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sexta-feira, 24 de novembro de 2017

“UM FORRÓ NO UMBRAL”

Anastácio estava relativamente tranquilo. Entendia ser um bom espírita e, por isso, não temia a morte que se avizinhava. Sentia, ao contrário, certa satisfação antecipada pela belíssima recepção que, certamente, teria no plano espiritual. Sua larga ficha de atividades ao longo de 35 anos por certo o credenciava ao título de vitorioso ou, pelo menos, semi-vitorioso, condição que poucos conseguiam alcançar.
Suave torpor invadiu seu pensamento e o corpo rígido não obedecia mais às ordem mentais.
Sentiu forte explosão ou implosão na cabeça e viu-se livre do corpo carnal. Tentou erguer-se, mas algo irresistível o arrastava, não sabia para onde. Percebia, porém, que ia em sentido descendente.
Preocupado, observou que o ambiente estava ficando escuro e tenebroso. Assustou-se.
O que estava acontecendo?
Quis orar, mas o medo não lhe permitia juntar as ideias.
Sempre arrastado por aquelas forças desconhecidas, chegou finalmente a um vale fracamente iluminado por uma fogueira de grandes proporções. As labaredas dançavam seus reflexos avermelhados através do ambiente fumarento, como se acompanhassem o ritmo de uma sanfona desafinada e estridente que tocava furiosamente, sem parar. Ao aproximar-se mais observou, horrorizado. Que em torno da fogueira terrível e alucinante forró movimentava homens e mulheres de todos os tipos e idades.
Seu senso religioso e estético revoltou-se ao observar as expressões de alguns dançarinos, o suor escorrendo pelos corpos seminus, enquanto cenas de profunda degradação moral faziam o velho espírita estremecer até as entranhas.
Os dançarinos, aos pares ou isoladamente, já rodopiavam em torno dele. Anastácio, vendo-se em meio àquele torvelinho infernal, tentava inutilmente desvencilhar-se, para sair dali.
Começou a revoltar-se. Então era assim? Uma vida inteira votada ao Espiritismo findava num horrível e asqueroso forró, nas regiões umbralinas do planeta?
- O que significa isto? Gritou. – Alguém tem que me explicar!!!
Mas ninguém dava atenção a seus gritos que se perdiam nos sons da sanfona e no ruído dos pés arrastando-se no chão. Furioso, agarrou o primeiro que lhe passou ao alcance da mão e o segurou com força.
- Você vai ter que me dizer porque estou aqui!!!
O interpelado virou o rosto para ele e Anastácio reconheceu seu velho conhecido, Gerônimo, que também fora espírita na Terra.
- O que está acontecendo? Estarei louco? – perguntou, no auge da aflição.
- Não, Anastácio. Você não está louco... nem eu. Nós apenas nos enganamos, na Terra...
- Como?... Então o espiritismo é mentira? Tudo aquilo que aprendemos é mentira?
- Não, meu amigo – respondeu Gerônimo, arrastando o ex-companheiro pelo braço, acompanhando o turbilhão do forró. – A mentira estava em nós mesmos.
- Isto é um absurdo, uma injustiça! – Gritou Anastácio, tentando elevar a voz acima da barulheira. – Você na verdade merece estar aqui, porque nunca foi um espírita decente. Além de irresponsável, sempre foi devasso. Chegou ao cúmulo de seduzir uma jovem da Mocidade e acabou levando-a ao aborto. Todos nós sabíamos disso...
- E não me disseram nada!
O tom de mágoa engasgava a voz na garganta de Gerônimo enquanto lágrimas lhe assomavam aos olhos, ao prosseguir:
- Vocês são quase tão culpados quanto eu. Vocês, que se davam ares de grandes espíritas, praticantes do Evangelho. Para tudo tinham resposta na ponta da língua, como se fossem os porta-vozes do plano superior. Você, então, que era o mais procurado pelas pessoas que buscavam orientação, por que nunca me repreendeu?
Anastácio arregalou os olhos e abriu a boca para responder, mas... Responder o quê?
Gerônimo conseguiu arrastá-lo para fora do espaço onde os dançarinos continuavam seus rodopios, sem conseguirem parar, apesar do suor e do cansaço. Afastaram-se um pouco não muito, porque cercando a clareira percebiam-se sombras monstruosas a se moverem com ar ameaçador. Gerônimo continuou esforçando-se para não demonstrar toda a intensidade da mágoa e dor que sentia:
- Eu sabia que aquilo estava errado, mas a tentação foi grande demais. A garota me deu bola e... Foi uma paixão furiosa... Depois, a gravidez, o medo da mulher descobrir, o escândalo. Eu sabia que vocês tinham conhecimento de tudo, mas como ninguém me aconselhou, como nada disseram... Achei que estavam aceitando tudo com naturalidade e eu também acabei acreditando que não estava tão errado assim.
Anastácio baixou a cabeça. Nunca havia refletido sob esse enfoque. Algo começava a sussurrar-lhe nas profundezas da alma dizendo que numa comunidade espírita as culpas de um atingem também aqueles que nada fazem para ajuda-lo a se corrigir.
Gerônimo foi de novo sugado para o meio dos dançarinos e Anastácio ainda pôde ver-lhe o semblante molhado de lágrimas e marcado por profundo sofrimento.
Sentiu que precisava refletir, repensar algumas posturas, pôr as idéias em ordem. Aquelas considerações eram algo novo que lhe estava abalando o ser.
Um homem aproximou-se, dizendo:
- Seja bem vindo, Anastácio.
Olhou-lhe rosto e reconheceu Manoel, velho companheiro de lides espíritas. Ia estender-lhe a mão, mas observou, horrorizado, que seus braços terminavam em dois tocos sanguinolentos, de horrível aparência.
- Espero que não permaneça muito tempo por aqui – disse Manoel, envergonhado, procurando esconder os braços atrás das costas. Depois, num suspiro, continuou:
- Eu bem que mereço estar aqui... e nem sei quando vou sair. Talvez até me mandem  para mais baixo. Aqui, é uma espécie de saguão do Umbral. Os que ficam, é porque algo sustentou sua queda. No meu caso, foram as preces de pessoas que curei.
- Quanto a você – respondeu Anastácio, em tom altivo – é fácil entender que esteja aqui. Você era médium espírita e, quando soubemos, estava cobrando pelas curas que realizava.
E olhando-o com ar de reprovação, concluiu:
- Você ganhou verdadeira fortuna com o uso da mediunidade.
Manoel baixou os olhos, na esperança de que Anastácio não lhe visse as lágrimas nascentes. Com humildade na voz mas demonstrando mágoas contidas, murmurou:
- É verdade... E você mão me disseram nada. Principalmente você, tão zeloso pela pureza doutrinária. Eu era pobre, precisava manter a família. Aí, comecei a receber presentes e quando me dei conta, tinha ido longe demais.
Manoel ergueu a cabeça e seu rosto expressava grande sofrimento e revolta, ao reclamar em tom de acusação:
Por que você não me disse nada? Eu achava que se estivesse tão errado assim, os companheiros me chamariam a atenção. Como ninguém me censurou... fui caindo mais e mais...
Sentindo-se arrastado para o turbilhão alucinante, ainda teve tempo de gritar, com lágrimas na voz:
- Por que você não me repreendeu? Se tivesse brigado comigo, me desmoralizado, agredido... teria sido diferente.
Baixando a cabeça, Anastácio chorou amargamente. Aos poucos foi se acalmando. Precisava afastar-se dali, daquele forró diabólico, para mergulhar em reflexões que jamais lhe haviam passado pela cabeça, mas tinha medo das sombras e dos vultos ameaçadores que rondavam o local. Tropeçou e caiu sobre uma coisa mole que pulsava. Eram batimentos cardíacos desordenados. Horrorizado, viu que se tratava de um abortado, um espírito que não conseguia desligar a mente da curetagem que sofrera e por isso permanecia assim, na forma de tecidos retalhados, em cuja intimidade sua vida psíquica pulsava em vibrações de dor e revolta.
- Essa, não! – exclamou comovido e ao mesmo tempo irado com o destino, - Desse aí, tenho certeza de não carregar nenhuma culpa. Nunca promovi nem permiti abortos.
Aquele punhado de tecidos movimentou-se, então, e de suas entranhas saiu uma voz lamentosa que disse:
- Eu fui levado a um centro espírita e fiquei esperando minha vez de ser atendido. Tinha certeza de que receberia alívio e poderia me recompor. Esperei pacientemente, enquanto você doutrinava um espírito que havia sido assassinado. Parece que era alguém muito importante e você passou a maior parte da sessão conversando com ele fazendo perguntas e mais perguntas. Quando finalmente chegou a minha vez, era hora de encerrar e você não me deixou incorporar. Eu me desesperei, então, e me agarrei à médium, mas você disse que devido ao avançado da hora ninguém mais poderia “receber” nenhum espírito. Eu fiquei tão revoltado, com tanto ódio de você, que fui arrastado para este lugar.
- Ah, lembro-me do caso – exclamou Anastácio. – Mas, não tive culpa. Se os dirigentes não cuidam da disciplina, a sessão vira bagunça.
- Eu não queria bagunçar nada – gemeu o pobre espírito. – Queria apenas alívio para o meu sofrimento, que era grande demais...
Anastácio começava a sentir-se na condição de réu.
Que situação! Quando pensava que seria recebido em regiões espirituais, mas elevadas, quem sabe até por algum dos Ministros de Nosso Lar que viria parabenizá-lo por sua dedicação ao Espiritismo ao longo de tantos anos... Em vez disso, ali estava, naquele horrível lugar e, o pior, sentindo-se culpado.
Olhou para aquele ser pulsante, perguntando a si mesmo: “O que será mais importante, a disciplina em nome da caridade, ou a caridade em nome do amor?”
Levantou-se decidido a afrontar a escuridão e os vultos rondantes, desde que conseguisse sair dali, daquele forró infernal que começava a atraí-lo com força hipnótica. Segurou em algo para não ser arrastado. Era o cabelo de uma mulher que gritou de dor.
Aquela voz...
Olhou-lhe o rosto e reconheceu Marieta que fora uma das melhores palestrantes do Centro.
- Você aqui, Anastácio? – perguntou, concluindo: - Não esperava que viesse para cá.
Já mais cauteloso. Anastácio balbuciou:
- É... nem eu esperava. Quanto a você, todos nós sabíamos como era ambiciosa e cruel. Pregava a bondade, mas explorava seus empregados, não dispensando qualquer falta.
Marieta, sentindo-se arrastada pelo turbilhão, agarrou-se a Anastácio, gritando:
- E você alguma vez me chamou às falas? Alguma vez procurou mostrar-me que estava errada?
Ah, isso já era demais. Então ele tinha culpa até pelos desmandos de alguém que conhecia a Doutrina melhor que qualquer outro e se dedicava a fazer belas palestras sobre as virtudes evangélicas? Mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, a mulher concluiu:
- Se você ou qualquer outro dos companheiros tivesse me repreendido, abrindo-me os olhos para a minha própria conduta, com certeza eu teria repensado minhas posturas. Mas todos sempre ficaram calados, me aplaudindo e parabenizando pelas palestras que fazia...
- Deus do céu! Exclamou Anastácio para si mesmo. Será que ela tem razão?
Pensou um pouco e perguntou, quase num murmúrio:
- Mas a caridade, a tolerância... onde ficam?
Marieta, com voz embargada por um soluço, perguntou:
- Acha que é caridoso ver alguém se afundando nos próprios erros e não ajudar... nem que seja com uma chicotada?
Ia dizer mais alguma coisa, mas o turbilhão hipnótico arrastou-a, deixando Anastácio boquiaberto, sem saber o que pensar. Começou a correr, tentando fugir daquele local, mas escorregou e caiu no pátio de um grande hospital. Ali, tudo era limpo e o silêncio contrastava com o ambiente barulhento de onde viera. Um enfermeiro aproximou-se e convidou-o a acompanhá-lo. Entraram num pavilhão onde algumas centenas de enfermos olhavam para ele com ar de súplica, como se ele, Anastácio, pudesse ajudá-los. Antes que tivesse tempo de externar seu pensamento, o enfermeiro disse:
- Não estranhes Anastácio. Estes doentes são apenas parte daqueles que deixaram de ser atendidos, por sua culpa...
- Por minha culpa? Agora, tudo é culpa minha? – explodiu Anastácio, no auge dos conflitos que lhe desarmonizavam o íntimo.
Sentia-se revoltado, não querendo aceitar os novos enfoques que o vinham afrontando desde que desencarnara.
Indignado, por considerar-se injustiçado, continuou:
- Creio que está havendo algum terrível engano. Eu sempre procurei ser um bom espírita. Bem... quero dizer, eu dediquei a minha vida inteira ao Espiritismo e, principalmente, à doutrinação de espíritos sofredores.
- É verdade – respondeu o enfermeiro. – Mas a sua tarefa sofreu muitos prejuízos por causa da sua vaidade e orgulho.
Ia responder à altura, insultado como se sentia, diante daquela acusação. Ele, que sempre pregara a praticara a humildade.
Mas qualquer coisa movia-se desagradavelmente em sua consciência e preferiu ouvir calado.
-?!!!
- Sim, Anastácio. Sou eu o enfermeiro que conduz os espíritos doentes ao socorro mediúnico no centro onde você trabalhava. Os doentes deste pavilhão deveriam ter sido socorridos no grupo que se desfez, em razão de sua vaidade.
- Mas, eu não sou vaidoso – murmurou.
- É sim, meu caro. Você foi sempre considerado o melhor doutrinador da casa e essa idéia lhe subiu à cabeça. No início, quando entrava na sala das reuniões suas vibrações eram de amor e desejo de ajudar. Mas aos poucos começou a se inebriar com a admiração que sua doutrinação provocava em algumas pessoas, e em si mesmo. Desde então, quando entrava na sala, já era pensando em como falaria em tais e quais situações. Seu pensamento, em vez de buscar o Alto, ficava girando em torno dos temas brilhantes da doutrinação e, como você era o principal responsável pelo grupo, este começou a decair... até a extinção.
Anastácio arregalou os olhos diante do que começava a entender. Há poucas horas apenas, achava-se credor de excelentes serviços prestados ao plano espiritual.... e agora...
O enfermeiro, no entanto, não deixou que concluísse o pensamento, convidando:
- Sente-se ali, naquele banco, para repousar um pouco, porque depois vou levá-lo até outro pavilhão. Lá você vai encontrar o arquivo onde está o dossiê de suas últimas  existências na Terra. Vai conhecer o montante das faltas que cometeu em algumas das suas reencarnações e entender que durante todos esses anos de dedicação ao Espiritismo, você não lhe fez qualquer favor. Bem ao contrario, o favorecido foi você mesmo pela possibilidade de resgatar parte das suas culpas, através de um trabalho de amor em benefício do próximo. Além disso, foi a sua grande oportunidade de crescer em valores positivos.
Anastácio estava aturdido. Já lera vários depoimentos de espíritos e deparavam receber louros no mundo espiritual e deparavam com realidades amargas, mas jamais imaginara que ele próprio passaria por tal situação. Acreditava sinceramente ser merecedor de créditos especiais, e lhe informavam que sua conta estava em vermelho. Sentiu como se algo rasgasse suas entranhas, despedaçasse suas emoções, e pusesse em perigo seu equilíbrio mental. Sentou-se no banco que ficava sob uma frondosa árvore e entrou em meditação. Reviu seus atos bons e maus e penetrou até o âmago de suas intenções, descobrindo que raramente elas foram realmente puras; havia muita hipocrisia, até mesmo dele para com ele próprio.
Oh, arrependimento profundo e machucante! Ah, se pudesse voltar à vida, seria outro homem, um homem novo, aquele da reforma interior que tanto pregara e só agora entendia que não havia aplicado em si mesmo.
Lembrou-se dos casos de morte clínica, em que o morto voltava à vida. Quem sabe, ele pudesse retornar...
Atirou-se de joelhos, baixou a fronte com humildade, desta vez muito sincera, e começou a orar: “ Meu Deus, tem piedade de mim, tem piedade de mim...”
Não conseguia dizer outra coisa. Qualquer promessa lhe cheirava a hipocrisia. O rosto molhado de pranto, a alma angustiada, sentia quanto era pequeno e digno de piedade, daquela mesma piedade que antigamente lhe despertavam os espíritos maus e rebeldes, quando se mostravam arrependidos...
Alguém segurou seu braço e sacudiu-o com força dizendo:
- Anastácio! Acorda, Anastácio... Para com isso. Você está chorando... deve ter sido algum pesadelo terrível...
Anastácio abriu os olhos. Custou a entender que estivera sonhando; que tudo aquilo fora um pesadelo, um sonho mau...
Sonho mau?
- Não, não foi um pesadelo – respondeu Anastácio, amparado pelo o enfermeiro a lhe intuir. – Foi o sonho mais lindo que já tive... o mais importante de toda a minha vida de encarnado.
“Fim”

Saara Nousiainem

"ALMAS PROBLEMAS"

A pessoa-problema que renteia contigo, no processo evolutivo, não te é desconhecida...
O filhinho-dificuldade que te exige doação integral, não se encontra ao teu lado por primeira vez.
O ancião-renitente que te parece um pesadelo contínuo, exaurindo-te as forças, não é encontro fortuito na tua marcha...
O familiar de qualquer vinculação que te constitui provação, não é resultado do acaso que te leva a desfrutar da convivência dolorosa.
Todos eles provêm do teu passado espiritual.
Eles caíram, sim, e ainda se ressentem do tombo moral, estando, hoje, a resgatar injunção penosa. Mas tu também. Quando alguém cai, sempre há fatores preponderantes e outros predisponentes, que induzem e levam ao abismo.
Normalmente, oculto, o causador do infortúnio permanece desconhecido do mundo. Não, porém, da consciência, nem das Soberanas Leis. Renascem em circunstâncias e tempos diferentes, todavia, volvem a encontrar-se, seja na consanguinidade, através da parentela corporal, ou mediante a espiritual, na grande família humana, tornando o caminho das reparações e compensações indispensáveis.
Não te rebeles contra o impositivo da dor, seja como se te apresente.
Aqui, é o companheiro que se transforma em áspero adversário; ali, é o filhinho rebelde, ora portador de enfermidade desgastante; acolá, é o familiar vitimado pela arteriosclerose tormentosa; mais adiante, é alguém dominado pela loucura, e que chegam à economia da tua vida depauperando os teus cofres de recursos múltiplos.
Surgem momentos em que desejas que eles partam da Terra, a fim de que repouses... Horas soam em que um sentimentos de surda animosidade contra eles te cicia o anelo de ver-te libertado... Ledo engano!
Só há liberdade real, quando se resgata o débito. Distância física não constitui impedimento psíquico. Ausência material não expressa impossibilidade de intercâmbio.
O Espírito é a vida, e enquanto o amor não lene as dores e não lima as arestas das dificuldades, o problema prossegue inalterado. Arrima-te ao amor e sofre com paciência.
Suporta a alma-problema que se junge a ti e não depereças nos ideais de amparar e prosseguir. Ama, socorrendo.
Dia nascerá, luminoso, em que, superadas as sombras que impedem a clara visão da vida, compreenderás a grandeza do teu gesto e a felicidade da tua afeição a todos.
O problema toma a dimensão que lhe proporcionas. Mas o amor, que “cobre a multidão dos pecados” voltado para o bem, resolve todos os problemas e dificuldades, fazendo que vibre, duradoura, a paz por que te afadigas.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis ao médium Divaldo Pereira Franco .

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

“AS OITO CHAVES DA PAZ.”

A paz é a mais elevada das virtudes. É o anseio secreto de todos os seres. Ela é uma profunda aceitação daquilo que é. É não se opor a nada ou ninguém. A paz brota da entrega: você entrega todos os seus problemas à Deus e deixa que o fluxo da vida a leve. Entregar significa não pensar mais a respeito. Você relaxa e sente autoconfiança. Para isso, é preciso abrir mão do controle. A paz, portanto, nasce de um profundo confiar.
Olhando para trás, revendo a minha história pessoal, vejo que a minha busca pela paz começou quando ainda era muito jovem. Antes mesmo da adolescência, entrei numa escola de conhecimentos espirituais. Certa vez, um professor disse: “As pessoas se autodenominam humanas, mas na verdade, são humanóides – criaturas com cérebro grande e duas pernas que se passam por seres humanos. Na condição atual as pessoas são incapazes de perceber o que realmente precisam. Acreditam que serão felizes se obtiverem este ou aquele objeto ou título, mas toda essa ganância somente mostra que são ainda muito imaturos para entenderem que a verdadeira felicidade somente nasce da paz no coração e na mente.” Quando eu ouvi isso, pensei: “Será que ele está se referindo a mim?”
Até aquele ponto, tudo indicava que a paz poderia ser atingida somente através do domínio sobre a matéria. E, de repente, ouvir essa devastadora crítica sobre a humanidade, e perceber nas profundezas do meu coração que isso era verdade, foi como um nocaute. Mas, esse ensinamento abriu as portas da verdade para mim.
Eu pude perceber que a vida frequentemente se resumia em uma eterna tentativa de forçar o outro a nos amar, e que podemos desperdiçar uma vida inteira nessa busca inútil. Uma vez que, no mais profundo, você sabe que amor forçado não é amor, facilmente você encontra razões para lamentar que não é amado. Com isso, você se distrai e se desvia ainda mais do objetivo de atingir a paz interior.
Eu compreendi que a paz duradoura somente pode ser alcançada quando você se liberta da necessidade de receber amor exclusivo, pois esta é a fonte de todo o sofrimento. Eu diria que essa é a principal doença da humanidade. Daí nasce o pensar compulsivo e todos os outros desdobramentos. O sofrimento é o principal enigma da humanidade. Este é o principal desafio: como superar o sofrimento? Como superar a dor em todas as suas manifestações? Em outras palavras, como alcançar a paz?
Através da minha experiência, no trilhar do Caminho do Coração, eu descobri algumas chaves que abrem as portas para o despertar da paz interior, as quais eu compartilho com você agora:

Primeira chave: Silêncio.
O silêncio é uma forma de bater na porta do salão da verdade. Ele é a base que te prepara para qualquer prática; é o alicerce do edifício da consciência. Tudo que é belo e verdadeiro nasce do silêncio.
Um instante de silêncio é suficiente para exorcizar todos os demônios, porque os demônios são os pensamentos. Se existe um pensamento compulsivo constantemente assombrando a sua mente, é porque você deu muita atenção a ele, ou seja, você o alimentou acreditando nele. Mas, ao aquietar a mente, todos os fantasmas desaparecem. Não importa quão antiga seja a escuridão, uma pequena fresta de luz dissipa toda escuridão porque ela é somente a ausência de luz. O silêncio invoca a luz. Quando a mente se acalma, tudo se acalma.
O preço para a realização espiritual é a solidão. Em algum momento você vai ter que encarar a si próprio. Por isso é fundamental aprender a ficar sozinho e em silêncio. Você também pode chamar esta prática de meditação. Mas, eu não quero que você se perca no labirinto das idéias e conceitos, na ginástica do intelecto. Permita-se apenas ficar retirado e em silêncio, observando a grama crescer. Abandone toda a pressa e todo o desejo de chegar a algum lugar. Feche os olhos e focalize no ponto entre as sobrancelhas. Brinque de cultivar o silêncio.

Segunda chave: Verdade.
Falar a verdade não quer dizer que você vai sair por aí dizendo aos outros tudo o que pensa ser verdade, desconsiderando o fato do outro não estar pronto para ouvi-la, o que pode gerar mais conflito, mais guerra. Seguir a verdade significa ouvir o chamado do seu coração.
Se ainda há desconforto e sofrimento na sua vida, significa que ainda há uma camada de mentira te envolvendo. Seja corajoso para encarar suas mentiras. Sem coragem você não será capaz de encarar a verdade. Procure identificar quando você ainda não pode ser honesto com você mesmo e com a vida; quando você tem que usar uma máscara e não pode ser autêntico e espontâneo; quando você tem que fingir que é diferente do que é. Dê uma olhada nas diversas áreas da sua vida. Você terá algum trabalho, mas é um bom trabalho. Lembre-se que “a verdade vos libertará”.

Terceira chave: Ação Correta.
Isso não tem nada a ver com moralismo. A ação correta, ou ação consciente, não se baseia no que está fora, ou seja, não depende da aprovação do mundo externo. Não é seguir um manual com regras sobre o que está certo ou errado. É uma ação determinada pela intuição, que é a voz do silêncio. É ter coragem de ser você mesmo, autêntico e espontâneo. Agir conscientemente significa colocar o amor em movimento, ou seja, trilhar o Caminho do Coração.

Quarta chave: Não Violência.
A não violência é a ação sem ego. É a atitude não contaminada pela vingança e pelo ódio. É não dar passagem para a maldade que provoca sofrimento no outro, não importa em qual nível.
A não violência ou ahimsa, como é conhecida na tradição do hinduísmo, não é cruzar os braços e ficar esperando que as coisas aconteçam. Ela, muitas vezes, envolve ação, atitude. Mas, é uma ação que nasce do coração – é espontânea e sempre vem com sabedoria e compaixão. Não é o ódio ou o medo se manifestando.
Eu mesmo já questionei o poder de ahimsa. Parece que só deu certo com Gandhi, na Índia. Mas, não é verdade. Ahimsa é o remédio que esse planeta precisa. A compaixão é o remédio e ahimsa é compaixão.

Quinta chave: Amor Consciente
Eu uso esta palavra ‘consciente’, porque a palavra amor foi degenerada. Nós demos a ela tantos outros significados que não têm nada a ver com a sua essência. Para o senso comum, o amor está ligado ao egoísmo, a uma satisfação pessoal. Ele é confundido com a paixão, com o sexo e até mesmo com o ódio. Isso acontece de uma forma inconsciente: a entidade acredita estar amando porque não tem consciência do que é amor.
Não é possível definir o amor com palavras, mas eu posso dizer que amar inclui um desejo sincero de que o outro seja feliz. Inclui ver o potencial adormecido no outro e dar força para ele acordar. É querer ver o outro feliz sem querer absolutamente nada em troca. Em última instância, amar conscientemente significa amar desinteressadamente.
Mas, para que possa utilizar essa chave se faz necessário que você reconheça o seu desamor. Procure identificar em quais situações e com quem você ainda não pode ser amoroso. Aonde e com quem o seu amor não flui livremente? Em que situações o seu coração se fecha? Aí há uma pista para você. Vá atrás dessa pista e você descobrirá muito sobre si mesmo. Essa é uma forma de trazer paz para esse mundo: aprendendo a ser amigo do seu irmão; amigo do seu vizinho. Aprender a não julgar os erros do outro. Antes de levantar o seu dedo para acusar o outro, olhe para si mesmo, e pergunte: “Será que eu não tenho um defeito igual, ou outros até piores?” “Será que o meu vizinho não tem nada de bom para eu focar a minha atenção?” Comece a focar no bom que o outro tem. Essa é sua grande missão.
Sexta chave: Presença.
Estar presente significa estar total na ação. É lembrar-se de si mesmo a cada instante. Quando você pode experienciar a presença, a sua energia cresce e você percebe o amor passando por você. Se puder sustentar esse estado de alerta, você terá a percepção de que tudo é sagrado, e a partir dessa percepção, poderá expandir sua energia conscientemente na direção do outro.
Eu sugiro uma prática bem simples para o seu dia a dia. Habitue-se a perguntar: Onde estou? O que estou fazendo? Permita-se parar, apenas por alguns segundos, absolutamente tudo o que você está fazendo. No meio da ação, pare e pergunte-se: Quem está fazendo? Assim você interrompe a imaginação e volta para o seu corpo, para a presença, para a totalidade na ação. Esse é o caminho.
A presença é a chave mestra. Mas, porque não vamos diretamente para ela? Porque nem todos estão prontos para usufruir dela. Poucos estão maduros para abandonar o pensar compulsivo, já que isso lhes dá um senso de identidade. Então, em muitos casos, é necessário um trabalho de purificação, que é este trabalho de transformação do “eu inferior”, para que você esteja pronto para ancorar a presença. Para isso, o corpo é o portal. Sinta-se ocupando o corpo. Sinta seu campo de energia e mova-se a partir dessa percepção.

Sétima chave: Serviço Desinteressado.
Servir desinteressadamente significa colocar seus dons e talentos a serviço do amor. É quando você pode se doar verdadeiramente ao outro, sem máscaras, sem necessidade de agradar ou fazer o que é certo com a intenção de ser recompensado. O único objetivo é ver o outro bilhar. Você se torna o amor que se move em direção à construção.
Acordar pela manhã, consciente de que está acordando para servir, ilumina a alegria de viver. Naturalmente, a consciência do serviço aumenta a conexão com o divino, porque, por mais que cada um tenha seus talentos e dons individuais, ou seja, uma forma particular na qual o amor se expressa através de você – é o próprio amor que está se expressando. No serviço, você se torna um canal do amor. Por isso, eu digo que o serviço é uma forma de manter a chama da conexão acesa. O amor e a felicidade passam por você para chegar ao outro, não importa o que você esteja fazendo, se está cuidando do jardim, construindo uma casa, cozinhando, cuidando de uma empresa ou de uma pessoa.

Oitava chave: Lembrança Constante de Deus.
Lembre-se de que Deus está em tudo: dentro, acima, abaixo, dos lados – em todos os lugares. Ele é a vida única que age em todos os corpos e é o seu Eu Real. Essa percepção de que tudo é Um e de que a energia espiritual se manifesta em todas as formas de vida, promove um profundo contentamento. Não há palavras para descrever essa experiência, ela só pode ser vivida. A sua vida se transforma numa prece, numa oferenda a Deus. Pode passar um tsunami, mas você não se esquece de Deus. Pouco a pouco, a sua fé se torna constante e inabalável, até que possa sustentar a eterna conexão com Deus.
A partir dessa conexão, você olha para o outro e enxerga além das aparências, porque você vê somente Deus e assim pode reverenciá-lo. Este é um sincero namastê: a divindade que está em mim saúda a divindade que está em ti.
Se verdadeiramente utilizar essas oito chaves na sua vida, inevitavelmente você irá experienciar a paz. Essa é a minha experiência.
Durante a fase do desenvolvimento da consciência que eu chamo de “ABC da Espiritualidade” ou purificação do “eu inferior”, muitas vezes, descobrimos verdades pouco agradáveis sobre nós mesmos. Durante esse processo, enfrentamos obstáculos que precisam ser removidos. Aos poucos, nós aprendemos a identificá-los e removê-los e, ao removermos aquilo que não nos serve mais, podemos nos tornar canais do amor divino, para que ele flua livremente através de nós.
Nilza Garcia
(Trecho extraído do livro “Transitando do Sofrimento para a Alegria” de Sri Prem Baba)

"CAMINHOS DA LUZ"

Enquanto as penosas transições do século XX se anunciam ao tinido sinistro das armas, as forças espirituais se reúnem para as grandes reconstruções do porvir.
Aproxima-se o momento em que se efetuará a aferição de todos os valores terrestres para o ressurgimento das energias criadoras de um mundo novo, e natural é que recordemos o ascendente místico de todas as civilizações que surgiram e desapareceram, evocando os grandes períodos evolutivos da Humanidade, com as suas misérias e com os seus esplendores, para afirmar as realidades espirituais acima de todos os fenômenos transitórios da matéria.
Esse esforço de síntese será o da fé reclamando a sua posição em face da ciência dos homens, e ante as religiões da separatividade, como a bússola da verdadeira sabedoria.
Diante dos nossos olhos de espírito passam os fantasmas das civilizações mortas, como se permanecêssemos diante de um "écran" maravilhoso. As almas mudam a indumentária carnal, no curso incessante dos séculos; constroem o edifício milenário da evolução humana com as suas lágrimas e sofrimentos, e até nossos ouvidos chegam os ecos dolorosos de suas aflições.
Passam as primeiras organizações do homem e passam as suas grandes cidades, transformadas em ossuários silenciosos.
O tempo, como patrimônio divino do espírito, renova as inquietações e angústias de cada século, no sentido de aclarar o caminho das experiências humanas. Passam as raças e as gerações, as línguas e os povos, os países e as fronteiras, as ciências e as religiões.
Um sopro divino faz movimentar todas as coisas nesse torvelinho maravilhoso.
Estabelece-se, então, a ordem equilibrando todos os fenômenos e movimentos do edifício planetário, vitalizando os laços eternos que reúnem a sua grande família.
Vê-se, então, o fio inquebrantável que sustenta os séculos das experiências terrestres, reunindo-as, harmoniosamente, umas às outras, a fim de que constituam o tesouro imortal da alma humana em sua gloriosa ascensão para o Infinito.
As raças são substituídas pelas almas e as gerações constituem fases do seu aprendizado e aproveitamento; as línguas são formas de expressão, caminhando para a expressão única da fraternidade e do amor, e os povos são os membros dispersos de uma grande família
balhando para o estabelecimento definitivo de sua comunidade universal.
Seus filhos mais eminentes, no plano dos valores espirituais, são agraciados pela Justiça Suprema, que legisla no Alto para todos os mundos do Universo, e podem visitar as outras pátrias siderais, regressando ao orbe, no esforço abençoado de missões regeneradoras
dentro das igrejas e das academias terrenas.
Na tela mágica dos nossos estudos, destacam-se esses missionários que o mundo muitas vezes crucificou na incompreensão das almas vulgares, mas, em tudo e sobre todos, irradia-se a luz desse fio de espiritualidade que diviniza a matéria, encadeando o trabalho das
civilizações, e, mais acima, ofuscando o "écran" das nossas observações e dos nossos estudos, vemos a fonte de extraordinária luz, de onde parte o primeiro ponto geométrico desse fio de vida e de harmonia, que equilibra e satura toda a Terra numa apoteose de movimento e divinas claridades.
Nossos pobres olhos não podem divisar particularidades nesse deslumbramento, mas sabemos que o fio da luz e da vida está nas suas mãos. É Ele quem sustenta todos os elementos ativos e passivos da existência planetária. No seu coração augusto e misericordioso está o Verbo do princípio. Um sopro de sua vontade pode renovar todas as
coisas, e um gesto seu pode transformar a fisionomia de todos os horizontes terrestres.
Passaram as gerações de todos os tempos, com as suas inquietações e angústias. As guerras ensanguentaram o roteiro dos povos nas suas peregrinações incessantes para o conhecimento superior.
Caíram os tronos dos reis e esfacelaram-se coroas milenárias. Os príncipes do mundo voltaram ao teatro de sua vaidade orgulhosa, no indumento humilde dos escravos, e, em vão, os ditadores conclamaram, e conclamam ainda, os povos da Terra para o morticínio e para a destruição. O determinismo do amor e do bem é a lei de todo o Universo e a
alma humana emerge de todas as catástrofes em busca de uma vida melhor.
Só Jesus não passou, na caminhada dolorosa das raças, objetivando a dilaceração de todas as fronteiras para o amplexo universal.
Ele é a Luz do Principio e nas suas mãos misericordiosas repousam os destinos do mundo. Seu coração magnânimo é a fonte da vida para toda a Humanidade terrestre. Sua mensagem de amor, no Evangelho, é a eterna palavra da ressurreição e da justiça, da fraternidade e da misericórdia.
Todas as coisas humanas passaram, todas as coisas humanas se modificarão. Ele, porém, é a Luz de todas as vidas terrestres, inacessível ao tempo e à destruição.
Enquanto falamos da missão do século XX, contemplando os ditadores da atualidade, que se arvoram em verdugos das multidões, cumpre-nos voltar os olhos súplices para a infinita misericórdia do Senhor, implorando-lhe paz e amor para todos os corações.
Mensagem tirada do livro: ’Caminhos da Luz” Chico Xavier. Pelo Espírito:

“Emmanuel”

“A CURA DO ESPÍRITO”

No livro Fonte Viva, ditado pelo espírito de Emmanuel, na psicografia de Francisco Xavier, o autor do livro, comentando sobre as enfermidades físicas e espirituais, diz o seguinte: "O comprimido ajuda, a injeção melhora, mas os verdadeiros males partem do coração", numa alusão cabal e completa, que na realidade, quem adoece é o espírito, e o corpo físico, é apenas um instrumento de excreção das mazelas que incomodam o espírito.
Só mesmo quando o ser consciente se recolhe na sua estrutura íntima, pode perceber a existência do seu mundo interior, que em síntese, é quem comanda o seu cosmo físico e mental; sendo na realidade, a verdadeira fonte de sua subsistência, e por isso foi que Jesus afirmou com absoluta certeza: "Nem só de pão vive o homem".
Essa existência interior do ser humano é a da consciência imortal, que apresenta níveis que transcendem a interpretação humana, e corresponde à vida da alma, que depois de muitas experiências no campo da carne e do espírito, deixou-se atrair pelo núcleo mais profundo da sua realidade íntima. Podemos então dizer que uma vida interiorizada não é uma vida mental-intelectual alimentada por percepções externas, mas na realidade voltada para o seu interior, onde se encontram "os tesouros” que, segundo Jesus, “não podem ser roubados". É interessante observar que, assim como o corpo físico, necessita de alimentos físicos o espírito imortal: esse viajor incansável da eternidade necessita de alimento espiritual. O alimento físico do corpo é o arroz, o feijão, a carne e outros nutrientes já conhecidos pelo homem, mas o alimento do espírito ainda passa despercebido dos seres humanos, preocupados em excesso com as coisas materiais.
O espírito necessita de silêncio, prece, recolhimento, leitura espiritual, música suave, meditação, concentração, e, principalmente do Culto no Lar; para que ele se sinta fortificado na sua estrutura eletromagnética, e assim, fornecer as energias que vão estabelecer o equilíbrio do corpo material. Sabemos perfeitamente que a harmonia da existência nos planos materiais está muito longe das energias dos planos sutis e rarefeitos do Universo, mas transformações importantes estão ocorrendo nesse período de transição do nosso Planeta. Mas a transformação maior terá que ser realizada pelo próprio homem, modificando seus hábitos, tendências e pendores; se afastando do ódio, do rancor, do ressentimento, da raiva, do ciúme, da maldade, da crueldade, da falsidade, da prepotência, do autoritarismo, do orgulho, do egoísmo, da mentira, que são corrosivos e não permitem que tenhamos uma saúde perfeita e real. O processo de cura real não pode ser encarado teoricamente, de uma forma exclusivamente externa, e sim passar a vivê-la na sua pureza, com uma permanente atitude de responsabilidade diante de Deus, da vida e dos homens, mantendo uma convivência pacífica com os semelhantes, não invadindo fronteiras alheias, afastando-se dos crimes, escândalos e falcatruas, candidatando-se com o tempo, a um processo de cura espiritual e física, ainda desconhecido do homem terreno.
Em uma de suas Cartas aos Gentios, o Apóstolo Paulo, um dos maiores seguidores do Cristo de todos os tempos, faz uma advertência rigorosa para a humanidade: "Desperta tu que dormes, e o Cristo te iluminará", numa alusão clara e insofismável que, se não acordarmos para a vida interior, ou seja, a vida do espírito, dificilmente alcançaremos a nossa liberdade espiritual, e em consequência, a nossa cura verdadeira. Podemos afirmar ainda com absoluta certeza que, parte das nossas dores, sofrimentos, decepções e desilusões, assim como enfermidades físicas e espirituais, são sombras; sombras que utilizamos para envolver nossos companheiros de jornada em épocas passadas, e que agora voltam contra nós, a fim de através do trabalho e de disposições voltadas para o bem, possamos transformá-las em raios de luz. O homem é na realidade o que ele pensa, o que ele sente e o que ele exercita nos movimentos que empreende no relacionamento com os outros, e quando ele consegue se harmonizar com os seus semelhantes, afastando a ideia errônea de vencer os outros para vencer a si mesmo, certamente está no caminho certo para curar todos os males, quer provenham do corpo físico, ou do espírito imortal, esse nômade do espaço, esse andarilho do infinito.
Djalma Santos
Fonte: Correio Espirita

 www.correioespirita.org.br/

“VAMPIRISMO- A IMPORTÂNCIA DA DOUTRINAÇÃO”

O resultado desses trabalhos mediúnicos, quase sempre dolorosos, é o despertamento de homens e espíritos desencarnados para a necessidade e o valor de uma compreensão espiritual da vida.
A doutrinação de uma entidade perturbadora contagia muitas outras, as despertando para o sentimento de amor e dignidade humana.
Muitas pessoas entendem que o problema do vampirismo pertence aos Espíritos, não competindo aos homens cuidar desses casos. São criaturas comodistas, que só desejam participar de reuniões mediúnicas agradáveis, em que somente se manifestam Espíritos elevados.
Esquecem-se de que vivemos num mundo inferior, onde o mal predomina, como vemos ainda agora, com as atrocidades espantosas deste século de transição. Se voltassem os olhos para o passado, veriam que a História da Humanidade é suficiente para justificar todas as formas de obsessão e vampirismo que campeiam no planeta, desde as nações mais bárbaras às mais civilizadas.
Deus, que nos considera como filhos amados que amadurecem na carne para florirem no espírito, na integridade do ser, dando frutos de luz para os que sofrem nas trevas da ignorância, do crime e da ignomínia, espera de nós um pouco de boa-vontade em favor de nossos irmãos sofredores da população da Terra.
As sessões espíritas de desobsessão podem cansar e aborrecer os que só pensam em si mesmos, alegando dificuldades como as do vampirismo e do animismo, para justificarem sua preferência pelas sessões de elevada instrução espiritual.
Essa é ainda uma prova do nosso egoísmo, da nossa inferioridade e falta de compreensão da realidade terrena. Não temos o direito de suspirar por sessões angélicas, pois estamos muito distantes dos planos da Angelitude, característicos dos planos superiores, dos mundos felizes.
Temos ainda muito trabalho a enfrentar neste pequeno planeta que alvitamos ao invés de elevá-lo. E só pelo trabalho e a abnegação poderemos um dia merecer a nossa transferência para os mundos em que a Humanidade é realmente humana.
Basta olharmos de relance o noticiário dos jornais para vermos o que se passa em nosso mundo. Seremos tão tardos de raciocínio para não entendermos que somos os responsáveis por todas as calamidades que assolam o planeta?
O vampirismo nasceu e vive das nossas entranhas e das nossas mãos. No gigantesco processo da evolução dos milhões de seres que passaram pela Terra e ainda continuam passando, ao nosso lado, o papel que exercemos foi sempre o de vampiros. Os Espíritos que não mancharam suas mãos no crime de Caim há muito que deixaram o nosso mundo de provas e expiações.
Edição de trechos do livro “Vampirismo”, de José Herculano Pires

Fonte: Espirita na Net
https://www.espiritismo.net/

𝗖𝗢𝗠𝗢 𝗢𝗦 𝗥𝗘𝗟𝗔𝗖𝗜𝗢𝗡𝗔𝗠𝗘𝗡𝗧𝗢𝗦 𝗙𝗜𝗖𝗔𝗠 𝗔𝗧𝗥𝗘𝗟𝗔𝗗𝗢𝗦 𝗡𝗔𝗦 𝗥𝗘𝗘𝗡𝗖𝗔𝗥𝗡𝗔𝗖̧𝗢̃𝗘𝗦.

Os ajustes dos relacionamentos problemáticos de outras existências. Pelas reencarnações os espíritos têm a oportunidade de reestabelecer os ...