Sabemos que, nós somos espíritos, e
levamos para o além túmulo a nossa indisciplina e maldade, assim como levamos
também todas as experiências boas adquiridas. Nosso planeta ainda é muito
inferior, por isso a predominância dos espíritos inferiores é maior. Esses
espíritos, deste e do outro mundo, constituem a falange denominada no Evangelho
pelo nome de SATANÁS, DIABO ou DEMÔNIO.
São os adversários, os inimigos da
Justiça, do Bem, da Verdade. Mas não podemos nos esquecer que, são filhos de
Deus, consequentemente, nossos irmãos. Deus, que é eternamente justo e bom, não
pode ter criado seres predispostos ao mal por sua própria natureza e condenados
pela Eternidade. Se Deus, que é bom, não é capaz de perdoar, como espera que
exercitemos o perdão ensinado por Jesus? Acreditar na pena eterna, seria negar
Sua bondade.
E, como poderia existir um maligno
lutando de igual para igual com a Divindade e cuja única preocupação seria de
contrariar Seus desígnios? Será que não podemos confiar nos “anjos”, já que
estes seres perfeitos correm os riscos de rebelarem-se? Os Espíritos não
retrocedem na evolução, portanto, quando alcançam a perfeição não se rebelam,
porque não abrigam mais sentimentos de orgulho ou revolta.
Se acreditássemos nisso teríamos que
acreditar que Deus errou na Sua criação, consequentemente, que Ele não é
perfeito. Seria um absurdo acharmos isso.
Anjo e Demônio, segundo a Bíblia, é
uma maneira simbólica de dizer que o Bem e o Mal lutam constantemente dentro de
nós. Entretanto, podemos designar por anjos os Espíritos puros que já
alcançaram a perfeição. Neles o Bem já venceu o Mal; por demônios, os Espíritos
atrasados, imperfeitos, que ainda cedem às tentações do mal.
O “DIABO”, nada mais é que espírito
(ou espíritos), que viveu entre nós, e que continua realizando o que realizava,
quando estava encarnado, utilizando-se de pessoas que pensam e agem como eles
agiam. Estes espíritos não vão senão onde acham com o que satisfazerem a sua
perversidade; para afastá-los, não basta pedir-lhes nem mesmo ordenar, é
preciso despojar de nós o que os atrai.
Os maus espíritos farejam as chagas
da alma, como as moscas farejam as chagas do corpo; do mesmo modo que limpamos
o corpo para evitar a bicheira, limpemos também a alma de suas impurezas para
evitar o ataque dos maus espíritos. Jesus quando expulsava o “demônio”
aconselhava dizendo: “Vá, e não peques mais”; ou seja, “vá e não erre mais”,
para não atrair novamente estes “demônios”.
Em outra passagem (João, 6:70), Jesus
profetizou dizendo: “Vocês não são os doze que escolhi? Apesar disso, um de
vocês é um diabo”. Jesus se referia à Judas. E este, como sabemos, não tinha
capa vermelha, chifres e tridente. O homem, por necessitar de imagens e figuras
para impressionar sua imaginação, pintou os seres incorpóreos com formas
materiais dotadas de atributos que lembram as suas qualidades ou seus defeitos.
Os anjos são representados numa
figura radiosa, com asas brancas, símbolo da pureza, e Satanás com chifres,
garras e os atributos da bestialidade, símbolo das baixas paixões. Mas o Mestre
apenas quis dizer que um dos discípulos iria cometer um ato diabólico. No
conceito do Mestre o diabo não indicava um gigante de perversidade, poderoso e
eterno.
Designa o próprio homem, quando
algemado às imoralidades do sentimento inferior. Daí concluímos que cada
criatura humana apresenta certa percentagem de expressão diabólica na parte da
personalidade. A Doutrina Espírita explica também que, existem sim as zonas
sombrias, terríveis e dolorosas, mas como vimos, o diabo partilhou dos serviços
apostólicos, ou seja, foi um apóstolo do Cristo.
Assim como Jesus, nós também nos
deparamos diariamente com muitos diabos encarnados em nosso dia-a-dia. São os
que nos sugerem beber, fumar, usar drogas, abortar, roubar, lesar o próximo; os
que enganam inocentes para satisfazer seus desejos sexuais desequilibrados; os
que cometem crimes hediondos como torturar e matar uma criança, um animal, um
idoso, um doente, etc.; sem nos esquecermos daqueles que matam indiretamente,
como os que desviam o dinheiro público para enriquecer enquanto milhares de
pessoas morrem na miséria ou nas portas dos hospitais; os que retiram vidas em
desabamentos e acidentes ao construírem casas, prédios, escolas, pontes,
estradas, etc. com material inferior; os que se vingam covardemente; os
traficantes, que são vendedores de sonho que, cedo ou tarde, vira pesadelo ao
usuário, aos familiares e á sociedade que é roubada, assaltada, assassinada
para sustentar o vício destes sonhadores; os que compram produtos roubados são
incentivadores de crimes; os “Judas” da atualidade ou Falsos Cristos, que
enriquecem vendendo Jesus, ou seja, seus ensinamentos, por bem mais que 30
moedas, iludindo miseráveis, ignorantes e sofredores.
Estes são alguns, dos muitos atos
diabólicos. Mas lembremos que, a condição de “DIABO” é transitória, passageira,
porque Deus nos criou para a perfeição e lá chegaremos quer queiramos ou não,
porque essa é a Sua vontade. O demônio de hoje será o anjo de amanhã, quando a
vida lhe impuser penosas experiências de reajuste, através da reencarnação,
reconduzindo-o aos roteiros do Bem. Então, podemos dizer que O DIABO NÃO
EXISTE, não da maneira alegórica que muitos imaginam. O que existe são
Espíritos, encarnados e desencarnados, com comportamento diabólico.
GRUPO DE ESTUDOS ALLAN KARDEC |
Rudymara
Fonte: Chico de Minas Xavier