Dependendo da gravidade dos atos
praticados e da condição espiritual de cada um, os Espíritos endividados sofrem
após a morte pelos erros cometidos na existência terrestre e, após estágios em
regiões de sofrimento no Mundo dos Espíritos, retornam à Terra para completar a
expiação das mesmas faltas cometidas.
Quer dizer: sofrem lá e cá pelos
mesmos motivos.
Daí não ser totalmente errado o
ditado popular: “aqui se faz, aqui se paga”.
Mas já não seriam suficientes, para
sua recuperação, as dores e sofrimentos no plano espiritual, após o desencarne?
O Mestre Kardec escreveu sobre isso
na Revista Espírita:
Vejamos:
Pergunta (ao guia do médium). Por que
a expiação e o arrependimento na vida espiritual não bastam para a
reabilitação, sem que sejam necessários a eles acrescentar os sofrimentos
corporais?
Resposta. Sofrer num mundo ou num
outro, é sempre sofrer, e sofre-se tão longo tempo quanto a reabilitação não
seja completa. Esta criança sofreu muito sobre a Terra; pois bem! isso não foi
nada em comparação com o que ela sofreu no mundo dos Espíritos. Aqui tinha, em
compensação, os cuidados e a afeição dos quais estava cercado. Há ainda esta
diferença entre o sofrimento corporal e o sofrimento espiritual, que o primeiro
é quase sempre voluntariamente aceito como complemento de expiação, ou como
prova para avançar mais rapidamente, ao passo que o outro é imposto.
Mas há outros motivos para o
sofrimento corporal: primeiro, é para que a reparação tenha lugar nas mesmas
condições em que o mal foi feito; depois, para servir de exemplo aos
encarnados. Vendo seus semelhantes sofrerem e disto sabendo a razão, são bem de
outro modo impressionados do que saber que são infelizes como Espíritos; podem
explicar melhor a causa de seus próprios sofrimentos; a justiça divina se
mostra, de alguma sorte, palpável aos seus olhos. Enfim, o sofrimento corporal
é uma ocasião, para os encarnados, de exercerem, entre eles, a caridade, uma
prova para seus sentimentos de comiseração, e, frequentemente, um meio de
reparar os erros anteriores; porque, crede-o bem, quando um infortunado se
encontra sobre vosso caminho, não é o efeito do acaso. Para os pais do jovem
François era uma grande prova ter um filho nessa triste posição; pois bem! eles
cumpriram dignamente seu mandato, e disso serão tanto mais recompensados quanto
agiram espontaneamente, pelo próprio impulso de seu coração. Se os Espíritos
não sofressem na encarnação, é que não haveria senão Espíritos perfeitos sobre
a Terra.
Dessa explicação oferecida pelo
Mentor, podemos concluir:
Sofrimento após a morte:
– O sofrimento após o desencarne
ocorre por conta dos erros cometidos em vida. Trata-se de uma consequência (Lei
de Causa e Efeito) e uma forma de reabilitação do Espírito endividado por meio
do corretivo da dor;
– Esse sofrimento após o desencarne
favorece seu despertar, levando-o à percepção dos equívocos praticados. O
Espírito toma conhecimento dos crimes que praticou e de suas consequências;
– Com o tempo, despertando sua
consciência, arrepende-se. A partir desse ponto estará mais preparado para a
reabilitação;
O sofrimento continua numa nova
reencarnação para:
– Beneficiar o Espírito, retirando-o
de zonas de sofrimento no Astral e situando-o entre pessoas que possam ajudá-lo
a se recuperar;
– Situar o Espírito devedor junto
àqueles a quem prejudicou (já reencarnados), possibilitando, por meio da
convivência, a reconciliação com seus adversários;
– Oferecer, aos encarnados que o
assistem, uma oportunidade de exercerem a caridade ao receberem com amor o
Espírito devedor, muitas vezes, no seio da própria família.
KARDEC RIO PRETO | Fernando Rossit
Referência: Revista Espírita, Allan
Kardec, maio de 1867, “O Jovem Francois”
Fonte: Chico de Minas Xavier
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