A Terra, como o homem, é um organismo
vivo e não uma máquina que se resume em combinações físico-químicas. Deste modo
podemos compará-los. Ambos constituídos de corpo (matéria) e alma (mente), com
inúmeros sistemas energéticos que se entrelaçam; dentre estes está o campo
áurico ou psicosfera. O mentor espiritual André Luiz1 nos esclarece que toda a
humanidade é envolta em emanações de natureza psíquica. Lovelock2 - cientista
da NASA - percebeu que a composição da atmosfera terrestre se dá a partir da
troca de energia e matéria entre os seres vivos e o meio ambiente.
Continuando esta comparação, o corpo
humano, constituído por trilhões de células, recebe o comando da usina central
(mente do espírito). A Terra, também como organismo vivo, da mesma forma sofre
em seu sistema energético a ação de uma das fontes de energia - que é formada
pelo conjunto das usinas emissoras de energia mental dos encarnados e
desencarnados - as criaturas do Universo. Cárter2 - astrofísico - diz que o
Universo é uma entidade viva que gera seres conscientes, capazes de reflexão e
que de alguma forma criou a sua própria consciência.
Como não deixamos de pensar um
segundo sequer, noite e dia o cérebro tem uma contínua emissão de energia para
o meio ambiente e quando exteriorizada já não mais nos pertence: pertence ao
cosmos. Como todos os seres emitem essa energia, podemos imaginar a formação de
um oceano de imagens mentais de padrões diferentes, no qual estamos todos
inseridos.
Esses campos mentais, transmitidos
como ondas radiantes pelo cérebro, têm frequência elevada, e não são absorvidas
pelo meio ambiente, como acontece com os outros tipos de ondas; para elas não
existem obstáculos.
Como vimos, a má qualidade dos nossos
pensamentos provoca um desequilíbrio energético vibracional que pode nos
proporcionar um estado de doença, afetando-nos em um ou mais órgãos
específicos, aqueles com maior sensibilidade ante esta desarmonia das
vibrações. Em analogia, a Terra recebendo avalanches de ondas mentais negativas
também adoece e responde repassando esta desarmonia à sua constituição física.
E' a somatização da Terra.
Muitos mentores espirituais afirmam
que de todos os tipos de poluição, que afetam a Terra, o mais grave é poluição
mental ou espiritual da atmosfera terrestre, pela qual todos nós somos
responsáveis e uma vez poluída responderá por essa condição.
Como diagnosticamos a somatização
No homem, o diagnóstico de doença
psicossomática ou somatização é feita através de todos os procedimentos que a
ciência médica proporciona.
Na Terra, o diagnóstico é feito pelo
exame objetivo e realista dos fatos que estamos assistindo na atualidade.
Embora o mundo rico em estímulos e recursos materiais e tecnológicos,
constatamos o homem infantilizado espiritualmente, em parte como consequência
da intensa constrição psíquica causada pela poluição da aura terrestre, pela má
qualidade das formas-pensamentos que recebe.
Essa pobreza espiritual do homem se
resume na ilusão do materialismo, com todas as suas nuanças, induzindo-o a
crítica não fundamentada, na falta de extravasar seus pensamentos e sentimentos
adequadamente, no mau uso do seu livre-arbítrio e das suas funções psíquicas;
enfim, do afastamento do Criador.
Desta maneira, o ser humano fica
rodando num circuito fechado: maus pensamentos (ação) - constrição psíquica
pela aura terrestre poluída (reação) - maus pensamentos (nova ação) e assim por
diante; sustentando a poluição da psicosfera terrestre e do psiquismo humano.
Embora o mundo rico em estímulos e
recursos materiais e tecnológicos, constatamos o homem infantilizado
espiritualmente, em parte como consequência da intensa constrição psíquica
causada pela poluição da aura terrestre, pela má qualidade das
formas-pensamentos que recebe.
Podemos considerar como diagnósticos
de somatização da Terra: os terremotos, os tsunamis, erupções vulcânicas, as
secas, as cheias, os conflitos religiosos, as guerras, o ódio entre raças, o
negativismo humano, os preconceitos de toda ordem, as discriminações, a
violência, a pobreza, e muitas outras causas que provocam imensas catástrofes.
Irmão José, através de Carlos A.
Baccelli3, reporta: "o homem carece transferir os cuidados que vem tendo
com o seu corpo para a Terra, entendendo que ela se trata de um organismo vivo,
suscetível, podendo adoecer e se esgotar em suas energias vitais";
continua: "ninguém acredite que terremotos e tempestades, vulcões em
erupção, e mesmo epidemias, acontecem absolutamente à revelia do pensamento
humano. A imunidade física é precedida da imunidade espiritual".
Emmanuel, na psicografia de Chico
Xavier4, também esclarece que "o mal libera elementos perturbadores em
ondas invisíveis - como potências atuantes - que agem sob a nossa
responsabilidade, em plano próximo ou remoto de acordo com as nossas intenções
mais secretas".
Joanna de Angelis, através de Divaldo
P. Franco5, enfatiza que "a poluição mental que a Terra está sendo
vitimada ocorre pelo entrechoque de vibrações, ondas e mentes em desalinho e
que essa psicosfera destrutiva é fator primacial para outras que são visíveis e
assustadoras".
Tratamento das somatizações
A Terra foi criada como a morada de
todos os seres, tendo o homem como o principal deles, um ser inteligente e
racional, portador da consciência e do livre-arbítrio, mas com a
responsabilidade de ser um exímio colaborador, um zelador rigoroso em todos os
sentidos: colaborar com a natureza física e espiritual do planeta.
A receita para o tratamento da
somatização humana deve consistir em uma mudança no padrão do pensamento,
através do autoconhecimento, que proporcionará a devida tomada de consciência e
prática.
Leis de Deus, da correção das suas
imperfeições e principalmente da prática do amor. Em outras palavras,
necessitamos urgente de uma revolução na consciência humana, que no ponto de
vista de muitos estudiosos e pesquisadores como Dahlke6, a tem como muito lenta
e para que ocorra uma aceleração só se processará a partir de um ponto de
desequilíbrio (tippingpoint). Reconhece ainda que as catástrofes podem ser os
fatores de choque a provocarem um novo padrão de consciência e, com isto, uma
elevação do tônus vibratório do planeta.
Interessante observarmos o que Grof
diz sobre a crise global: "a crise é basicamente psico-espiritual, de
difícil resolução sem uma radical transformação interna da humanidade, em larga
escala, e sua elevação a um nível mais alto de maturidade emocional e
consciência espiritual".
Aprendemos com a dor ou com o amor
porque a caminhada não pode ser interrompida. Na somatização, tanto no homem
como na Terra, existem o sofrimento e a dor. Leon Denis8 ensina: "a ação
da dor não é menos eficaz para as coletividades do que é para os
indivíduos".
Com a renovação consciencial da
humanidade, a Terra inevitavelmente estará recebendo o tratamento adequado para
as suas somatizações. Com ela os homens construirão agora não mais um circuito
fechado e negativo, mas uma escalada: pensamentos positivos (ação) - aura
terrestre positiva (reação) - menor constrição psíquica no homem - pensamentos
mais positivos - mais saúde - melhor conscientização de si e do mundo - maior
liberdade espiritual, numa ascendente vertiginosa.
A transição da Terra, que tanto
ouvimos falar, nada mais é que a preparação da consciência de forma intensa e
consistente de uma nova humanidade, onde os seres do planeta viverão uma nova
etapa - uma etapa de luz.
1. XAVIER, F.C. Missionários da Luz.
Pelo Espírito André Luiz. Rio de Janeiro: FEB, 2004, p. 64.
2. MOREIRA, D. A grande transição da
Ter¬ra. São Paulo: Lúmen, 2012, p.293 e 299.
3. BACCELLI, CA. Carma e Evolução.
Pelo Espírito Irmão José. MG: LEEPP, 208, p.42.
4. XAVIER, F.C. Vinha de Luz. Pelo
Espírito Emmanuel. RJ: FEB, p.217-218.
5. FRANCO D.P. Após a Tempestade.
Salvador: Livraria Alvorada, 2005, p. 23 e 24.
6. DAHLKE,R. Qual é a doença do
mundo? - Os mitos modernos ameaçam o nosso futuro. São Paulo: Cultrix, 2004,
p.247.
7. GROF, C E; GROF, S. A tempestuosa
busca do ser - um guia para o crescimento pessoal através da crise de
transformação. SP: Cultrix, 1998, p.86.
8. DENIS, L. O problema do ser, do
destino e da dor. 25a ed. Brasília: FEB, p.378.
O autor é médico psiquiatra e exerce
atividades espíritas em Sorocaba-SP.José Luiz Condotta \ jlcondotta@splicenet.com.br
Fonte: A Casa do Espíritismo