O momento da morte representa um
impacto emocional muito forte para a maioria dos seres humanos. Isto se aplica
tanto aos próprios desencarnantes como aos seus entes queridos. Como ninguém
sabe ao certo quando será sua morte, ou, em outras palavras, por quanto durará
o resto da sua própria existência física e a dos seus amigos e familiares, a
morte quase sempre representa uma surpresa e um grande choque emotivo.
Sendo assim, a preparação para o
enfrentamento da complexa transição desencarnatória consiste em uma tarefa
espiritual relevante, urgente e contínua. De fato, a preparação para a morte,
bem como a auto estruturação para a vida requer um processo de “educação
continuada” para o Espírito que almeja passar bem por estes dois estágios da
vida imortal.
COMO AGE AS EQUIPES DE RESGATE NOS
VELÓRIOS?
Entretanto, grande número de
criaturas desencarna diariamente na Crosta terrestre sem uma preparação prévia
mínima para enfrentar esta difícil transição. O mesmo vale para a maioria dos
amigos e familiares do desencarnante que muitas vezes não está preparada para
encarar adequadamente este tipo de ocorrência, a começar pelo comportamento de
disciplina espiritual requisitada no chamado “velório”.
O velório consiste em um período de
mais ou menos 24 horas em que os indivíduos próximos “velariam” a alma
desencarnante, em etapa preparatória para a fase decisiva e terminal do
processo em questão, que seria a inumação definitiva dos despojos carnais. O
velório funcionaria também como um momento de despedida e de assimilação
emocional do choque por parte dos entes queridos.
Além disso, o velório ainda apresenta
uma relevância pragmática e significativa, que obviamente tinha uma maior
importância nos séculos passados, que consiste em evitar que o indivíduo seja
enterrado vivo. Antigamente, os critérios para certificação da morte, bem como
a assistência médica, eram de qualidade precária. Isto ocorria em muitos
rincões distantes das grandes cidades e em situações caóticas como a guerra,
onde as certidões de óbito não eram proporcionadas ou eram emitidas de forma
irresponsável. Assim, o intervalo de tempo respeitado desde a pressuposta morte
até o enterro seria de vital importância para que muitas pessoas não fossem
inumadas vivas. De fato, há muitos casos documentados no Brasil e no exterior
de indivíduos que “acordaram” durante o seu próprio velório, em função de estados
de letargia ou catalepsia associados à negligência e/ou imperícia dos
responsáveis pela identificação e caracterização do óbito.
Do ponto de vista espiritual, a
tradição de nossa sociedade de respeitar um período de vigília entre o óbito
propriamente considerado e o enterro é totalmente justificada. As preces e o
amor dos amigos ajudariam muito o desencarnante nessa viagem, muitas vezes
perturbadora, para o mundo espiritual. Até porque as preces e as vibrações
ambientes podem gerar, quando realmente elevadas, barreiras magnéticas que
impeçam a presença de Espíritos sofredores e/ou vampirizadores que possam vir a
prejudicar o desenlace de nosso irmão.
Respondendo sobre cremação, Emmanuel
recomendou que se respeitasse um mínimo de 72 horas antes de se efetuar tal
procedimento, pois isso evitaria sofrimentos desnecessários para o Espírito
desencarnante, uma vez que tal período seria, a priori, suficiente para o total
desligamento dos últimos liames que manteriam o perispírito conectado ao corpo
físico. Tal informação denota que a desvinculação do perispírito não seria algo
trivial e, ademais, demonstra que o processo crematório pode gerar repercussões
em relação ao perispírito do Espírito que ainda não se libertou totalmente das
impressões do corpo. De qualquer maneira, a recomendação do Benfeitor
Espiritual demonstra como é importante nossa atuação efetiva do ponto de vista
espiritual durante o velório.
Considerando esse contexto relevante
e complexo de natureza espiritual, seria interessante frisar alguns
comportamentos interessantes para todos aqueles que se dirigirem a um velório:
1) Somente permanecer presente no
velório enquanto puder manter uma postura de vigilância;
2) Orar com sinceridade em favor do
desencarnante e de sua família, compreendendo que mais cedo ou mais tarde
chegará a nossa hora e que, então, constataremos o gigantesco valor da prece a
nós dirigida em situações como a desencarnação;
3) Esforçar-se para não lembrar
episódios infelizes envolvendo o desencarnante, compreendendo que todo
pensamento tem elevada repercussão espiritual;
4) Estar sempre disponível para o
chamado “atendimento fraterno” com os irmãos presentes, mas não esquecer que o
velório não é uma situação adequada a debates de natureza filosófico-religiosa;
5) Respeitar a religião de todos os
presentes e os cultos correspondentes a essas crenças, buscando contribuir
efetivamente para a psicosfera de solidariedade do ambiente mesmo que em
silêncio;
6) Não perder o foco do objetivo
maior da presença no velório que é o auxílio espiritual ao desencarnante e aos
familiares assim como aos Espíritos desencarnados que estejam no local
necessitando de auxílio fluídico através da oração para contribuir no
desligamento do desencarnante;
7) Estar disponível, na medida do
possível, para contribuir espiritual e/ou materialmente com os irmãos
presentes, sobretudo aqueles que estiverem sob maior impacto pela morte do
irmão;
8) Se convidado a enunciar prece ou
algumas palavras de homenagem ao desencarnante, tomar o cuidado de manter
sempre a brevidade, a objetividade e o otimismo, evitando quaisquer imagens
negativas que possam ser sugeridas por nossas palavras em relação aos irmãos
presentes, sejam eles encarnados ou desencarnados;
9) Aproveitar a ocasião para refletir
sobre a impermanência de todas as situações materiais da vida física,
fortalecendo o nosso desejo de amar e servir durante o tempo que ainda nos
resta no corpo físico.
10) Guardar a certeza de que o
Espiritismo é “O Consolador” prometido por nosso Mestre Jesus e que a mensagem
da Imortalidade da Alma desvelada por Jesus e por Kardec é a base de todas as
nossas buscas de amor e fraternidade, bem como nosso refúgio em momentos
dolorosos como a morte, sendo antes de tudo uma mensagem de alegria e otimismo,
verdadeiramente a nossa “Boa Nova”.
O CONSOLADOR | Leonardo Marmo Moreira
Fonte: Chico de Minas Xavier
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