O casal se
preparou para ter aquele filho durante os longos meses da gestação. Era o
primeiro filho e os jovens desejavam que tudo desse certo.
Juntos
participaram de todas as aulas de treinamento para o parto e de cuidados com o
bebê. Prepararam o enxoval e esperaram.
Mas, o
trabalho de parto foi difícil, e, depois de algumas horas, os obstetras
ofereceram a opção da cesariana. A jovem gestante, contudo, estava apavorada e
não aceitou.
Algumas
horas mais e outro médico foi chamado. Apesar do cansaço, da dor e dos apelos
do marido, a esposa ainda não aceitou a cirurgia.
Desesperado,
o rapaz telefonou para a sogra, que morava em outra cidade e pediu a ela que
falasse com a filha. Enquanto o telefonema se desenrolava, ele foi até a sala
de espera para falar com seu pai.
O pai de
Michael era um homem da terra, habituado à lavoura. Estava ali sentado,
aguardando a chegada do filho do seu filho.
Pensativo,
ouviu o que o filho lhe explicava. Por fim, disse algumas palavras e abraçou o
rapaz, que relaxou um pouco.
Retornando
para a sala de parto, Michael soube que a esposa concordara com a cirurgia.
Enquanto a
sala de cirurgia foi sendo preparada, a futura mãezinha ficou deitada, exausta,
os olhos cheios de lágrimas, aguardando.
Então, antes
de ser levada à sala cirúrgica, recobrou o ânimo e fez um vigoroso esforço. A
criança nasceu. Era um menino.
O fato
surpreendeu aos médicos que estavam assistindo a parturiente, que passaram a
declinar várias hipóteses para o fato. Mas o esposo disse que aquilo tudo tinha
a ver com seu pai.
E explicou.
Quando contou ao velho pai o que estava acontecendo, na sala de parto, ele
comentou que o medo dos pais estava perturbando o pequenino ser. Ele também
ficou com medo.
Assim, o
avô, ali mesmo na sala de espera, começou a falar mentalmente com o netinho.
Falou das
suas lembranças. Falou da beleza da terra, do nascer do sol, do entardecer, da
nova colheita e da riqueza das safras.
Disse ao
neto que aguardava ansioso pelo momento em que eles pudessem caminhar juntos
sobre a terra.
Falou da
bondade da vida, da amizade, do riso e do trabalho bem feito.
Finalmente,
falou do seu amor pela família. Lembrou-se do seu próprio pai, no México, da
esposa, ambos já no mundo espiritual.
Falou com o
bebê sobre cada um dos irmãos de Michael, os seus tios, do orgulho que deles
sentia, das mulheres com que eles se casaram.
Lembrou
natais de felicidade, aniversários em família, casamentos. Contou da alegria
que sentiam pela felicidade uns dos outros.
Falou e
falou.
Ofereceu ao
bebê o seu coração. E o bebê nasceu.
Nascer é tão
delicado quanto morrer. Quem chega, precisa de carinho, atenção, a fim de se
sentir protegido.
Se você vive
o momento da gestação, pai ou mãe, converse com o filho por nascer.
Mostre-lhe
imagens mentais da bondade do mundo. Compartilhe com ele seu amor pela vida.
Diga o
quanto o ama e espera. Fale da beleza das flores, dos sons musicais que enchem
os ouvidos e sensibilizam a alma.
Descreva a
poesia das noites estreladas e da lua, de cara redonda e prateada.
Acene com os
dias futuros em que o levará a passear nas águas cantantes do riacho, onde
poderá mergulhar os pés miúdos.
Conte-lhe
sobre o valor da vida. Afirme, por fim, que o ama de forma incondicional.
Redação do
Momento Espírita, com base no cap.
Encontrando
o caminho, do livro As bênçãos do
meu avô, de
Rachel Naomi Remen, ed. Sextante.
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