplicar–se a recuperar as perdas vitais causadas
pelo trabalho quotidiano e a regenerar o organismo adormecido, infundindo–lhe
as forças tiradas do mundo cósmico, ou, quando está acabado esse movimento
reparador, continua o curso da sua vida superior, pairar sobre a natureza,
exercer suas faculdades de visão a distância e penetração das coisas. Nesse
estado de atividade independente vive já antecipadamente a vida livre do
espírito: porque essa vida, que é a continuação natural da existência
planetária, espera–a depois da morte, devendo a alma prepara–la não somente com
as obras terrestres, mas também com suas ocupações quando desprendida durante o
sono. É graças ao reflexo da luz do alto, que cintila em nossos sonhos e
ilumina completamente o lado oculto do destino, que podemos entrever as
condições do ser no além.
Se nos fosse possível abranger com o
olhar toda a extensão de nossa existência, reconheceríamos que o estado de
vigília está longe de constituir–lhe a fase essencial, o elemento mais
importante. Vemos aqui a importância do sono para a evolução, as almas que de
nós cuidam do nosso sono para exercitar–nos na vida fluídica e no
desenvolvimento dos nossos sentidos da intuição. Efetua–se, então, um trabalho
completo de iniciação para os homens ávidos de se elevarem.
Os vestígios desse trabalho
encontram–se nos sonhos.
Assim, quando voamos, quando
deslizamos com rapidez pela superfície do solo, significa isso a sensação do
corpo fluídico, ensaiando–se para a vida superior.
Insistimos também na propriedade
misteriosa que tem o sono de fazer-nos senhores, em certos casos, de camadas
mais extensas da memória.
A memória normal é precária e
restrita, não vai além do círculo estreito da vida presente, do conjunto dos
fatos, cujo conhecimento é indispensável por causa do papel que se tem de
desempenhar na terra e do fim que se deve alcançar. A memória profunda abrange
toda a história do ser desde a sua origem, os seus estágios sucessivos, os seus
modos de existência, planetárias ou celestes. Um passado inteiro, feito de
recordações e sensações esquecido, ignorado no estado de vigília, está guardado
em nós. Esse passado só desperta quando o espírito exterioriza durante o sono
natural ou provocado. Uma regra conhecida de todos os experimentadores é que,
nos diferentes estados do sono, à medida que se vai ficando à maior distância
do estado de vigília e da memória normal, há expansão, dilatação da “memória”.
“O sono de ordinário pode ser
considerado como ocupando uma posição que está entre a vida acordada e o sono
hipnótico profundo, ” este conceito deve fazer o caro leitor meditar longamente
e se possível pesquisar. ” “E parece provável que a memória pertencente ao sono
ordinário liga–se por um lado à que pertence à vida de vigília e, pelo outro, à
que existe no sono hipnótico. Realmente assim é estando os fragmentos da
memória do sono ordinário intercalados nas duas cadeias”.
“À proporção que nos vamos elevando
na ordem dos fenômenos psíquicos, vão se apresentando com maior clareza, com
maior rigor e trazem–nos prova mais decisivas da independência e da
sobrevivência do espírito”.
As percepções da alma no sono são de
duas espécies. Verificamos primeiramente a visão à distância a clarividência, a
lucidez, vem depois um conjunto de fenômenos designados pelos nomes de
telepatia e telestesia (sensações à distância).”Para complementação da compreensão
deste parágrafo sugerimos a leitura da obra de Leon Denis, O problema do ser,
do destino e da dor”.
SONO E DESPRENDIMENTO
“Releva, contudo, assinalar que, em
se iniciando a criatura na produção do pensamento continuo, o sono adquiriu
para ela uma importância que a consciência em processo evolutivo, até não
conhecera.
Usado instintivamente pelo elemento
espiritual, como recurso reparador, no refazimento das células em serviço,
semelhante estado fisiológico carreou novas possibilidades de realização para
quantos se consagrassem ao trabalho mais amplo de desejar e mentalizar.
Ansiando por livrar–se da fadiga
física depois de determinada quota de tempo no esforço da vigília diária e, por
isso mesmo, entregue ao relaxamento muscular, o homem operante e indagador
adormecia com a idéia fixada a serviço de sua predileção.
Amadurecido para pensar e lançando de
si a substância de seus propósitos mais íntimos, ensaiou pouco a pouco, tal
como aprendera, vagarosamente, o desprendimento definitivo nas operações da morte,
o desprendimento parcial do corpo sutil, durante o sono, desenfaixando–o do
veículo de matéria mais densa, embora sustentando, ligado a ele, por laços
fluídicos–magnéticos a se dilatarem levemente dos plexos e, com mais segurança,
da fossa rombóide.
Encetado o processo de sonolência,
com as reações motoras empobrecidas e impondo mecanicamente a si mesma o
descanso temporário, no auxílio às células fatigadas de tensão, isto desde as
eras remotas em que o pensamento se lhe articulou com fluência e continuidade,
permanece a mente, através do corpo espiritual, na maioria das vezes,
justaposta ao veículo físico, à guisa de um cavaleiro que repousa ao pé do
animal de que necessita para a travessia de grande região, em complicada
viagem, dando–lhe ensejo à recuperação e pastagem, enquanto ele se recolhe ao
próprio íntimo, ensimesmando–se para refletir ou imaginar, de conformidade com
os seus problemas e inquietações, necessidades e desejos.”
ASPECTOS DO DESPRENDIMENTO
“Dessa forma, aliviando o controle
sobre as células que a servem no corpo carnal, a mente se volta, no sono, para
o refugio de si mesma, plasmando na onda constante de suas próprias idéias as
imagens com que se compraz nos sonhos agradáveis em que saca da memória a
essência de seus próprios desejos, retemperando–se na antecipada contemplação
dos painéis ou situações que almeja concretizar”.
Para isso, mobiliza os recursos do
núcleo da visão superior, no diencéfalo, de vez que, ai, as qualidades
essencialmente ópticas do centro coronário lhe acalentam no silêncio do
desnervamento transitório todos os pensamentos que emergem do seio.
Noutras ocasiões, no mesmo estado de
insulamento, recolhe, no curso do sono, os resultados de seus próprios
excessos, padecendo a inquietação das vísceras ou dos nervos injuriados pela
sua rendição à licenciosidade, quando não seja o asfixiante pesar do remorso
por faltas cometidas, cujos reflexos absorvem do arquivo em que se lhe amontoam
as próprias lembranças. Numa e noutra condição, todavia é a mente suscetível a
influenciação dos desencarnados que, evoluídos ou não, lhe visitam o ser,
atraído pelos quadros que se lhe filtram da aura, ofertando–lhe auxílio
suficiente quando se mostre inclinada à ascensão de ordem moral, ou sugando–lhe
as energias e assoprando–lhe sugestões infelizes quando, pela própria
ociosidade ou intenção maligna, adere ao consórcio psíquico de espécie
aviltante, que lhe favorece a estagnação na preguiça ou a envolve nas obsessões
viciosas pelas quais se entrega a temíveis contratos com as forças sombrias.
Mas dessa função de espectador à
função de agente existe apenas um passo.
O pensamento contínuo, em fluxo
insopitável, desloca–lhe a organização celular perispiritual, à maneira do
córrego que em sua passagem desarticula da gleba em que desliza todo um rosário
de seixos. E assim como os seixos soltos seguem a direção da corrente,
lapidando–se no curso dos dias, o corpo espiritual acompanha, de início, o
impulso da corrente mental que por ele extravasa, conscienciando–se muito
vagarosamente no sono, que lhe propicia meia–libertação”.
O estudo do sono relacionado com a
mediunidade poderá ser tratado em outros artigos.
VIDE: Evolução em dois mundos, de
Francisco Xavier/André Luis, espírito.
Interrompemos nosso modesto estudo
sobre o fenômeno do sono; nosso objetivo foi tentar elucidar, de uma forma
simples e castiça a questões comumente a nós formuladas por pessoas também
simples e interessadas em aprender. Muito teríamos que discorrer a respeito de:
sono magnético, sonoterapia, sono e mediunidade, princípio da exteriorização da
alma, sonambulismo, dupla–vista , êxtase. Talvez em outra oportunidade.
Deixemos agora o espaço a outros cooperadores, sugerindo aos leitores que
pesquisem em torno destes assuntos.
Concluímos que tudo está bem
organizado pelo Criador, há harmonia e equilíbrio em tudo, a nossa natureza
esta muito bem estruturada, obviamente. O descanso é uma recompensa da
natureza. O sono é o salário do trabalhador. Vivamos cristãmente e estaremos
sempre com a consciência tranquila.
Bons sonhos.
Fonte:-ESPIRIT BOOK- Por- Ana Maria Teodoro
Massuci
www.espiritbook.com.br/