O Espiritismo tem as respostas para
essas e outras questões envolvendo nossa saúde, e que dizem respeito à maneira
que escolhemos para viver nossa existência terrena.
Todos nós já nos questionamos, em
algum momento de nossas vidas, o porquê de um determinado sofrimento, de uma
dor ou mesmo, de uma doença. Por que precisamos do sofrimento? Não haveria uma
outra forma menos dolorosa de aprendizado de vida?
Igualmente intrigante é a relação
existente entre o sofrimento e o carma. Esse é um termo bastante utilizado
pelas pessoas e, quase na mesma proporção, mal compreendido. O Espiritismo tem
respostas para todas essas questões.
Alguns autores dedicaram alguns
capítulos de seus livros para o esclarecimento dessas dúvidas. São questões
complexas, mas que podem ser assimiladas com uma certa facilidade.
Os autores que nos auxiliam nesse
entendimento são a mentora espiritual Joanna de Ângelis, que no livro
Plenitude, psicografado por Divaldo Pereira Franco, nos apresenta a visão que a
Doutrina Espírita tem do sofrimento, incluindo o sofrimento cármico e os
aspectos provacionais e expiatórios.
O outro autor, Dr. Roberto Brólio,
médico formado em 1951 pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo,
é um profissional que atua na área de saúde e se envolve em pesquisa e estudo
profundo dos ensinamentos espíritas.
Inicialmente, de acordo com a mentora
espiritual, a Doutrina Espírita nos diz que “o homem é a síntese das suas próprias
experiências, autor do seu destino, que ele elabora mediante os impositivos do
determinismo e do livre-arbítrio”.
Ela acrescenta que a vida são os
acontecimentos de cada instante a se encadearem incessantemente. Uma ação
provoca uma reação correspondente, geradora de novas ações, e assim
sucessivamente.
O indivíduo é o resultado de suas
atividades anteriores. No caso de ter praticado atos prejudiciais a si mesmo ou
a outras pessoas, de ter tido uma experiência danosa, os efeitos nem sempre
irão se apresentar imediatamente. Muitas vezes eles se manifestarão após uma ou
algumas reencarnações.
Cedo ou tarde, os resultados surgirão
em busca de reparação. Para as experiências construtivas, do bem, acontece o
mesmo. Elas irão se refletir no comportamento do indivíduo, posteriormente.
Até aqui como pudemos apreender, são
as ações que determinam as reações, ou o retorno. Essa é uma verdade, uma lei
natural que governa as relações espirituais, mas que no campo da física é
conhecida como Lei de Ação e Reação ou, terceira Lei de Newton. A Lei de Ação e
Reação declara que “toda força impulsionada numa dada direção, origina outra
força de igual intensidade, mas de sentido contrário”.
Ao pensar e agir, o ser humano está
liberando forças. O pensamento é uma forma de energia, um fluxo energético que
flui da alma através do cérebro. Se a orientação dada pela alma aos pensamentos
e atitudes forem positivas, teremos um retorno positivo; se forem negativas, o
efeito ou retorno será compatível com a força gerada, de igual intensidade.
Retomando as explicações de Joanna de
Ângelis, temos os dois aspectos que podem se apresentar como sofrimentos
humanos de natureza cármica: a provação e a expiação. Os dois aspectos têm como
objetivos educar e reeducar visando o crescimento íntimo das criaturas, na
busca da plenitude.
A “provação é a experiência
requerida” ou proposta pelos guias espirituais. Isso ocorre antes do
renascimento, da reencarnação. O guias espirituais examinam as fichas de
evolução, avaliam as probabilidades de vitória e os recursos ao alcance do
espírito que irá reencarnar.
Os recursos são apresentados como
tendências, aptidões, limites e possibilidades, dores suportáveis e alegrias
que possibilitem um resultado educativo. A mentora Joanna de Ângelis mostra a
diferença entre essa experiência de vida, que se manifesta de maneira suave,
porém educativa, e as expiações que são impostas, irrecusáveis.
As “expiações constituem a medicação
eficaz”, a cirurgia corretiva para o mal que se agravou. Esse recurso se aplica
à criatura reincidente que, já tendo passado pela etapa educativa da provação,
agravou sua situação por rebeldia ou por alucinação proposital.
Estão incluídos nesse caso os
suicidas premeditados, os homicidas frios, adúlteros contumazes, os exploradores
de vida, vendedores de prazeres viciosos tais como as drogas alucinógenas, o
sexo, o álcool, os jogos de azar, a chantagem, e muitos artigos da crueldade
humana catalogados nos estatutos divinos.
As expiações podem ser atenuadas,
porém não sanadas. Enquanto as provações são uma forma de sofrimento reparador
que promove; com a experiência expiatória ocorre apenas uma restauração do
equilíbrio perdido.
Toda aprendizagem propõe esforço para
ser assimilada, e toda ascensão exige persistência, força e valor moral. Cada
ser vive com a consciência que estrutura. Os códigos impressos em profundidade
na consciência recolhem as ressonâncias como experiências reparadoras ou
aqueles que propiciam a libertação.
Sobre a “Lei do Carma e as doenças
cármicas”, temos a abordagem apresentada pelo Dr. Roberto Brólio, no livro
Doenças da Alma (FE Editora). Segundo ele, a Lei do Carma pode ser entendida
como decorrente da Lei e Causa e Efeito, do retorno ou reciprocidade.
Ele nos diz que toda ação praticada
tem o seu retorno equivalente e em sentido contrário. Quando uma pessoa não tem
disciplina mental para controlar os seus atos, cometendo falhas durante sua
existência, como conseqüência terá de enfrentar o retorno, nesta ou em vida
futura.
A palavra “carma vem do sânscrito”,
antigo idioma hindu consagrado aos cultos nos templos iniciáticos, e significa
causa e efeito ao mesmo tempo. O carma não tem a finalidade de punir, mas de
harmonizar espiritualmente o ser humano, com a “Lei da Evolução”, libertando-se
da estagnação causada pelas faltas cometidas.
Todas as faltas cometidas pela pessoa
ficam registradas no perispírito, e se manifestarão como problema de retorno –
doenças ou perturbações cármicas.
Todos os pensamentos, emoções,
sentimentos e atos praticados pela pessoa durante sua existência atual geram
carmas específicos. Esses somam-se ao carma que traz de vidas passadas, e seus
efeitos expressam o saldo favorável ou desfavorável na vida presente.
A “Lei do Carma” coordena, ajusta e
realiza, no nível perispiritual, registrando tantos as ações favoráveis como as
desfavoráveis, afirma o médico. As doenças cármicas podem ser o resultado de
algum dano causado pela própria pessoa ao seu organismo.
São muitas as maneiras que o ser
humano encontra para prejudicar o próprio organismo: o uso de drogas, bebidas
alcoólicas, cigarro, uso sem controle de medicamentos psicotrópicos, utilizados
no tratamento de distúrbios mentais; conduta agressiva, uso de violência,
maldade, exploração dos semelhantes em suas diferentes modalidades, hábito de
se entregar a pensamentos negativos; ódio, raiva, ciúme, inveja, tristeza,
maledicência, melancolia, insatisfação; desvio da sexualidade, estados de vida
pautados na ociosidade, corrupção, leviandade; irresponsabilidade no desempenho
de posições administrativas ou sociais, prejudicando os semelhantes e
constituindo um mau exemplo para a sociedade.
Todas essas ações causam danos à alma
e também certos comportamentos aparentemente inofensivos como, por exemplo, o
não aproveitamento das oportunidades proporcionadas durante a existência
terrena, gerando má colheita no futuro. O esforço para ser útil a si mesmo e ao
próximo devem ser compatíveis com as condições de saúde e com a realização de
alguma modalidade de trabalho.
Com relação às manifestações das
doenças cármicas, o Dr. Brólio nos diz que, respeitadas as leis da
hereditariedade, o Espírito atua no ser humano como modelo organizador
biológico, desde a formação da célula-ovo, transmitindo para o corpo físico as
impressões registradas no perispírito.
Portanto, é o próprio espírito que
projeta no organismo em formação as impregnações cármicas, assumindo a
responsabilidade por seus atos. Também é ele que atua sobre as células,
realizando modificações a partir de ações que trazem a cura das doenças.
As malformações e males congênitos,
bem como predisposição para um grande número de doenças e transtornos que
ocorrem durante a vida, estão inclusas como impressões que foram arquivadas no
perispírito. As doenças cármicas podem acometer as pessoas em todas as idades.
As perturbações que se enquadram como
doenças cármicas são: algumas limitações orgânicas e psíquicas, certas formas
de paralisia, patologias congênitas sem possibilidades de reequilíbrio, certos
casos de esquizofrenia, algumas modalidades de câncer, de doenças
degenerativas, a tendência para os vícios, para a agressividade, alguns casos
de acidentes individuais ou coletivos, certas neuroses, síndromes do medo, de
angústias, de ansiedade incontida, de insônia, de depressão, de pânico.
Ainda como manifestações cármicas,
revela-nos o Dr. Brólio, enquadram-se certas injúrias, desigualdades sociais e
econômicas, as dificuldades para realizações pessoais no estudo, nas artes e em
alguns empreendimentos da vida. Assegura o médico que o carma indica o caminho
para a libertação, para seu progresso espiritual. A própria consciência das
criaturas conhece as causas do seu sofrimento cármico.
Em muitos casos, o comportamento das
pessoas é semelhante à de almas penadas que sofrem em silêncio, embora existam
aquelas que lastimam o tempo todo, sem achar qualquer alívio para suas
angústias e dores.
A dor, o sofrimento e as dificuldades
têm um significado: a busca de reaproximação com o Pai. A aceitação é um passo
muito importante, e também o entendimento de sua transitoriedade. Ao serem
sanados os problemas, as portas para uma nova vida se abrirão. As doenças e
transtornos cármicos não podem, de forma alguma, ser vistos como uma
condenação. Com a correção dos eventos do passado, o ser humano restaura o
equilíbrio espiritual perante as leis do universo.
Para compreendermos melhor como as
doenças e transtornos se desenvolvem, o Dr. Brólio esclarece, primeiramente
precisamos compreender que o ser humano é formado de “corpo e alma”. O corpo
tem uma estrutura energética, e evolui por meio do processo das reencarnações.
A constituição orgânica do corpo físico é visível, palpável, ponderável,
mensurável, podendo ser examinado minuciosamente até o interior das células.
A alma e sua estrutura energética, de
natureza divina, apresenta a mesma forma e dimensão do corpo humano. Está
ligada ao corpo humano. Está ligada ao corpo físico através do perispírito ou
corpo espiritual. O perispírito interpenetra toda a estrutura orgânica,
chegando até as células. Após esse raciocínio, o Dr. Brólio apresenta as
doenças da alma e seu desenvolvimento.
Ele afirma que as doenças da alma têm
um agente mórbido, o pensamento impregnado de emoções negativas. Esse agente
chega até o interior das células, através do perispírito. Como já foi dito, a
alma projeta sobre o corpo físico as vibrações boas ou más, arquivadas no
perispírito, de acordo com a Lei de Reciprocidade ou Causa e Efeito.
Os pensamentos impregnados de emoções
negativas podem atuar de diferentes maneiras, prejudicando os seres humanos.
Quando movidos pelas emoções de ódio, inveja, ciúme, violência, crueldade,
causam males às pessoas que as recebem e, de igual modo, a quem emitiu a
emoção.
Como “os pensamentos são dotados de
ideoplasticidade”, formam uma “névoa que envolve o campo mental” das pessoas
que os emitem e das pessoas que os recebem. A constância dos pensamentos
negativos atua causando um verdadeiro desequilíbrio à estrutura psíquica,
muitas vezes possibilitando um comportamento estranho, anormal, desajustado.
Alguns desses comportamentos
apresentam reações que inicialmente se manifestam por diferentes formas de
insatisfação do ego, como a ansiedade, insegurança, angústia, frustração,
aflição, raiva. Posteriormente, são atraídos pela fascinação aos vícios,
distúrbio da sexualidade, volúpia, comportamentos anti-sociais como o roubo, o
estupro e o sequestro, entre outros.
Existem formas atenuantes dessa
modalidade de comportamento, assevera o Dr. Brólio; são aquelas em que as
pessoas se comprazem em passar horas em bares, tomando bebidas alcoólicas,
fumando, ocupando-se em conversas ou em entretenimentos fúteis, em jogos de
baralhos e outros, perdendo precioso tempo em comentários sobre os seus
semelhantes ou sobre fatos desagradáveis.
Há também outras formas de
insatisfação do ego presentes nas pessoas que, inconscientemente, apelam para
reações negativas que trazem um certo prazer ou satisfação íntima.
Essa modalidade de comportamento
apresenta-se como masoquismo, e as pessoas que sofrem de algum tipo de
masoquismo frequentemente vivem procurando doenças para justificar seus
problemas. Queixam-se de sintomas de males orgânicos ou psíquicos e também de
doenças imaginárias.
Todas as modalidades de ações
causadoras de distúrbios, levantadas pelo Dr. Roberto Brólio, merecem ser
destacadas. Ficamos, porém, com uma importante ponderação para finalizar o
assunto. Ele ressalta que são muitas as modalidades de ações causadoras de
distúrbios, mas muitos casos passam despercebidos ou não recebem a devida
importância por parte dos profissionais de saúde.
Dr. Roberto Brólio – Médico-
Fonte: Mensagem Espirita